Projeto ferroviário de 575 km entre Espírito Santo e Rio de Janeiro avança com leilão previsto até 2026 e promessa de transformar o transporte de grãos, minério e cargas industriais no Sudeste.
O governo federal vai lançar, no segundo semestre de 2025, o edital de concessão do Arco Ferroviário do Sudeste, também conhecido como EF-118.
A nova ferrovia, com 575 quilômetros de extensão, será construída do zero e conectará portos dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
A expectativa é de que o leilão ocorra entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2026.
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Conexão logística no Sudeste com impacto nacional
O traçado da EF-118 prevê a interligação direta entre o Porto de Vitória, o Porto de Ubu, o Porto Central — em fase preparatória no município de Presidente Kennedy (ES) — e o Porto do Açu, localizado em São João da Barra (RJ).
Este último é considerado o maior complexo porto-indústria privado da América Latina.
A obra será iniciada a partir de um aporte financeiro da mineradora Vale, estimado em R$ 2,5 bilhões, como contrapartida pela renovação antecipada, por mais 30 anos, da concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).
A empresa se comprometeu a viabilizar a construção de um trecho inicial de 80 quilômetros entre os municípios capixabas de Cariacica e Anchieta.
De acordo com apuração do jornal Folha de S.Paulo, a proposta atual prevê que a Vale repasse o valor diretamente para a concessionária vencedora do leilão, que ficará responsável por executar as obras.
O objetivo é tornar o certame mais atrativo ao mercado e isentar a mineradora de questões técnicas ligadas à construção ferroviária.
Etapas da obra e expansão prevista
Esse trecho inicial, ao ser concluído, servirá de base para a extensão da linha até São João da Barra (RJ), somando outros 170 quilômetros.
Posteriormente, o projeto prevê uma nova expansão até Nova Iguaçu (RJ), com mais 325 quilômetros, totalizando os 575 km propostos.
Para a etapa entre Anchieta e São João da Barra, o governo estima investimentos de R$ 4,54 bilhões, sendo R$ 3,27 bilhões oriundos de recursos públicos nos primeiros oito anos de concessão.
O contrato terá duração de 50 anos.
Porto do Açu deve ampliar operações com grãos
O Porto do Açu acompanha o desenvolvimento da ferrovia com atenção.
Em operação há apenas uma década, o terminal já recebeu R$ 22 bilhões em investimentos e planeja aplicar outros R$ 22 bilhões nos próximos cinco anos.
A nova malha ferroviária promete reorientar os planos logísticos do complexo, que até agora operava majoritariamente com cargas marítimas e minerodutos.
Embora seja um porto voltado à movimentação de petróleo, gás e minério de ferro, o Açu vem atraindo o agronegócio, sobretudo com a chegada de grãos oriundos de Goiás e Minas Gerais.
Atualmente, cerca de 1 milhão de toneladas de grãos são movimentadas por ano no terminal multicargas do porto.
Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, o presidente do Porto do Açu, Eugenio Figueiredo, afirmou que o local tem demonstrado potencial logístico ao setor agropecuário e está em fase final de decisão sobre a construção de um terminal dedicado exclusivamente ao escoamento de grãos.
O projeto de engenharia já está pronto, e o porto negocia com parceiros potenciais para viabilizar o investimento.
Além disso, há planos futuros para a construção de um berço exclusivo para navios graneleiros.
O Porto do Açu administra uma área de 130 quilômetros quadrados, dos quais 40 km² são reservas ambientais e os 90 km² restantes estão destinados a empreendimentos logísticos e industriais.
Cerca de metade dessa área útil está disponível para novos projetos.
Demanda histórica e integração com outras malhas
Figueiredo também declarou à Folha de S.Paulo que a expectativa pela chegada da ferrovia é antiga.
Segundo ele, o projeto vem sendo articulado há mais de uma década.
Para o executivo, mesmo antes da conclusão das obras, um leilão bem-sucedido já deve ser suficiente para reorientar investimentos e consolidar a posição estratégica do porto no cenário logístico brasileiro.
A integração da EF-118 com outras ferrovias operadas por concessionárias privadas, como a própria EFVM e a malha da MRS Logística — que liga Nova Iguaçu ao Porto de Santos (SP) — amplia a capacidade intermodal da nova linha.
Essa conexão ligará a ferrovia a importantes rotas de exportação de produtos agrícolas, minerais e industriais.
O jornal também apontou que a proposta governamental pretende estimular a concorrência entre os portos do Sudeste, criando alternativas viáveis para o escoamento da produção nacional.
Especialmente do agronegócio, que hoje depende fortemente de rotas rodoviárias e portos sobrecarregados.
A nova ferrovia não apenas amplia o mapa logístico da região, como também fortalece o potencial de investimentos em infraestrutura.
Promove maior eficiência no transporte de cargas e reduz custos operacionais para exportadores.