Lula garante que Brasil não fará “loucuras” na exploração de 13 bilhões de barris de petróleo na foz do Amazonas, apesar das críticas de ambientalistas. A Petrobras enfrenta um impasse com o Ibama, enquanto o futuro da região rica em hidrocarbonetos permanece incerto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou que o Brasil não tomará medidas imprudentes na exploração de petróleo na Margem Equatorial, área que inclui a foz do Rio Amazonas e é alvo de grandes ambições da Petrobras.
Em uma entrevista concedida nesta terça-feira (23) a correspondentes internacionais em Brasília, Lula destacou a importância do petróleo para financiar a transição energética do país, ao mesmo tempo em que garantiu que qualquer ação será precedida de uma rigorosa avaliação ambiental.
“Imagina se o Brasil sai de lá e deixa barato. Quando você chegar, tem alguém lá explorando. E a Guiana e o Suriname estão explorando numa situação muito similar à nossa. Então, nós não vamos fazer nenhuma loucura, nada será feito sem autorização ambiental,” declarou o presidente.
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Essa afirmação vem em resposta às críticas de ambientalistas que veem uma contradição nas ações do governo, que ao mesmo tempo em que promove a transição energética, também busca aumentar as reservas de hidrocarbonetos do país.
“O Brasil precisa do dinheiro do petróleo para financiar a transição energética,” enfatizou Lula, ressaltando a importância dos recursos financeiros que podem ser gerados com a exploração. Segundo Lula, a proximidade geográfica de outros países exploradores, como a Guiana Francesa e o Suriname, intensifica a necessidade do Brasil de não abandonar a região.
“A Petrobras tem dado demonstrações históricas de que é muito difícil acontecer um incidente,” destacou o presidente, reforçando a confiabilidade da empresa em operações offshore.
Entenda a polêmica envolvendo a “mina” de petróleo
Assim como vem publicando o portal CPG, a foz do Amazonas, vista por muitos como um verdadeiro tesouro com 13 bilhões de barris de petróleo, está no centro de uma acirrada disputa entre interesses econômicos e preocupações ambientais.
A Petrobras, uma das principais interessadas na exploração, enfrenta desafios significativos para obter permissão para perfurar poços a cerca de 500 quilômetros da foz.
“Estudos de correntes marítimas sugerem que, em caso de vazamento, o óleo não alcançaria a foz, minimizando riscos ambientais,” disse durante um podcast Sérgio Sacani, geofísico e youtuber. Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resiste a autorizar as perfurações devido aos riscos ecológicos.
Uma das principais preocupações é a presença de um recife de corais descoberto em 2016 por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este recife, que se estende da Guiana Francesa até o Maranhão, possui características únicas que o tornam especialmente vulnerável.
“Qualquer atividade poderia ameaçar esse ecossistema sensível,” alertam os pesquisadores da universidade, tornando a exploração de petróleo na região ainda mais controversa.
Impactos econômicos e sociais
Por outro lado, os defensores da exploração apontam que a descoberta de petróleo poderia transformar economicamente o estado do Amapá, que receberia royalties significativos. “O Amapá, um estado com baixo desenvolvimento, poderia experimentar um grande avanço econômico,” destaca Sérgio Sacani.
No entanto, a chegada de infraestrutura e mão de obra necessária para a exploração poderia causar impactos ambientais e sociais, como desmatamento e pressão sobre os recursos locais.
Futuro incerto
Por conta de todos esses imbróglios, atualmente, a Petrobras continua suas simulações e estudos para garantir que a perfuração seja segura e viável. Todavia, a decisão final dependerá de uma análise equilibrada dos impactos ambientais, sociais e econômicos. “É crucial que a sociedade e os tomadores de decisão se informem e participem ativamente do debate, para que a melhor decisão seja tomada para o futuro do país,” conclui Sérgio Sacani.
E você, leitor, o que acha? A exploração de petróleo na foz do Amazonas deve ser autorizada? Deixe sua opinião nos comentários!