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Novo míssil da Rússia R-77M pode mudar o rumo da guerra aérea na Ucrânia

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 29/07/2025 às 20:05
Rússia
Foto: Reprodução
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A Rússia pode ter começado a usar uma nova arma aérea na guerra da Ucrânia. Evidências visuais e destroços encontrados no território ucraniano indicam que o míssil ar-ar R-77M está sendo empregado em combate, representando um desafio inédito para os aviadores ucranianos.

A Rússia parece ter introduzido um novo míssil ar-ar em sua campanha militar na Ucrânia. Imagens divulgadas recentemente mostram o uso do R-77M, uma versão aprimorada do R-77, também conhecido como AA-12 Adder pela OTAN.

Essa nova arma representa um avanço importante em relação ao modelo anterior e aumenta a dificuldade para a Força Aérea da Ucrânia lidar com ameaças aéreas.

Uma das imagens mostra um caça Su-35S da Força Aeroespacial Russa armado com dois R-77M. Os mísseis estão posicionados sob os dutos de admissão do motor.

Na mesma aeronave, há também dois R-77-1 instalados sob as asas, além de um míssil da série R-73/74 guiado por infravermelho e pods de contramedidas eletrônicas.

Diferenças visuais e técnicas

O mais importante é que o R-77M possui diferenças visuais claras em relação ao modelo anterior.

Suas barbatanas traseiras cruciformes têm corte reto, ao contrário das superfícies de treliça usadas nos R-77 mais antigos. Além disso, as superfícies de controle no corpo do míssil são mais curtas.

Mas não é apenas o visual que mudou. O R-77M traz um novo motor de foguete com pulso duplo e um buscador de radar aprimorado.

O novo motor garante empuxo constante, permitindo manobras melhores e alcance estendido.

Isso significa que a chamada “zona de não escape” é ampliada, tornando o míssil mais perigoso para seus alvos.

Uso em combate e destroços recuperados

Apesar de a foto do Su-35S não ter data nem localização precisas, há outro indício mais direto do uso do R-77M: uma imagem que mostra os destroços de um míssil na Ucrânia.

A peça recuperada tem barbatanas compatíveis com as do R-77M, o que sugere que o míssil foi realmente disparado em combate.

Se confirmado, isso significaria que a Rússia já colocou o novo modelo em operação, conferindo vantagem tecnológica contra os ucranianos.

Histórico do programa R-77

O R-77 original começou a ser desenvolvido ainda nos anos 1980. A intenção era criar um equivalente ao AIM-120 AMRAAM americano.

No entanto, a versão inicial só entrou em serviço na década de 1990, após o fim da União Soviética. Por causa da crise econômica, a produção foi limitada e focada em exportações.

A Rússia só passou a receber o R-77 em maior número já na versão R-77-1, que chegou a tempo de ser usada na Síria, em 2015. Essa versão trouxe melhorias modestas, mantendo as aletas de treliça.

Avanços com o R-77M

O desenvolvimento do R-77M, chamado inicialmente de K-77M, buscou mudanças mais profundas.

O míssil ganhou superfícies de controle convencionais, motor de pulso duplo e um buscador de radar ainda mais avançado.

Essas alterações permitiram seu uso interno em caças como o Su-57, além de reduzir a assinatura de radar.

Relatos não confirmados apontam que o alcance do R-77M pode ser o dobro do R-77, chegando a cerca de 100 milhas.

O desempenho real, porém, depende de muitos fatores, como altitude, velocidade e manobras do alvo e da aeronave de lançamento.

A fabricante Vympel afirma que o R-77M supera o AIM-120C-7 americano e está no mesmo nível do AIM-120D. Embora os dados oficiais do míssil americano sejam sigilosos, acredita-se que ele alcance entre 120 e 160 quilômetros.

Capacidade contra ameaças diversas

Outro ponto citado pela Vympel é que o R-77M pode atingir mísseis antiaéreos, inclusive aqueles que se aproximam pela retaguarda.

Essas alegações, no entanto, ainda não foram confirmadas de forma independente e devem ser vistas com cautela.

Em 2020, surgiram imagens do R-77M sendo carregado por um Su-57. Também apareceram registros do Izdeliye 180-PD, uma versão do míssil com propulsão ramjet, projetado para oferecer alcance ainda maior.

Segundo informações, o Izdeliye 180-PD foi desenvolvido como um projeto privado da Vympel. Mas não está claro se o governo russo realmente adotou essa versão para uso militar.

Impacto na guerra e comparação com rivais

Mesmo sem o 180-PD, o uso do R-77M já representa um avanço considerável sobre o R-77-1. A nova arma pode alcançar alvos em distâncias superiores às cobertas pelos mísseis ucranianos, como o AIM-120C.

O piloto ucraniano Andrii “Juice” Pilshchykov, morto em 2023, chegou a comentar sobre o impacto do R-37M, outro míssil russo de longo alcance. Segundo ele, essas armas dificultam as missões aéreas e aumentam o risco para os pilotos.

Nesse cenário, a introdução do R-77M só torna a situação mais complexa para os ucranianos.

Concorrência com China e EUA

Apesar dos avanços, especialistas apontam que a Rússia ainda está atrás da China. O país asiático já usa o míssil PL-15, que ganhou destaque em confrontos recentes na Ásia.

Além disso, há indícios de que novas armas chinesas já estão em serviço.

Nos Estados Unidos, programas como o AIM-174B e o AIM-260 mostram que o país também está focado em desenvolver mísseis com maior alcance e novas capacidades.

O AIM-260, por exemplo, foi projetado para substituir o AMRAAM com um desempenho superior, mas mantendo o mesmo tamanho.

Embora enfrente limitações econômicas e industriais, a Rússia segue trabalhando em mísseis que buscam superar seus equivalentes ocidentais.

A possível entrada em operação do R-77M reforça essa estratégia e representa um novo desafio para a aviação ucraniana — e talvez para outras forças aéreas no futuro.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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