Nobel de Economia aponta risco iminente de colapso financeiro no país devido ao aumento do endividamento externo e instabilidade cambial.
A crise na Argentina pode estar prestes a ganhar um novo capítulo, segundo alerta do economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel e ex-presidente do Banco Mundial. Para ele, a combinação de endividamento externo crescente e falta de entrada de dólares cria um cenário explosivo que pode se transformar em outra recessão profunda.
O alerta foi dado em meio a um momento de aparente estabilidade propagada por parte da imprensa argentina e brasileira, mas que, segundo Stiglitz, não reflete a realidade dos números. Dados de produção industrial, reservas internacionais e atividade econômica mostram sinais claros de fragilidade.
O risco de uma nova crise
Stiglitz aponta que o governo Milei vem ampliando o endividamento externo sem gerar entrada proporcional de dólares para honrar os compromissos. Isso significa que, em pouco tempo, o país pode enfrentar dificuldades para pagar credores, algo que historicamente precedeu períodos de crise na Argentina.
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A situação se agrava porque setores-chave, como a indústria, registram queda acentuada, reduzindo a capacidade de gerar divisas via exportações. Sem dólares suficientes, o governo recorre a reservas internacionais — que, na prática, são infladas por empréstimos, e não por superávits comerciais.
Pressão cambial e impacto nos preços
O recente fim do controle cambial foi uma decisão forçada, necessária para que o país pudesse tomar novos empréstimos do FMI. A expectativa oficial de que o dólar cairia “como um piano” não se concretizou — pelo contrário, a moeda norte-americana disparou, chegando perto do teto da banda cambial.
Quando o dólar sobe nesse ritmo, a inflação importada se intensifica, pressionando preços internos. Para conter essa escalada, o governo pode tentar frear o crescimento econômico, uma medida que, se adotada, pode aprofundar o risco de nova crise na Argentina.
Economia andando de lado
Indicadores como o índice de vendas no varejo, utilização da capacidade instalada da indústria e nível de atividade econômica mostram estagnação. Desde o início de 2025, o crescimento acumulado é de apenas 0,68%, e há sinais de desaceleração nos últimos meses.
Mesmo com o discurso oficial de recuperação, os números revelam que a economia está “andando de lado”, um quadro que, combinado ao aumento do dólar, tende a piorar o poder de compra da população e agravar a crise na Argentina.
Salários, desemprego e reservas internacionais
Apesar de algumas manchetes positivas, dados oficiais mostram que salários reais seguem abaixo dos níveis do final do governo anterior. O desemprego também atingiu o maior patamar da gestão Milei, e o aumento das reservas internacionais se deve, majoritariamente, a novos empréstimos — aumentando ainda mais a vulnerabilidade externa.
Segundo Stiglitz, esse é justamente o ponto mais crítico: um país pode até sustentar reservas no curto prazo, mas se elas vêm de dívidas, não de geração própria de dólares, o risco de colapso permanece alto.
Cenário para o segundo semestre
Historicamente, o segundo semestre é mais desafiador para as contas externas argentinas, pois a entrada de dólares via exportações diminui. Se essa tendência se confirmar, a pressão cambial pode aumentar, acelerando o risco de crise na Argentina.
Para Stiglitz, a resposta do governo nos próximos meses será determinante. Medidas que priorizem crescimento sustentável e equilíbrio nas contas externas podem aliviar a pressão. Porém, se o país continuar ampliando o endividamento para financiar reservas, a instabilidade tende a se intensificar.
E você? Acredita que a Argentina conseguirá evitar uma nova crise ou o alerta de Stiglitz é inevitável? Deixe sua opinião nos comentários.