Novo plano da Vale quer incluir o ferro entre minerais estratégicos do Brasil. Mineradora pressiona governo Lula para reconhecer o minério de ferro como essencial à transição energética e garantir incentivos públicos.
O novo plano da Vale busca mudar a forma como o Brasil classifica os minerais estratégicos. A companhia, que em 2024 obteve R$ 170 bilhões de receita líquida com o ferro, defende que o produto seja considerado crítico quando tiver alto teor de pureza. A proposta já está em discussão com o governo Lula, que prepara um pacote de incentivos para impulsionar a produção de materiais voltados à economia verde.
Hoje, a lista oficial privilegia minerais como lítio, nióbio, grafite e cobre, fundamentais para baterias, carros elétricos e energias renováveis. A Vale, no entanto, argumenta que o ferro de alta qualidade também deve ser enquadrado como estratégico, já que é usado em torres eólicas, linhas de transmissão e pode reduzir emissões na siderurgia.
Por que o ferro está no centro da estratégia da Vale
Segundo a mineradora, o ferro com pureza acima de 63% pode ser transformado em briquete e Hot Briquetted Iron (HBI), que permitem reduzir drasticamente as emissões de CO₂ na produção do aço. Esse setor responde por cerca de 8% da poluição global, e tecnologias de baixo carbono são vistas como cruciais na transição energética.
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A empresa já firmou acordos internacionais, como o memorando com a espanhola Hydnum Steel, que prevê a construção de uma planta de briquetes a partir de 2026. Para a Vale, incluir o ferro no pacote de minerais críticos é vital para garantir acesso a linhas de financiamento do BNDES e emissão de debêntures incentivadas.
O que diz o governo sobre o plano
De acordo com interlocutores do Executivo, o plano do governo tem como foco materiais cuja produção nacional ainda é limitada ou altamente dependente de importações. No caso do ferro, a cadeia já é consolidada: em 2024, o Brasil produziu 327 milhões de toneladas, sendo este o terceiro produto mais exportado do país, atrás apenas de petróleo e soja.
Ainda assim, o Ministério de Minas e Energia já classificou o minério de ferro como essencial para o superávit comercial em resolução de 2021. A dúvida é se o governo aceitará ampliar os benefícios de um plano voltado a minerais críticos para um setor que já domina o mercado global.
O ferro pode competir com o lítio e outros minerais críticos?
Especialistas ouvidos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lembram que, no cenário global, o ferro dificilmente é visto como mineral crítico, justamente por sua abundância e cadeia produtiva consolidada. Diferente do lítio, que precisa multiplicar sua produção em 40 vezes nos próximos 20 anos, ou do grafite, cuja extração deve aumentar 25 vezes para atender à demanda de baterias, o ferro não enfrenta gargalos de oferta.
No entanto, a Vale aposta no argumento da sustentabilidade: ao desenvolver tecnologias que diminuem a emissão de gases no aço, o Brasil poderia ganhar protagonismo mundial na siderurgia verde, aproveitando a abundância de minério de alta qualidade.
Impactos geopolíticos e econômicos da proposta
Se o pleito for aceito, o novo plano da Vale pode garantir incentivos bilionários para projetos de descarbonização ligados ao ferro. Isso mudaria o eixo do debate, ampliando a lista de minerais críticos além da alta tecnologia, para incluir também produtos que sustentam cadeias industriais globais tradicionais.
Por outro lado, críticos temem que incluir o ferro desvie recursos de setores emergentes, como lítio e cobre, que exigem mais investimentos para alcançar competitividade internacional. O governo terá que equilibrar pressões empresariais com a necessidade de posicionar o Brasil na corrida por minerais estratégicos do futuro.
O novo plano da Vale abre uma discussão central: deve o Brasil priorizar apenas minerais raros e de alta tecnologia ou também fortalecer sua maior riqueza já consolidada, o ferro?
E você, o que acha? O ferro de alta pureza deve ser reconhecido como mineral estratégico para a transição energética ou o governo deve manter o foco em lítio, grafite e outros insumos do futuro? Deixe sua opinião nos comentários.