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‘Neve rosa’ — algas tingem o gelo da Antártica, mas o fenômeno preocupa os cientistas

Publicado em 30/03/2025 às 09:49
Antártida, Neve rosa, Gelo da Antártida
Imagem: Pexels

Fenômeno conhecido como “sangue das geleiras” deixa gelo da Antártica rosado. Cientistas se preocupam com impacto ambiental. Veja o que causa e por que é preocupante

Na paisagem branca e silenciosa da Antártica, uma cor diferente vem chamando atenção. A neve, antes totalmente branca, agora aparece tingida de rosa em muitas regiões. A mudança não é somente visual: pode estar ligada ao derretimento acelerado do gelo no planeta.

O que causa a neve rosa da Antártida

Esse fenômeno é causado por uma alga microscópica chamada Chlamydomonas nivalis. Apesar de serem verdes, essas algas produzem pigmentos avermelhados para se proteger da radiação ultravioleta e absorver mais calor.

O resultado é uma coloração rosada na neve, que lembra tons de melancia. Por isso, o fenômeno também ganhou apelidos como “neve rosa”, “sangue glacial” e “neve melancia”.

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Durante o verão na Antártica, quando as temperaturas sobem e o gelo começa a derreter, as algas se multiplicam com rapidez. E é aí que o problema começa.

Ao crescerem, elas escurecem a superfície da neve, que passa a refletir menos luz solar e a absorver mais calor. Esse processo diminui o chamado “albedo” da neve.

Neve rosa, Antártida, Gelo
Imagem ilustrativa: Foto: IA

Menos reflexão, mais calor, mais derretimento

Com menos albedo, mais calor é retido. Isso acelera o derretimento do gelo. Segundo José Ignacio García, da Universidade do País Basco, “a neve rosa é um fenômeno que parece estar aumentando, talvez devido ao aumento das temperaturas, e tem consequências globais porque altera o albedo da neve”.

Esse efeito cria um ciclo perigoso. O aquecimento global favorece o crescimento das algas. As algas escurecem a neve e aumentam o calor. O calor derrete mais gelo, criando ainda mais água. Essa água serve como ambiente ideal para mais algas crescerem. E o ciclo continua.

Na Antártica, milhões de toneladas de neve derretem a cada verão por causa desse processo. Mas o fenômeno não está limitado ao Polo Sul. Ele já foi observado também no Ártico e nos Alpes.

Pesquisas indicam que essas algas podem reduzir o albedo em até 13% durante a estação de degelo. Isso contribui diretamente para o aquecimento do planeta.

Pesquisas revelam extensão global

Um estudo recente da Universidade Simon Fraser, no Canadá, analisou imagens de satélite feitas entre 2019 e 2022. Os cientistas descobriram que as algas cobrem cerca de 5% das geleiras no noroeste da América do Norte.

Em algumas áreas, essa cobertura chega a 65%. Os pesquisadores alertam que o escurecimento da neve causado por essas algas tem papel direto no aumento da radiação solar absorvida, acelerando o derretimento.

Esse fenômeno curioso não é novidade. O filósofo Aristóteles já havia registrado a existência de neve colorida há mais de 2.300 anos. Porém, foi somente no século 19 que os cientistas identificaram a Chlamydomonas nivalis como a causa da coloração.

O fenômeno neve rosa: monitoramento e sinais de alerta

Hoje, a comunidade científica busca entender melhor o que está acontecendo. Um dos projetos mais importantes é o ALPALGA, que reúne biólogos, ecologistas e glaciologistas. Eles estudam como essas algas vivem em condições tão extremas e como as mudanças no clima afetam o seu crescimento.

Além das algas, outros fatores também podem colorir a neve. Nos Alpes do Sul, durante os verões de 2019 e 2020, uma tonalidade avermelhada apareceu por outro motivo: tempestades no Mar da Tasmânia lançaram poeira vermelha que se depositou na neve. Essa poeira também reduziu o albedo, auxiliando no derretimento.

A proliferação de algas na neve levanta um sinal de alerta. O que hoje parece um fenômeno isolado pode se tornar cada vez mais comum com o avanço das mudanças climáticas. A neve rosa, que antes chamava atenção pela cor, agora preocupa por seus efeitos no planeta.

Pesquisadores continuam a monitorar essas mudanças. Os dados mais recentes indicam que entender a relação entre as algas, a neve e o clima é essencial para prever o futuro do gelo nas regiões mais frias da Terra.

Com informações de Tempo.

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Romário Pereira de Carvalho

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