Segundo análise de José Kobori e Tabata Amaral, a movimentação americana na região mistura pretexto antidrogas com interesse direto em petróleo e poder geopolítico
A presença de navios dos Estados Unidos próximos à Venezuela elevou a tensão na América do Sul e trouxe à tona novamente o peso estratégico do petróleo. O governo de Nicolás Maduro classificou a aproximação como “a maior ameaça do século à região”, enquanto a justificativa oficial americana fala em “combate ao tráfico de drogas”.
Para analistas como José Kobori e Tabata Amaral, a narrativa antidrogas funciona como fachada para um jogo maior: pressão econômica, disputa por petróleo e recado político contra a aproximação da Venezuela com China e Rússia. O tema volta a colocar democracias latino-americanas diante de um dilema sobre como responder ao aumento da tensão.
Quem está no centro da crise
De um lado, os Estados Unidos reforçam presença militar no Caribe, alegando a necessidade de conter o tráfico internacional.
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Mas críticos lembram que o país já manteve alianças com regimes autoritários quando seus interesses econômicos foram favorecidos.
O petróleo venezuelano é o ativo estratégico que explica a atenção americana.
Do outro, o governo Maduro é descrito como ditadura por seus opositores, marcado por repressão política, crise humanitária e eleições contestadas.
Ainda assim, conta com apoio diplomático e econômico de China e Rússia, o que reduz as chances de uma escalada militar direta dos EUA.
Quanto pesa o petróleo na equação
A Venezuela possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo e segue como fornecedora importante para mercados estratégicos.
Para analistas, a movimentação de navios americanos serve como mensagem direta: o controle sobre esse recurso continua no centro da geopolítica global.
Além do petróleo, a crise também é uma disputa por influência.
Enquanto os EUA tentam preservar hegemonia no continente, China e Rússia atuam como contrapeso, sustentando o regime de Maduro.
Nesse tabuleiro, aliados regionais — como Brasil, Colômbia e México — se tornam peças-chave na forma como a pressão externa será absorvida.
Onde entram os países vizinhos
O Brasil, por ser vizinho imediato, aparece no debate como ator que deveria assumir postura mais firme.
Para Tabata Amaral, governos latino-americanos falharam em apoiar o povo venezuelano ao relativizar violações por afinidade ideológica.
A proposta seria pressionar por eleições livres e apoiar a soberania venezuelana, sem tutelas externas.
Essa linha defende que a solução deve vir de dentro da Venezuela, mas com respaldo explícito das democracias regionais.
O desafio é equilibrar uma postura firme contra abusos de Maduro com a contenção de aventuras militares dos EUA, que poderiam desestabilizar toda a região.
Por que a escalada preocupa
Para José Kobori, o risco é que o “combate às drogas” seja apenas porta de entrada para justificativas de intervenções mais amplas.
Ele lembra que, historicamente, os EUA usaram narrativas semelhantes em diferentes contextos para proteger interesses estratégicos.
Ainda assim, uma incursão militar é considerada improvável.
China e Rússia funcionam como fator de dissuasão, e os custos políticos de uma guerra aberta na América do Sul seriam elevados.
O mais provável, segundo os analistas, é a continuidade da pressão econômica e diplomática.
O cenário mostra que o petróleo segue como fator central da disputa, mas que a legitimidade para ações militares externas é frágil.
Democracias regionais defendem que a saída seja política, baseada em eleições livres e maior participação da sociedade venezuelana.
Você acredita que os navios dos EUA perto da Venezuela são uma medida legítima contra Maduro ou apenas mais uma disputa por petróleo e poder? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua análise.