Tarifa de 50% nos EUA derruba as importações norte-americanas, Alemanha assume a ponta, volume cai 17,5% e a receita sobe 12,7%
Em agosto, a Alemanha superou os Estados Unidos e se tornou a principal compradora dos cafés brasileiros. Segundo o Cecafé, os alemães importaram cerca de 414 mil sacas de 60 kg, enquanto os EUA ficaram com 301 mil sacas, já sob o impacto da tarifa de 50% aplicada pelo governo norte-americano desde 6 de agosto de 2025. O movimento redesenhou, ao menos no mês, a geografia do comércio do grão.
O balanço mensal do Cecafé mostra que o Brasil exportou 3,144 milhões de sacas em agosto, queda de 17,5% ante o mesmo mês de 2024. Apesar do recuo em volume, a receita avançou 12,7%, alcançando US$ 1,101 bilhão, sustentada por cotações internacionais mais altas.
Para o setor, a guinada mensal tem explicação direta, a sobretaxa norte-americana encareceu a entrada do café brasileiro nos EUA e deslocou parte da demanda para a Europa e vizinhos latino-americanos. A Cecafé relatou saltos nas vendas para México e Colômbia no mês, enquanto confirmou que reexportar grãos via terceiros países não é alternativa viável, pois seria facilmente detectado pelas autoridades americanas.
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O que mudou em agosto: tarifa e deslocamento da demanda
A tarifa de 50% entrou em vigor nos EUA em 6 de agosto de 2025, atingindo produtos brasileiros, inclusive o café. A medida esfriou negociações com torrefadores norte-americanos e levou compradores a postergar embarques, segundo o próprio setor exportador. Em paralelo, o câmbio e a alta das bolsas impulsionaram preços, ajudando a preservar a receita brasileira mesmo com menos sacas embarcadas.
De acordo com executivos ouvidos pela imprensa, contornar a tarifa mandando grãos crus por terceiros países não funciona. Além do risco de autuação, a origem do café é rastreável pela documentação e por características do produto. Ou seja, o redirecionamento estrutural do fluxo depende de novos contratos com outros destinos, não de atalhos logísticos.
No curto prazo, os dados indicam que mercados como Alemanha, México e Colômbia absorveram parte do volume que iria aos EUA. A mudança ocorre em meio a um quadro global de oferta e demanda mais apertado, o que elevou a volatilidade e puxou preços no fim de agosto.
Números do mês de Agosto apresentam menos volume e mais receita
O Brasil embarcou 3,144 milhões de sacas em agosto, contra 3,813 milhões um ano antes. A receita de US$ 1,101 bilhão confirma o efeito preço, com contratos fechados a patamares mais altos. Esse descolamento entre volume e receita é típico de mercados pressionados, em que menor oferta e incerteza regulatória sustentam a remuneração por saca.
Nos destinos, a fotografia mensal cravou a Alemanha na liderança, com 414.109 sacas, e os EUA em segundo, com 301.099 sacas. A diferença foi suficiente para inverter a ordem histórica do mês, algo raro, e sinaliza que o repasse de preços e a tarifa estão pesando no apetite americano.
Para a indústria do solúvel, a pancada foi ainda mais visível. As exportações brasileiras de café instantâneo para os EUA caíram quase 60% em agosto, efeito direto da tarifa sobre itens industrializados, o que pode encarecer o produto nas gôndolas americanas.
No acumulado do ano, os EUA ainda lideram, mas por quanto tempo?
No recorte de janeiro a agosto, os EUA seguem como principal destino do café brasileiro, com 4,028 milhões de sacas, seguidos pela Alemanha. Ainda assim, o setor reconhece que a vantagem pode se reduzir se a tarifa de 50% persistir e se os compradores mantiverem a estratégia de diversificar origens.
O Cecafé também aponta que, no mesmo período, o volume total embarcado caiu 20,9%, enquanto a receita atingiu US$ 9,668 bilhões, recorde para o intervalo, reafirmando o papel das cotações internacionais na sustentação das divisas do setor.
Em paralelo, empresas e entidades avaliam cenários para a COP30, em Belém, e para negociações comerciais que podem redefinir preferências tarifárias e sanitárias. Qualquer sinal de alívio tarifário nos EUA ou de novas barreiras em outros mercados tende a mexer novamente na ordem dos compradores.
Para você, essa virada é um ajuste temporário ou o começo de uma mudança estrutural no comércio do café brasileiro? A tarifa de 50% é uma estratégia legítima de negociação ou um tiro no pé que encarece a bebida e distorce o mercado. Deixe sua opinião nos comentários, diga se o Brasil deve buscar novos acordos ou bater de frente pela retirada da sobretaxa.