Em um movimento surpreendente que pode redefinir os rumos do setor energético no Brasil, uma nova empresa de petróleo e gás emerge da fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta.
Mas o que realmente chama a atenção não é apenas a criação de uma nova petroleira nacional, mas sim a decisão audaciosa de não investir em combustíveis renováveis, uma escolha que contraria a tendência global. Por que uma companhia recém-formada tomaria um caminho tão distinto?
De acordo com o presidente da nova petroleira, Décio Oddone, “não está na nossa proposta fazer investimento em energia renovável”. Esta declaração foi feita em uma coletiva de imprensa realizada nesta última sexta-feira (02). A decisão, que ainda aguarda aprovação final pelo conselho de administração previsto para novembro, já aponta para um foco claro: projetos de petróleo e gás de baixo risco.
A primeira reunião do conselho de administração aconteceu na quinta-feira (01), o mesmo dia em que as ações da nova empresa começaram a ser negociadas na B3 sob o símbolo RRRP3, ainda representando a 3R. No entanto, a expectativa é de que o nome da companhia seja alterado em breve.
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A fusão resultou em uma produção combinada de 80 mil barris de petróleo por dia, com um novo campo prestes a entrar em operação. O projeto Atlanta, localizado na Bacia de Campos, espera autorizações para iniciar suas operações, com uma capacidade inicial de 50 mil barris por dia.
Este campo é o primeiro no Brasil a ser totalmente desenvolvido por uma petroleira privada nacional, atualmente produzindo cerca de 20 mil barris diários por meio de um sistema provisório.
A nova empresa nasce da união dos portfólios complementares de 3R e Enauta. A Enauta, fundada nos anos 2000, focava na exploração de novas reservas de petróleo e gás, enquanto a 3R, criada no final da década de 2010, adquiria ativos mais antigos da Petrobras.
Segundo Oddone, essa combinação permite sinergias como o compartilhamento de equipamentos e serviços logísticos para os campos produtores. Oddone destacou que a nova petroleira aproveitará as oportunidades de consolidação no mercado global de petróleo.
Ele citou exemplos de companhias americanas como Chevron e Exxon, que têm investido em ativos não convencionais. No Brasil, o desenvolvimento recente de novas petroleiras focou na compra de ativos da Petrobras, resultando em portfólios concentrados e pouco diversos.
A nova 3R possui participação em quatro campos marítimos de petróleo, três já em produção, além de campos terrestres no Espírito Santo, na Bahia e no Rio Grande do Norte. A infraestrutura inclui escoamento e tratamento de petróleo e gás e uma pequena refinaria adquirida da Petrobras.
Embora ainda não haja detalhes concretos sobre os planos de crescimento, Oddone adianta que a companhia não terá grandes investimentos exploratórios em novas fronteiras, mesmo que a Enauta tenha concessões na margem equatorial e em águas profundas de Sergipe.
Com um caixa robusto de US$ 1,6 bilhão e baixo nível de endividamento, a nova empresa não descarta aquisições futuras caso surjam boas oportunidades de consolidação. O plano estratégico em elaboração definirá políticas de remuneração e de dividendos, mantendo a previsão mínima de distribuição de 25% do lucro líquido.
Os principais acionistas da nova petroleira incluem Gerval Investimentos (8.4%), da família Gerdau, o fundo sul-africano Coronation (5%), e a Maha Energy (5%), além de Bradesco e BNDES. Com esse respaldo, a companhia busca entregar resultados sólidos e focar no crescimento sustentável dentro do setor de petróleo e gás.
E você, o que acha dessa nova estratégia audaciosa de evitar investimentos em energias renováveis? Será que essa decisão irá beneficiar a nova petroleira no longo prazo?