Negócios em energia eólica: empresa catarinense Sua Energia é recebida pelo governo do Reino Unido

Companhia foi conhecer de perto os programas de energias renováveis da Escócia para atender demandas aqui no Brasil sem a necessidade da rede das distribuidoras

Visando distribuir energia elétrica por meio de produção eólica, representantes da Sua Energia SA Wind Power foram até Edimburgo, capital da Escócia, conhecer de perto os programas de energias renováveis existentes no Reino Unido. O CEO da empresa brasileira, Júlio Paz, e sua sócia, Ana Lúcia Flores, foram recebidos pelo articulador de negócios internacionais, Russel Dalgleish, uma das figuras mais influentes do governo escocês.

O objetivo da Sua Energia é atender demandas da indústria, comércio e agro diretamente no ponto de consumo da carga, com armazenamento próprio. “Nos próximos anos, queremos fazer um trabalho parecido com o plano escocês. Para isso, é necessário um estudo para profissionalizar e garantir segurança ao consumidor”, destaca o CEO, Júlio Paz. A empresa, que fica sediada em Itajaí (SC), quer distribuir energia limpa sem a necessidade do uso de redes de transmissão, a partir de 2024.

O Reino Unido planeja zerar as emissões de carbono até 2050. A participação da energia eólica na matriz elétrica daquela região chegou em 60% em agosto de 2020, de acordo com a National Grid. Atualmente, essa energia renovável representa 40% de toda a produção por lá. No Brasil, a energia eólica ocupa 12% da matriz energética.

O Brasil tem um grande potencial na produção de energia limpa oriunda do vento, sobretudo devido a extensa costa litorânea de quase oito mil quilômetros. “Apostamos neste sistema de energia limpa de pequena e média geração, visto que nosso sistema tem liberação ambiental minimizando a burocracia de instalação, ainda afirmamos que o sistema ocupa menos espaço que as placas fotovoltaicas, por exemplo, e não depende da angulação relacionada ao sol, além de gerar energia durante a noite” diz Júlio Paz.

O reconhecimento escocês à ousadia catarinense

Em sua conta oficial na rede social Linkedin, Russel Dalgleish registrou o encontro com os representantes da Sua Energia. “Júlio construiu um negócio de energia eólica rico em IP (Propriedade Intelectual) em seu país de origem, o Brasil. Foi atraído para visitar Edimburgo após entender que a Escócia era o local ideal para basear seus negócios e cumprir suas ambições globais”, postou.

Russel Dalgleish tem papel importante no Business and Trade, que é o departamento de Negócios e Comércio do Reino Unido, o qual promove investimentos junto ao exterior e defende o livre comércio. Ele também é membro efetivo Conselho Comercial da Escócia, um dos 100 empreendedores britânicos mais influentes do mundo, entre outras qualificações de importância global.

A Sua Energia é uma empresa de propriedade intelectual que produz e importa aerogeradores desde 2018, além de desenvolver estudos para geração de energia eólica para micro geração. Atualmente, a
empresa tem uma fila de espera de 200 turbinas de 75kw para algumas cooperativas na Bahia. “Queremos realizar primeiro todos os estudos e fazer uma instalação superando todas as barreiras que foram enfrentadas até hoje no projeto”, coloca Júlio Paz. O empresário não descarta a possibilidade de abrir uma filial na Escócia para mesclar os estudos junto com o governo escocês.

Energia eólica no Brasil

Atualmente, o Brasil tem 24,13 GW de capacidade instalada de energia eólica. Ao todo, são 869 parques eólicos no país em 12 estados, somando quase 10 mil aerogeradores em operação, todos onshore. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Eólica.

Apesar de todo o potencial, muito ainda falta a ser explorado, como por exemplo a produção offshore. Recentemente, a Petrobras assinou uma carta de intensões com a Equinor para avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração de energia eólica na costa brasileira, com potencial para gerar até 14,5 GW.

No Senado Federal, tramita o marco regulatório da energia offshore. O Projeto de Lei (nº 576/2021) é de autoria do senador Jean Paul Prates (PT-RN), com o objetivo de definir regras para a exploração de energia eólica, solar ou das marés em alto-mar e também em corpos de água internos, como lagos.

Enquanto isso, pelo menos 66 projetos para instalação de turbinas eólicas offshore foram apresentados e estão sob análise do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A expectativa da ABEEólica é de que essa geração comece em 2027.