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Novo dispositivo elétrico reduz o consumo em caminhões a Diesel com instalação rápida e sem adaptações complexas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 23/07/2025 às 06:23
caminhões
Foto: Reprodução
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Uma empresa desenvolveu uma solução inovadora para o transporte rodoviário: um eixo elétrico auxiliar que se acopla facilmente a caminhões a diesel e ajuda a reduzir o consumo de combustível.

Nos Estados Unidos, o transporte foi responsável por 28% das emissões de gases de efeito estufa em 2022, segundo a EPA. E quase um quarto desse total veio dos veículos pesados, como caminhões a Diesel, superando inclusive os automóveis de passeio.

Isso coloca o transporte rodoviário de cargas como uma frente promissora para combater as mudanças climáticas — por meio da eletrificação.

Obstáculos travam eletrificação dos caminhões

Apesar do potencial, a eletrificação dos caminhões pesados ainda encontra muitos entraves.

Em comparação aos motores a diesel, os veículos elétricos são caros, têm autonomia reduzida e exigem longos tempos de recarga.

Além disso, o setor de transporte rodoviário é composto majoritariamente por pequenas empresas que operam com margens muito apertadas.

Existem carregadores rápidos disponíveis para caminhões, mas são poucos nos Estados Unidos.

E a situação dificilmente vai melhorar sem que os investidores enxerguem uma demanda real.

Assim, mesmo com vantagens como menor custo operacional e dirigibilidade mais suave, o alto investimento inicial continua afastando frotistas da eletrificação.

Como resultado, os veículos elétricos ainda representam apenas uma fração das vendas de caminhões pesados no país.

caminhões a diesel

Aposta da Revoy: um carrinho que empurra caminhões a diesel

A startup californiana Revoy acredita ter encontrado uma forma prática de romper esse impasse.

A empresa desenvolveu um carrinho auxiliar que se encaixa entre o trator e o reboque de qualquer caminhão a diesel padrão e o impulsiona por meio de um eixo elétrico.

O equipamento carrega uma bateria de 575 kWh — comparável à de veículos totalmente elétricos — e proporciona uma autonomia de cerca de 400 km.

Uma versão com maior capacidade está sendo preparada. A grande vantagem é que nem o caminhão nem o reboque precisam ser adaptados.

O carrinho se conecta ao engate tradicional do veículo e acrescenta sensores que captam os sinais das linhas de ar e eletricidade.

Melhora na condução e tecnologia assistiva

Embora pese 11 toneladas, o carrinho da Revoy promete melhorar a experiência de condução.

A única interface com o motorista é um aplicativo de celular. Ainda assim, o equipamento oferece funcionalidades como correção assistida de direção — útil contra ventos laterais —, frenagem regenerativa, reversão automática e detecção de ponto cego.

Este último recurso é exibido diretamente na tela do aplicativo.

A empresa não detalha exatamente como essas funções são gerenciadas, mas o histórico do CEO Ian Rust, com experiência em veículos autônomos, pode ajudar a explicar o nível de automação envolvido no sistema.

Troca de carrinho mais rápida que abastecer

Para facilitar a operação, a Revoy está desenvolvendo estações de troca ao longo de rotas estratégicas.

Nesses pontos, um atendente poderá substituir um carrinho descarregado por outro carregado em cerca de quatro minutos — tempo inferior ao de um reabastecimento com diesel.

Os postos também terão opções de refresco para os motoristas.

Caso o caminhoneiro precise seguir viagem para além da rede da Revoy, ele poderá simplesmente deixar o carrinho na última estação de troca e continuar usando apenas o motor a diesel.

Essa flexibilidade amplia as possibilidades de adesão sem exigir mudanças drásticas na operação.

Testes já começaram em três estados

Em dezembro de 2023, a empresa iniciou um programa piloto com uma operadora de frota, utilizando estações de troca no Texas e em Arkansas.

Um segundo teste está previsto para este ano, junto com a instalação de um terceiro ponto de troca no estado de Washington.

O modelo de negócios da Revoy é simples: a startup aluga o uso do carrinho por milha rodada. Segundo a empresa, esse custo já leva em conta a economia com combustível, e permite que os caminhoneiros operem, no pior dos cenários, em ponto de equilíbrio.

Peso extra é desafio, mas não impeditivo

Um dos poucos pontos negativos é o peso adicional do carrinho, que pode ultrapassar o limite federal de peso bruto de 40 toneladas em rodovias interestaduais.

Porém, a Revoy argumenta que a maioria das cargas é limitada por espaço, e não por peso.

Mais de 60% dos caminhões nas estradas americanas estariam, portanto, dentro da margem para utilizar o carrinho.

Limitações fora dos Estados Unidos

Ainda não está claro se o sistema funcionaria em países como Austrália ou Canadá, onde os caminhões B-Doubles com dois reboques são comuns. A Revoy não comentou sobre essa possibilidade.

Mesmo assim, é possível imaginar a aplicação do modelo em locais como a ligação rodoviária de 4.000 km entre as costas da Austrália, com estações no Outback alimentadas por energia solar.

Se conseguir escalar seu modelo, a Revoy pode transformar a eletrificação do transporte pesado em uma alternativa real — sem exigir caminhões novos ou grandes investimentos dos motoristas.

A solução que parecia distante pode estar se tornando viável, uma milha de cada vez.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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