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Nova Zelândia: Do atraso econômico aos lucros bilionários com leite — agro eficiente, sustentável e sem subsídios que o Brasil poderia copiar

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/09/2025 às 16:09
Conheça como a Nova Zelândia saiu do atraso econômico e virou potência no agro com leite de alta qualidade, cooperativas fortes e zero subsídios estatais.
Conheça como a Nova Zelândia saiu do atraso econômico e virou potência no agro com leite de alta qualidade, cooperativas fortes e zero subsídios estatais.
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Durante décadas, a Nova Zelândia foi um país pequeno, isolado e dependente de subsídios agrícolas que mantinham sua economia engessada. Tudo mudou nos anos 1980, quando uma reforma radical abriu os mercados, eliminou protecionismos e forçou os produtores a se unirem em cooperativas modernas.

A Nova Zelândia é um pequeno país no Pacífico Sul com pouco mais de 4,5 milhões de habitantes.

Mesmo sem fabricar carros, tornou-se o quarto povo mais motorizado do planeta, superando nações como Itália e Alemanha.

Essa façanha tem origem em um modelo agropecuário altamente eficiente, centrado na produção de leite, que responde por cerca de 3% de todo o leite do mundo.

O país ostenta uma renda per capita de 48 mil dólares e figura entre os 20 melhores Índices de Desenvolvimento Humano do planeta.

Estradas impecáveis, casas sem grades e uma paisagem que mistura montanhas nevadas e pastagens verdes completam o cenário de prosperidade.

Condições naturais ideais

A história começou por volta de 1830, quando os colonizadores britânicos levaram vacas e ovelhas para a ilha.

O clima ameno, com temperaturas entre 10 °C e 20 °C, e a precipitação anual bem distribuída favoreceram o crescimento de gramíneas nutritivas, como as ryegrass.

O relevo suave facilita o pastejo rotacionado com baixo custo, e a condição insular reduz a entrada de pragas, diminuindo a necessidade de medicamentos.

Essa combinação permitiu à Nova Zelândia construir uma pecuária de alta qualidade com custos reduzidos e baixa carga sanitária.

Reformas que mudaram tudo

Apesar do potencial, até os anos 1980 o país estava estagnado, com economia fechada, inchada por subsídios e pouco eficiente.

A virada veio com um governo aplicou reformas radicais: cortou gastos, eliminou subsídios agrícolas e abriu a economia.

As mudanças foram tão profundas que a revista The Economist passou a chamar a Nova Zelândia de “a economia mais desregulamentada do mundo”.

O ambiente de negócios ficou mais livre e competitivo, impulsionando especialmente o setor de laticínios.

O surgimento da Fonterra

Sem apoio estatal, os produtores se organizaram em cooperativas para ganhar escala e investir em tecnologia.

Dessa união nasceu a Fonterra, hoje maior empresa láctea do planeta, responsável por 95% das exportações do setor.

A cooperativa processa 22 bilhões de litros de leite por ano e movimenta mais de 20 bilhões de dólares neozelandeses.

O modelo cooperativo garante que os 10,5 mil produtores sejam sócios, com cotas proporcionais ao volume de leite entregue, compartilhando lucros e riscos.

Além disso, a empresa conseguiu transformar o leite em produtos com muito mais valor agregado, com oleite artesanal, manteiga premium e produtos com valor industrial.

Eficiência e qualidade

O país adotou um sistema sazonal: 95% dos partos ocorrem na primavera, quando as pastagens estão mais nutritivas.

As vacas passam cerca de 280 dias ao ar livre, reduzindo o uso de ração industrial e os custos de produção para apenas 0,25 a 0,35 dólar por litro — menos da metade da média global.

Além disso, as vacas Jersey e Kiwi Cross oferecem alta eficiência de conversão alimentar e maior teor de sólidos lácteos.

Enquanto o Brasil tem média de 6,6% de sólidos, a Nova Zelândia alcança 8,4%, agregando valor ao leite e elevando a competitividade.

Inclusão de jovens e governança

O país também criou o sistema Sharemilking 50/50, no qual jovens entram com vacas e trabalho, e produtores experientes oferecem terra e cotas, dividindo lucros igualmente.

Cerca de 35% dos jovens do setor iniciam por esse modelo, que facilita o acesso à terra e renova o campo.

O poder de voto é proporcional ao volume de leite entregue, com limites para evitar concentração, garantindo participação democrática de todos os cooperados.

Sustentabilidade e inovação

A agricultura responde por 48% das emissões do país, e o governo investe em soluções como o aditivo 3NOP, que reduz o metano sem afetar a produtividade.

Práticas obrigatórias incluem cercamento de nascentes, faixas de proteção e controle de efluentes.

Mais de 350 cientistas trabalham em novos ingredientes lácteos, fórmulas infantis e proteínas especializadas, consolidando a liderança tecnológica do setor.

Leite que vira carros

Em 2023, a Nova Zelândia exportou 12,4 bilhões de dólares em produtos lácteos e importou 5,2 bilhões em veículos de marcas como Toyota, Hyundai e Chery.

Isso mostra o princípio da vantagem comparativa: o país produz o que faz melhor e usa o comércio para obter o restante.

Com isso, mesmo sem fábricas de automóveis, tornou-se uma das populações mais motorizadas do planeta, além de referência mundial em laticínios, sustentabilidade e qualidade de vida.

Artigo feito com algumas informações do canal AUVP AGRO.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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