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Nova tecnologia promete reciclagem de pneus velhos rápido e eficiente — com impacto ambiental e econômico positivo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 02/04/2025 às 12:44
reciclagem de pneus
Foto: Reprodução
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Pneus descartados são um problema ambiental em escala global, mas uma inovação recente pode mudar esse cenário. Cientistas dos Estados Unidos desenvolveram uma tecnologia que “ressuscita” pneus inutilizados, transformando-os em material industrial valioso em somente seis horas.

Todos os anos, milhões de pneus são descartados em todo o mundo, acumulando-se em aterros e causando sérios riscos ambientais. Só nos Estados Unidos, foram 274 milhões de pneus jogados fora em 2021. Por conta disso, muitos pesquisadores estão trabalhando na reciclagem de pneus mais eficientes.

Cerca de 20% desse total acabou em lixões. O problema é grande. Esses resíduos ocupam espaço, poluem o solo e ainda podem pegar fogo sozinhos, liberando gases perigosos.

O desafio é encontrar uma forma segura, barata e eficiente de dar novo uso a esse material tão resistente e difícil de reciclar. Agora, uma equipe de pesquisadores nos Estados Unidos desenvolveu uma alternativa mais limpa e promissora.

Uma ideia nova para um problema antigo

O processo tradicional de reciclagem de pneus, como a pirólise, envolve altas temperaturas. Isso consome muita energia e ainda libera substâncias tóxicas, como benceno e dioxinas, prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

Para mudar esse cenário, cientistas da Universidade da Carolina do Norte, com apoio do Departamento de Energia dos EUA, criaram uma solução diferente. Liderado pelo Dr. Aleksandr Zhukhovitskiy, o grupo desenvolveu um método químico que atua de forma mais seletiva e eficiente.

Essa nova técnica consegue quebrar as cadeias do caucho — o material que compõe a borracha dos pneus — a temperaturas muito mais baixas. E o melhor: sem produzir resíduos perigosos.

Como funciona o novo processo de reciclagem de pneus

O segredo está na chamada “aminação de ligações C–H”, seguida por uma reorganização do polímero. Em termos simples, os cientistas usam uma substância chamada enxofre-diimida para modificar pontos específicos da cadeia do polímero.

Essa modificação permite quebrar a estrutura do caucho, transformando-o em compostos solúveis que contêm aminas. Esses compostos, por sua vez, podem ser usados para fabricar resinas epóxicas.

Testes com um polímero modelo mostraram que o peso molecular foi reduzido drasticamente: de 58.100 g/mol para somente 400 g/mol. Em pneus reais, o tempo de degradação foi de somente seis horas.

No final, o produto obtido tinha qualidade comparável às resinas epóxicas comerciais.

Mais sustentável, menos poluente

Diferente de processos antigos, essa nova técnica não depende de altas temperaturas nem de catalisadores caros. Tudo acontece entre 35 e 50 °C, em meio aquoso.

Isso significa menor gasto de energia, menor emissão de poluentes e menos risco de gerar resíduos tóxicos. Em outras palavras: é mais econômico, mais seguro e mais ecológico.

Outro ponto positivo é que os materiais produzidos com esse método têm valor real para a indústria. As resinas epóxicas são usadas em adesivos, tintas, revestimentos e até em peças para automóveis e aeronaves.

Hoje, essas resinas vêm principalmente do petróleo. Mas, com essa nova técnica, é possível substituir parte da matéria-prima fóssil por borracha reciclada.

Reutilizar pneus para produzir insumos industriais de alto valor é um avanço importante. Isso reduz a dependência de derivados do petróleo e transforma lixo em recurso.

Essa é a base do conceito de economia circular: aproveitar ao máximo os resíduos e diminuir o impacto ambiental. E é exatamente isso que o novo processo propõe.

Avaliação do impacto ambiental

Os pesquisadores também avaliaram o impacto da técnica com uma métrica chamada E-factor, que mede a quantidade de resíduos gerados por unidade de produto.

Embora o valor total ainda seja alto por causa do uso de solventes, o E-factor simples — sem contar os solventes — já é muito mais baixo. Isso mostra que, com alguns ajustes, o processo pode ficar ainda mais sustentável.

Futuro promissor para o reciclagem de pneus

Se for possível ampliar esse método em escala industrial, ele pode mudar completamente o destino dos pneus descartados.

Em vez de ocupar espaço em aterros e liberar poluição, esses resíduos poderiam virar produtos úteis e seguros.

Além disso, o processo:

  • Reduz o uso de derivados do petróleo.
  • Economiza energia.
  • Evita a liberação de substâncias tóxicas.
  • Promove o reaproveitamento de resíduos.

Com todos esses benefícios, a inovação tem potencial para se tornar peça-chave em um novo modelo de reciclagem: mais limpo, mais eficiente e mais responsável com o planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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