1. Início
  2. / Agronegócio
  3. / Nelore no Brasil: raça rústica que domina 80% do rebanho, chega a 1.200 kg, resiste ao calor e virou símbolo da pecuária tropical
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

Nelore no Brasil: raça rústica que domina 80% do rebanho, chega a 1.200 kg, resiste ao calor e virou símbolo da pecuária tropical

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 21/09/2025 às 09:44
Nelore domina a pecuária brasileira com rusticidade, peso de até 1.200 kg e genética refinada, representando 80% do rebanho nacional.
Nelore domina a pecuária brasileira com rusticidade, peso de até 1.200 kg e genética refinada, representando 80% do rebanho nacional.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Nelore conquistou o Brasil com rusticidade, adaptação ao clima tropical, peso expressivo, resistência a parasitas e genética de alto valor comercial

O Nelore carrega uma história que remonta a mais de 5 mil anos, quando tribos arianas levaram o gado zebuíno para o subcontinente indiano. De lá, a raça percorreu caminhos até se tornar peça central da pecuária brasileira.

A introdução oficial no Brasil aconteceu na década de 1960, quando os primeiros exemplares desembarcaram em Salvador.

No início, a aceitação foi tímida. Pecuaristas davam mais valor a animais de coloração branca e zebuínos mais coloridos, vindos das Índias Ocidentais.

Mas a rusticidade e a adaptação rápida ao clima tropical mudaram o jogo. A raça começou a se destacar justamente por resistir melhor onde gado europeu sofria.

Características marcantes

O Nelore possui um conjunto de traços únicos. A pelagem varia entre branca e acinzentada, com machos apresentando manchas escuras pelo corpo, resultado da ação da testosterona.

O cupim avantajado, típico do gado zebuíno, e os cascos pretos chamam atenção, assim como a barbela longa que chega até o umbigo.

O peso é outro diferencial. Alguns exemplares alcançam até 1.200 quilos. Essa robustez impressiona, mas não tira a rusticidade.

O Nelore vive bem em pastagens simples, suporta calor extremo e resiste a endo e ectoparasitas, pontos em que raças taurinas europeias encontram dificuldades no Brasil.

Não é à toa que cerca de 80% do rebanho bovino nacional seja composto por Nelore. Hoje, calcula-se que 4 milhões de cabeças estejam espalhadas pelo país, com forte concentração no Centro-Oeste.

Genética e melhoramento

Além da carne, o Nelore também se tornou referência em genética.

Fazendas especializadas investem em rebanhos de linhagem fechada, descendentes diretos dos primeiros animais importados da Índia.

Um exemplo é a linhagem Lemgruber, que passou pela Alemanha antes de chegar ao Brasil e se mantém pura até hoje.

Esses criatórios trabalham com foco no melhoramento genético, oferecendo reprodutores em leilões anuais. Touros com cerca de 31 meses entram na lista de vendas, enquanto parte vai para centrais de inseminação.

Dessa forma, a genética do Nelore é multiplicada não apenas por monta natural, mas também por inseminação artificial e transferência de embriões.

O manejo e a rusticidade

Apesar da fama de animal arisco, criadores ressaltam que o comportamento do Nelore depende muito do manejo. Com técnicas adequadas, ele mostra docilidade e produtividade.

Isso reforça o papel do pecuarista como responsável direto pelo desempenho.

O gado se tornou essencial em regiões desafiadoras como o Pantanal. Lá, as vacas amamentam em condições mais duras, mas a introdução de genética superior elevou a qualidade dos animais locais.

A rusticidade faz diferença: mesmo em ambientes inóspitos, o Nelore garante produção de carne e adaptação que poucas raças conseguem.

Comercialização e impacto

A venda de genética virou um negócio consolidado. Criatórios oferecem touros, fêmeas e até doses de sêmen para inseminação artificial.

O objetivo é levar as melhores características da raça para todo o Brasil e também para outros países.

Outra prática comum é o uso de receptoras taurinas, geralmente cruzadas com Angus. Elas funcionam como “barrigas de aluguel”, permitindo maior aproveitamento do potencial genético.

Essa estratégia amplia a produção de bezerros de alta qualidade sem comprometer as matrizes Nelore.

O orgulho do campo brasileiro

A presença do Nelore se consolidou como símbolo do agronegócio nacional. Sua rusticidade, resistência e capacidade de adaptação o tornaram inseparável da paisagem rural.

Ao mesmo tempo, o trabalho de seleção genética elevou a qualidade da carne e abriu espaço para negócios milionários com leilões e exportações de genética.

Hoje, a raça não representa apenas uma escolha técnica, mas também cultural.

O Nelore virou parte da identidade da pecuária brasileira, reforçando a importância do campo para a economia e para o abastecimento mundial.

Afinal, o Brasil é protagonista global na produção de carne, e o Nelore está no centro dessa história.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x