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Novo plano da Vale busca incluir ferro entre minerais críticos, mesmo após receita de R$ 170 bilhões apenas em 2024

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 23/08/2025 às 22:03
Novo plano da Vale coloca ferro no centro da transição energética, mas especialistas alertam que abundância dificulta classificar como crítico
Novo plano da Vale coloca ferro no centro da transição energética, mas especialistas alertam que abundância dificulta classificar como crítico
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Novo plano da Vale quer incluir o ferro entre minerais estratégicos do Brasil. Mineradora pressiona governo Lula para reconhecer o minério de ferro como essencial à transição energética e garantir incentivos públicos.

O novo plano da Vale busca mudar a forma como o Brasil classifica os minerais estratégicos. A companhia, que em 2024 obteve R$ 170 bilhões de receita líquida com o ferro, defende que o produto seja considerado crítico quando tiver alto teor de pureza. A proposta já está em discussão com o governo Lula, que prepara um pacote de incentivos para impulsionar a produção de materiais voltados à economia verde.

Hoje, a lista oficial privilegia minerais como lítio, nióbio, grafite e cobre, fundamentais para baterias, carros elétricos e energias renováveis. A Vale, no entanto, argumenta que o ferro de alta qualidade também deve ser enquadrado como estratégico, já que é usado em torres eólicas, linhas de transmissão e pode reduzir emissões na siderurgia.

Por que o ferro está no centro da estratégia da Vale

Segundo a mineradora, o ferro com pureza acima de 63% pode ser transformado em briquete e Hot Briquetted Iron (HBI), que permitem reduzir drasticamente as emissões de CO₂ na produção do aço. Esse setor responde por cerca de 8% da poluição global, e tecnologias de baixo carbono são vistas como cruciais na transição energética.

A empresa já firmou acordos internacionais, como o memorando com a espanhola Hydnum Steel, que prevê a construção de uma planta de briquetes a partir de 2026. Para a Vale, incluir o ferro no pacote de minerais críticos é vital para garantir acesso a linhas de financiamento do BNDES e emissão de debêntures incentivadas.

O que diz o governo sobre o plano

De acordo com interlocutores do Executivo, o plano do governo tem como foco materiais cuja produção nacional ainda é limitada ou altamente dependente de importações. No caso do ferro, a cadeia já é consolidada: em 2024, o Brasil produziu 327 milhões de toneladas, sendo este o terceiro produto mais exportado do país, atrás apenas de petróleo e soja.

Ainda assim, o Ministério de Minas e Energia já classificou o minério de ferro como essencial para o superávit comercial em resolução de 2021. A dúvida é se o governo aceitará ampliar os benefícios de um plano voltado a minerais críticos para um setor que já domina o mercado global.

O ferro pode competir com o lítio e outros minerais críticos?

Especialistas ouvidos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lembram que, no cenário global, o ferro dificilmente é visto como mineral crítico, justamente por sua abundância e cadeia produtiva consolidada. Diferente do lítio, que precisa multiplicar sua produção em 40 vezes nos próximos 20 anos, ou do grafite, cuja extração deve aumentar 25 vezes para atender à demanda de baterias, o ferro não enfrenta gargalos de oferta.

No entanto, a Vale aposta no argumento da sustentabilidade: ao desenvolver tecnologias que diminuem a emissão de gases no aço, o Brasil poderia ganhar protagonismo mundial na siderurgia verde, aproveitando a abundância de minério de alta qualidade.

Impactos geopolíticos e econômicos da proposta

Se o pleito for aceito, o novo plano da Vale pode garantir incentivos bilionários para projetos de descarbonização ligados ao ferro. Isso mudaria o eixo do debate, ampliando a lista de minerais críticos além da alta tecnologia, para incluir também produtos que sustentam cadeias industriais globais tradicionais.

Por outro lado, críticos temem que incluir o ferro desvie recursos de setores emergentes, como lítio e cobre, que exigem mais investimentos para alcançar competitividade internacional. O governo terá que equilibrar pressões empresariais com a necessidade de posicionar o Brasil na corrida por minerais estratégicos do futuro.

O novo plano da Vale abre uma discussão central: deve o Brasil priorizar apenas minerais raros e de alta tecnologia ou também fortalecer sua maior riqueza já consolidada, o ferro?

E você, o que acha? O ferro de alta pureza deve ser reconhecido como mineral estratégico para a transição energética ou o governo deve manter o foco em lítio, grafite e outros insumos do futuro? Deixe sua opinião nos comentários.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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