Enquanto o brasileiro luta pela última gota de sanidade com sua xícara de café na mão, o presidente Donald Trump declara guerra ao único ‘combustível’ que move o país desde 1808
Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (30) a ampliação das tarifas de importação para diversos produtos estrangeiros, com destaque para itens do setor agrícola brasileiro. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, acrescenta 40% de imposto a uma tarifa já existente de 10%, afetando diretamente produtos como café, carnes e frutas brasileiras.
Apesar de uma longa lista de exceções publicadas no Anexo I da ordem executiva, os principais itens do agronegócio exportados pelo Brasil não foram poupados. Segundo especialistas, o impacto pode ser severo nas relações comerciais e na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
A decisão, segundo a Casa Branca, visa fortalecer a indústria interna e proteger produtores locais, mas coloca em xeque as exportações agrícolas de países da América Latina, especialmente do Brasil, que é um dos maiores fornecedores desses itens aos EUA.
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Café, carne e frutas: os produtos brasileiros atingidos diretamente
Entre os mais afetados pela nova tarifa estão o café em grão, frutas tropicais como manga, melão e mamão, além de carnes bovina e de frango. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da consultoria BMJ, classificou a medida como um forte golpe:
É muito ruim mesmo. Pegou muita coisa aqui que o Brasil exporta. Tem muito produto dentro (da lista de tarifas), disse Barral ao jornal O Globo. Segundo ele, os produtos listados correspondem a uma fatia relevante da balança comercial do setor agrícola com os EUA.
Em contrapartida, o setor de sucos de laranja foi poupado, o que gerou alívio para a CitrusBR, associação que representa a indústria de exportação da bebida. A entidade divulgou nota reforçando o compromisso com a qualidade e o abastecimento internacional.
Produtos isentos do tarifaço: veja a lista completa
A seguir, a lista de produtos brasileiros que foram isentos da tarifa extra de 40%, conforme o Anexo I da ordem executiva publicada pelo governo dos EUA:
- Castanhas-do-brasil com casca, frescas ou secas
- Polpa de laranja
- Sucos de laranja congelados e não congelados
- Mica bruta
- Minério de ferro (aglomerado e não aglomerado)
- Minério de estanho e concentrados
- Diversos tipos de carvão, linhito, turfa, coque
- Gás de carvão e gases naturais (propano, butano, etc.)
- Matérias-primas de alumínio, silício, óxido de alumínio
- Potassa cáustica
- Produtos químicos, fertilizantes e resíduos petrolíferos
- Madeira e cortiça aglomerada
- Polpas químicas de madeira, algodão e fibras vegetais
- Celulose
- Prata e ouro (forma de lingote ou dore)
- Ferro-gusa, ferronióbio, ligas de ferro e outros metais
- Componentes industriais e aeronáuticos (tubos, borrachas, metais, motores, turbinas)
- Insumos para papel, papelão e artefatos derivados
- Amianto, crocidolita, misturas de fricção
- Diversos fertilizantes minerais e químicos
Brasil avalia impacto e pode recorrer à OMC
O governo brasileiro ainda não divulgou uma resposta oficial, mas fontes da diplomacia indicam que o Itamaraty está avaliando levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). A medida é vista como uma possível violação de acordos comerciais vigentes entre os dois países.
Conforme reportagem da Folha PE, publicada em 30 de julho, os setores agrícola e industrial estão em alerta e pressionam o governo por medidas compensatórias, inclusive incentivos fiscais para manter a competitividade externa.
Com o café, as frutas e as carnes na mira do tarifaço americano, como você acha que o Brasil deveria reagir a esse novo ataque comercial?