Estudo revela o único país do mundo totalmente autossuficiente em produção alimentar, segundo pesquisa publicada na Nature Food
Um novo levantamento revelou um dado surpreendente sobre a segurança alimentar global. Entre 185 regiões analisadas, somente um país consegue produzir todos os alimentos necessários para garantir a dieta completa da sua população: a Guiana.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Goettingen, na Alemanha, em parceria com a Universidade de Edinburgh, no Reino Unido. Os resultados foram divulgados no dia 16 de maio, na revista científica Nature Food.
Guiana lidera em autossuficiência
A Guiana é o único país considerado totalmente autossuficiente. Isso significa que ela produz localmente alimentos dos sete grupos nutricionais analisados: frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido.
-
CNH Social oferece habilitação gratuita para motoristas, mas participação exige inscrição e atenção ao calendário do Detran
-
Uma cidade mineira enfrenta sua pior crise econômica após o fechamento de uma fábrica gigante que dava sustento a milhares de famílias
-
Ela já incomoda Honda e Yamaha no Brasil; montadora abre mais uma loja de motos em solo brasileiro
-
Produção industrial cai no Brasil, tendo estado com queda de mais de 20% na produção. Veja outros estados que decaíram
Logo atrás, aparecem China e Vietnã, que garantem a produção interna de seis dos sete grupos. A pesquisa mostra que, embora a autossuficiência total seja rara, algumas nações se aproximam desse cenário.
Brasil quase autossuficiente
O Brasil está entre os países que chegam perto da autossuficiência alimentar. De acordo com o levantamento, o país depende de importações apenas para suprir dois dos sete grupos: vegetais e peixes.
Na prática, isso significa que o Brasil é capaz de produzir frutas, laticínios, carnes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido em quantidade suficiente para abastecer a sua população. A importação, no entanto, ainda é necessária para equilibrar a oferta de vegetais e produtos do mar.
Desigualdade na produção alimentar
O levantamento também apontou um desequilíbrio global. Em 65% das regiões analisadas, a produção de carne e laticínios está acima do necessário.
Por outro lado, alimentos ricos em nutrientes, como grão-de-bico, lentilha, feijão, nozes e sementes, são cultivados em quantidade insuficiente em mais da metade dos países.
Essa diferença indica um descompasso entre o que é produzido e o que seria ideal para uma alimentação equilibrada. A falta de proteína vegetal é um problema comum e afeta até mesmo países desenvolvidos.
Importações são realidade global
Segundo o estudo, a maioria dos países depende de trocas comerciais para garantir a variedade de alimentos disponível em seus mercados. Isso se aplica mesmo a nações com forte produção agrícola.
Além do Brasil, diversos países da América do Sul e da Europa figuram entre os que mais se aproximam da autossuficiência, com produção interna suficiente em cinco ou mais categorias alimentares.
Países com maior dependência
No outro extremo, o estudo identificou seis países que não produzem o suficiente nem para uma única categoria nutricional: Afeganistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Macau, Catar e Iêmen. Esses locais dependem quase integralmente de importações para alimentar suas populações.
Estados insulares, países da Península Arábica e regiões em desenvolvimento enfrentam as maiores dificuldades nesse sentido. Entre os fatores estão o solo pobre, a escassez de chuvas e temperaturas desfavoráveis ao cultivo.
Autossuficiência não é sinônimo de riqueza
Apesar do destaque da Guiana, o estudo reforça que a autossuficiência alimentar não está necessariamente ligada ao desenvolvimento econômico. Segundo Jonas Stehl, autor principal da pesquisa, ter baixa autossuficiência não é algo ruim por si só.
Para ele, pode ser mais prático importar alimentos de regiões com melhores condições de cultivo, em vez de investir na produção interna. Contudo, ele alerta para os riscos envolvidos nessa dependência.
Riscos de choques no fornecimento
Stehl lembra que depender de importações torna os países mais vulneráveis a interrupções repentinas no fornecimento global. Guerras, secas e restrições comerciais podem comprometer o acesso a alimentos e afetar a segurança alimentar da população.
Exemplos recentes, como a pandemia da Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, mostraram os impactos dessa vulnerabilidade. Em ambos os casos, houve escassez temporária de produtos e aumento nos preços em mercados ao redor do mundo.
Com informações de Revista Galileu.