Uma empresa desenvolveu uma solução inovadora para o transporte rodoviário: um eixo elétrico auxiliar que se acopla facilmente a caminhões a diesel e ajuda a reduzir o consumo de combustível.
Nos Estados Unidos, o transporte foi responsável por 28% das emissões de gases de efeito estufa em 2022, segundo a EPA. E quase um quarto desse total veio dos veículos pesados, como caminhões a Diesel, superando inclusive os automóveis de passeio.
Isso coloca o transporte rodoviário de cargas como uma frente promissora para combater as mudanças climáticas — por meio da eletrificação.
Obstáculos travam eletrificação dos caminhões
Apesar do potencial, a eletrificação dos caminhões pesados ainda encontra muitos entraves.
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Em comparação aos motores a diesel, os veículos elétricos são caros, têm autonomia reduzida e exigem longos tempos de recarga.
Além disso, o setor de transporte rodoviário é composto majoritariamente por pequenas empresas que operam com margens muito apertadas.
Existem carregadores rápidos disponíveis para caminhões, mas são poucos nos Estados Unidos.
E a situação dificilmente vai melhorar sem que os investidores enxerguem uma demanda real.
Assim, mesmo com vantagens como menor custo operacional e dirigibilidade mais suave, o alto investimento inicial continua afastando frotistas da eletrificação.
Como resultado, os veículos elétricos ainda representam apenas uma fração das vendas de caminhões pesados no país.
Aposta da Revoy: um carrinho que empurra caminhões a diesel
A startup californiana Revoy acredita ter encontrado uma forma prática de romper esse impasse.
A empresa desenvolveu um carrinho auxiliar que se encaixa entre o trator e o reboque de qualquer caminhão a diesel padrão e o impulsiona por meio de um eixo elétrico.
O equipamento carrega uma bateria de 575 kWh — comparável à de veículos totalmente elétricos — e proporciona uma autonomia de cerca de 400 km.
Uma versão com maior capacidade está sendo preparada. A grande vantagem é que nem o caminhão nem o reboque precisam ser adaptados.
O carrinho se conecta ao engate tradicional do veículo e acrescenta sensores que captam os sinais das linhas de ar e eletricidade.
Melhora na condução e tecnologia assistiva
Embora pese 11 toneladas, o carrinho da Revoy promete melhorar a experiência de condução.
A única interface com o motorista é um aplicativo de celular. Ainda assim, o equipamento oferece funcionalidades como correção assistida de direção — útil contra ventos laterais —, frenagem regenerativa, reversão automática e detecção de ponto cego.
Este último recurso é exibido diretamente na tela do aplicativo.
A empresa não detalha exatamente como essas funções são gerenciadas, mas o histórico do CEO Ian Rust, com experiência em veículos autônomos, pode ajudar a explicar o nível de automação envolvido no sistema.
Troca de carrinho mais rápida que abastecer
Para facilitar a operação, a Revoy está desenvolvendo estações de troca ao longo de rotas estratégicas.
Nesses pontos, um atendente poderá substituir um carrinho descarregado por outro carregado em cerca de quatro minutos — tempo inferior ao de um reabastecimento com diesel.
Os postos também terão opções de refresco para os motoristas.
Caso o caminhoneiro precise seguir viagem para além da rede da Revoy, ele poderá simplesmente deixar o carrinho na última estação de troca e continuar usando apenas o motor a diesel.
Essa flexibilidade amplia as possibilidades de adesão sem exigir mudanças drásticas na operação.
Testes já começaram em três estados
Em dezembro de 2023, a empresa iniciou um programa piloto com uma operadora de frota, utilizando estações de troca no Texas e em Arkansas.
Um segundo teste está previsto para este ano, junto com a instalação de um terceiro ponto de troca no estado de Washington.
O modelo de negócios da Revoy é simples: a startup aluga o uso do carrinho por milha rodada. Segundo a empresa, esse custo já leva em conta a economia com combustível, e permite que os caminhoneiros operem, no pior dos cenários, em ponto de equilíbrio.
Peso extra é desafio, mas não impeditivo
Um dos poucos pontos negativos é o peso adicional do carrinho, que pode ultrapassar o limite federal de peso bruto de 40 toneladas em rodovias interestaduais.
Porém, a Revoy argumenta que a maioria das cargas é limitada por espaço, e não por peso.
Mais de 60% dos caminhões nas estradas americanas estariam, portanto, dentro da margem para utilizar o carrinho.
Limitações fora dos Estados Unidos
Ainda não está claro se o sistema funcionaria em países como Austrália ou Canadá, onde os caminhões B-Doubles com dois reboques são comuns. A Revoy não comentou sobre essa possibilidade.
Mesmo assim, é possível imaginar a aplicação do modelo em locais como a ligação rodoviária de 4.000 km entre as costas da Austrália, com estações no Outback alimentadas por energia solar.
Se conseguir escalar seu modelo, a Revoy pode transformar a eletrificação do transporte pesado em uma alternativa real — sem exigir caminhões novos ou grandes investimentos dos motoristas.
A solução que parecia distante pode estar se tornando viável, uma milha de cada vez.