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Nissan à beira do colapso: prejuízo bilionário, corte de 20 mil empregos e caos na diretoria expõem crise sem precedentes

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 26/06/2025 às 15:55
Nissan acumula prejuízo de US$ 4,5 bilhões, demite 20 mil e enfrenta caos interno. Reestruturação expõe crise sem precedentes.
Nissan acumula prejuízo de US$ 4,5 bilhões, demite 20 mil e enfrenta caos interno. Reestruturação expõe crise sem precedentes.
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Nissan enfrenta o maior prejuízo em décadas e anuncia medidas drásticas para conter a crise. Demissões em massa, suspensão de dividendos e mudanças no comando da montadora indicam instabilidade sem precedentes no setor automotivo japonês.

A montadora japonesa Nissan atravessa uma crise financeira e administrativa sem precedentes, após registrar um prejuízo de US$ 4,5 bilhões no último ano fiscal, anunciar a demissão de 20 mil funcionários e promover uma ampla reformulação em sua diretoria.

Na assembleia geral realizada em 24 de junho de 2025, na sede da Nissan em Yokohama (Japão), o CEO Ivan Espinosa anunciou um prejuízo líquido recorde de US$ 4,5 bilhões no ano fiscal encerrado em março — valor que representa a pior perda da companhia desde 1999.

Além disso, Espinosa não apresentou previsão de lucro para o novo exercício, estimando uma perda operacional de ¥ 200 bilhões (US$ 1,38 bilhão) só no primeiro trimestre.

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Em resposta ao colapso financeiro, a montadora suspendeu a distribuição de dividendos, gerando insatisfação entre os acionistas.

Demissões em massa e fechamento de fábricas na NIssan

Como parte do plano de recuperação, a Nissan acelerou a demissão de 20 000 funcionários, cerca de 15% do quadro global, elevando o corte — antes previsto em 9 000 — para o nível atual.

A companhia também anunciou o fechamento de sete das 17 fábricas até 2027, reduzindo seu escopo operacional a apenas dez unidades.

A meta é racionalizar a capacidade instalada, eliminando cerca de 30% da infraestrutura fora da China e voltada ao mercado global.

Críticas e mudanças na liderança da Nissan

Durante a assembleia, muitos acionistas criticaram a montagem da diretoria e questionaram a legitimidade da escolha de Makoto Uchida como CEO anterior, apontando que seus indicados também deveriam responder pela crise.

Houve proposta afirmando que “a capacidade de Uchida como executivo é extremamente baixa” — porém, a moção foi rejeitada pela diretoria.

A Nissan substituiu Uchida e Jean‑Dominique Senard, presidente do conselho da Renault, como parte da reestruturação no topo corporativo.

Ainda assim, a transição interna foi considerada lenta por críticos, que enfatizaram que os trabalhadores com carteira assinada estão arcando com os custos, enquanto altos executivos mantêm seus cargos.

Fatores externos dificultam recuperação

O desempenho fraco se soma à desaceleração das vendas em Estados Unidos e China, sede dos principais mercados da Nissan.

Aos efeitos das vendas minguantes, somam-se os reflexos das tarifas de até 25% dos EUA sobre veículos importados, cobradas desde abril sob a administração Trump, e as pressões de fabricantes chineses de carros elétricos.

Somam-se, ainda, cancelamentos de projetos estratégicos, como a fábrica de baterias em Kitakyushu (Japão), cujas obras foram suspensas no novo plano, e o fim das negociações da fusão com a Honda, pagas com perda substancial de tempo e investimento.

Estratégia de reestruturação e metas de recuperação

Para enfrentar a crise, o plano do CEO Ivan Espinosa prevê:

Redução de 500 bilhões de ienes (aprox. US$ 3,4 bi) em custos operacionais, em dois anos — cerca de 37,5% a mais que o plano anterior liderado por Uchida.

Realocação de 3 000 funcionários para funções de melhoria contínua e inovação nos ciclos de desenvolvimento de produto.

Meta de retorno à lucratividade até o ano fiscal de 2026, com receita estimada em 3,25 milhões de unidades, levemente abaixo dos 3,3 milhões vendidos em 2024.

No entanto, a concretização desse plano enfrenta riscos — inclusive acusações de que o corte de pessoal desloca o ônus da crise para a base da pirâmide, sem responsabilizar o topo executivo.

Mercado reage com queda e rebaixamento da nota de crédito

No último ano, as ações da Nissan sofreram queda de cerca de 36%, refletindo o clima de instabilidade e frustração dos investidores.

A montadora viu sua nota de crédito rebaixada a nível especulativo (junk) devido ao fluxo de caixa negativo continuado.

Analistas estimam expectativa de perda operacional de até ¥ 450 bilhões (~US$ 2,1 bi) no ano encerrado em março de 2026, especialmente se os tarifários dos EUA se mantiverem.

Nissan e a pressão por controle sobre subsidiárias

Acionistas ativistas, como o fundo Strategic Capital, pressionaram por maior transparência e controle sobre a Nissan Shatai — subsidiária listada da aliança Renault‑Nissan —, seguindo exemplo da Toyota, que planeja privatizar a Toyota Industries.

A proposta, rejeitada na assembleia, pedia revisão anual da relação com a subsidiária, mas a direção da Nissan alegou que mudanças dificultariam a flexibilidade operacional.

Mas será suficiente para resgatar a confiança dos acionistas, reverter a derrocada nas ações, reequilibrar a estrutura de custos e evitar um colapso total da marca?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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