Empresas que exportam para os EUA dão férias coletivas após tarifaço de Trump. Sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros leva indústrias de madeira e móveis a paralisar operações e antecipar recessos
Segundo O Globo, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está provocando uma reação imediata no Brasil. Diversas empresas que exportam para os EUA dão férias coletivas como forma de conter custos e ganhar tempo enquanto aguardam medidas de apoio anunciadas pelo governo federal. A sobretaxa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros — e de 10% sobre cerca de 700 itens específicos — reduziu drasticamente as encomendas vindas do maior mercado consumidor do mundo.
No polo moveleiro de São Bento do Sul (SC), responsável por 14% de todos os móveis exportados pelo Brasil, o impacto já é visível. Apenas no último ano, a região vendeu US$ 77 milhões em móveis para clientes americanos. Com a queda nos pedidos, cerca de 600 trabalhadores estão afastados temporariamente.
Setor moveleiro no vermelho
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Siticom) informou que quatro empresas já concederam férias coletivas, enquanto outras estudam a redução de jornada ou suspensão parcial das atividades. A fábrica catarinense Artefama, que destina 75% da produção ao mercado americano, antecipou o recesso de 220 funcionários, divididos em dois grupos, com possibilidade de prorrogação caso não haja recuperação nas encomendas.
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Segundo o CEO Diego Bordignon, buscar novos mercados não é solução de curto prazo: “Não aguento mais manter esse ritmo sem pedidos”, afirmou, destacando que negociações para exportar a outros países podem levar até seis meses para se concretizar.
Madeira processada também sofre
O setor de madeira processada mecanicamente, que movimentou US$ 1,6 bilhão em vendas aos EUA no ano passado, enfrenta situação parecida. As indústrias, concentradas no Sul e empregando 180 mil pessoas, estão sendo pressionadas por clientes americanos a reduzir preços para compensar as tarifas adicionais.
Juliano Vieira Araújo, presidente da Abimci, alerta que a estratégia de dar férias coletivas é paliativa: “Algumas demissões provavelmente ocorrerão nos próximos dias”, disse. Empresas mais dependentes do mercado americano já paralisaram parte das operações.
Caso Millpar
A Millpar, especializada em molduras, rodapés, forros e componentes para construção e decoração, colocou 720 dos 1,1 mil empregados em férias coletivas de 30 dias, mantendo apenas setores administrativos. A empresa declarou que acompanha de perto a situação e que decisões serão tomadas com base em análises de mercado.
Incerteza e risco de demissões
Para Luiz Carlos Pimentel, presidente do Sindusmobil, a imprevisibilidade nas exportações dificulta qualquer planejamento: clientes suspenderam embarques ou reduziram pedidos, e redirecionar a produção para outros mercados é um processo lento e incerto. Sem recuperação rápida, ajustes no quadro de funcionários e na capacidade produtiva serão inevitáveis.
E você? Acredita que as empresas brasileiras conseguirão resistir a essa pressão externa? Ou o tarifaço de Trump mudará para sempre a relação comercial entre Brasil e EUA? Deixe sua opinião nos comentários.