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No coração do Brasil, a cidade histórica que abriga o maior festival de cinema ao ar livre da América Latina, transformando suas ruas de pedra em uma gigantesca sala de projeção

Escrito por Carla Teles
Publicado em 13/10/2025 às 22:39
No coração do Brasil, a cidade histórica que abriga o maior festival de cinema ao ar livre da América Latina, transformando suas ruas de pedra em uma gigantesca sala de projeção
Descubra como a cidade histórica de Goiás, Patrimônio da UNESCO, se transforma no maior festival de cinema ambiental da América Latina durante o FICA.
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Descubra como o FICA transforma a cidade histórica Patrimônio da Humanidade no maior palco de cinema ao ar livre da América Latina, unindo passado e futuro.

No coração do Brasil, aninhada na Serra Dourada, uma cidade histórica onde o tempo parece correr mais devagar se transforma anualmente em um epicentro de debates sobre o futuro do planeta. Suas ruas de pedra, testemunhas do ciclo do ouro, dão lugar a um vibrante corredor cultural. Esta é a Cidade de Goiás, ou Goiás Velho, que durante uma semana se converte em uma gigantesca sala de projeção para o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA).

O evento se distingue como o maior festival de cinema ambiental da América Latina, conforme aponta a Agência Brasil, não apenas pelo volume, mas por sua capacidade única de fundir um cenário reconhecido como Patrimônio Mundial com a vanguarda da discussão ecológica. O FICA não usa a cidade como um mero pano de fundo; ele se entrelaça com sua arquitetura, história e alma, criando um espaço onde o passado preservado se torna um palco vivo para imaginar e lutar pelo futuro da Terra.

Um legado de ouro e arquitetura singular

Para entender a transformação que o FICA provoca, é preciso mergulhar na história de Goiás. Fundada no início do século XVIII pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o “Anhanguera”, a então Vila Boa de Goiás prosperou com a febre do ouro. Segundo o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), sua fundação foi um marco na ocupação do interior do Brasil. A arquitetura local reflete essa origem, utilizando materiais da terra como adobe e pau a pique, técnicas que definem sua identidade visual única e modesta.

Com o esgotamento das minas, a cidade entrou em declínio, um processo acentuado pela transferência da capital para Goiânia em 1937. Paradoxalmente, essa estagnação foi sua salvação. Sem a pressão da modernização, Goiás preservou mais de 90% de sua arquitetura barroco-colonial original, um feito que, segundo o IPHAN, foi fundamental para o reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2001. A cidade aprendeu que seu maior tesouro não era o ouro que se foi, mas a história que permaneceu gravada em suas paredes e ruas.

Cora Coralina: a alma poética da cidade histórica

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A identidade de Goiás é indissociável de sua filha mais ilustre, a poeta Cora Coralina. Nascida Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, ela traduziu em versos a alma de sua terra, escrevendo sobre o cotidiano, as ruas estreitas e os doces que fazia para viver. Publicando seu primeiro livro aos 76 anos, sua trajetória reflete a da própria cidade: um tesouro que demorou a ser reconhecido, mas cuja autenticidade se provou imortal.

A simbiose entre a poeta e a cidade é tão profunda que, de acordo com a Agência Brasil, a vida e a obra de Cora Coralina foram um pilar estratégico no dossiê de candidatura de Goiás ao título da UNESCO. Seus versos humanizaram a narrativa histórica e arquitetônica, dando uma voz universal ao legado local. Hoje, o Museu Casa de Cora Coralina, às margens do Rio Vermelho, é o ponto turístico mais visitado da cidade, um santuário que mantém viva a memória da poeta que se tornou sinônimo de sua terra natal.

FICA: uma consciência cinematográfica para o continente

É neste cenário histórico que, desde 1999, o FICA se estabeleceu como uma instituição cultural de relevância global. Sua missão é servir como uma plataforma para produções audiovisuais que exploram a complexa relação entre humanidade e meio ambiente. De acordo com a Agência Brasil, o festival consolidou-se como o maior e mais influente evento do gênero na América Latina, atraindo cineastas e ativistas de todo o mundo para o coração do Brasil.

O alcance do festival é evidenciado por seus números. Conforme o site oficial do FICA (fica.go.gov.br), a edição de 2025 recebeu um recorde de 1.446 inscrições de filmes de 88 países, demonstrando seu prestígio global. A programação se concentra em mostras competitivas, como a Mostra Washington Novaes, que distribui prêmios significativos e fomenta o cinema engajado. As exibições principais acontecem no histórico Cine Teatro São Joaquim, mas a verdadeira magia do evento está em como ele ocupa e ressignifica cada espaço da cidade histórica.

A cidade como palco: onde o passado dialoga com o futuro

A força do FICA reside na forma como ele transforma a própria cidade em seu palco principal. A Praça do Coreto, as ruas de pedra e os becos se tornam cenários para intervenções culturais, recitais de poesia e performances. A “gigantesca sala de projeção” é, portanto, uma metáfora para o centro histórico inteiro, que se torna um participante ativo na narrativa do festival. A cidade não apenas sedia o evento; ela o performa, criando uma justaposição temporal de imenso poder simbólico.

Nesse processo, ocorre uma ressignificação urbana: uma cidade nascida da exploração de recursos naturais vira o epicentro de debates sobre conservação. As pedras que viram passar bandeirantes hoje ouvem as vozes de líderes indígenas e cientistas. O site oficial do FICA destaca a criação de espaços como a Tenda Multiétnica, que dá protagonismo a vozes historicamente marginalizadas. O festival se torna, assim, um ato potente de correção histórica, projetando novas ideias sobre as estruturas antigas.

Além dos filmes: música, debate e impacto econômico

A vitalidade do FICA se estende muito além da tela. Um de seus maiores atrativos são os shows gratuitos com grandes nomes da música brasileira. A Agência Brasil informa que a programação de 2025 incluiu artistas como Zeca Baleiro e Os Paralamas do Sucesso, atraindo dezenas de milhares de visitantes. Esses concertos funcionam como um portal de entrada para a pauta ambiental, democratizando a mensagem do festival para um público amplo que talvez não fosse atraído apenas pelo cinema.

Paralelamente, o evento promove um ambiente de profundo debate intelectual, com a presença de personalidades como o líder indígena Ailton Krenak. O impacto do festival reverbera por toda a região, fomentando a economia criativa com feiras, oficinas e eventos gastronômicos, conforme detalhado no site oficial do FICA. Ao provar que um evento de classe mundial pode florescer fora do eixo Rio-São Paulo, o FICA também cumpre um papel crucial na descentralização da cultura no Brasil.

Um convite à história viva

A parceria entre a Cidade de Goiás e o FICA oferece um modelo poderoso de como o patrimônio cultural pode ser ativado para confrontar os desafios mais urgentes de nosso tempo. Goiás Velho ensina que o passado não é apenas um conjunto de relíquias, mas um recurso vivo que pode amplificar as conversas que definirão nosso futuro. É a prova de que, para enxergar o horizonte com clareza, é preciso primeiro olhar para as pedras sob nossos pés.

Você já visitou a Cidade de Goiás durante o FICA? Como você enxerga essa união entre um patrimônio histórico e um debate tão urgente como o ambiental? Compartilhe sua perspectiva nos comentários, queremos saber sua opinião!

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Carla Teles

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