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Navios carregando arroz e outros grãos enfrentam um risco único de instabilidade devido ao fenômeno conhecido como “ângulo de reserva”, que pode alterar drasticamente o centro de gravidade da embarcação

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 05/05/2024 às 12:53
Navios carregando arroz e outros grãos enfrentam um risco único de instabilidade devido ao fenômeno conhecido como "ângulo de reserva", que pode alterar drasticamente o centro de gravidade da embarcação
Foto: IA/Representação

O transporte de arroz e outros grãos por navios apresenta desafios únicos de estabilidade devido ao fenômeno do ângulo de reserva, onde o deslocamento da carga pode alterar drasticamente o centro de gravidade da embarcação, elevando o risco de tombamento ou afundamento se medidas preventivas adequadas não forem aplicadas.

O transporte de arroz por navios pode parecer simples, mas esconde uma complexidade que já levou à perda de grandes embarcações. Quando carregados em grandes quantidades, os grãos, incluindo o arroz, apresentam um comportamento que pode comprometer a estabilidade dos navios, especialmente em condições de mar agitado. Esse risco surge de um conceito conhecido como ângulo de reserva.

O ângulo de reserva é basicamente o ângulo máximo em que uma pilha de grãos consegue se manter estável sem deslizar. No contexto de um navio, quando a embarcação se inclina além desse ângulo crítico durante a navegação, o arroz pode começar a deslizar dentro do porão, alterando o centro de gravidade do navio e, potencialmente, levando a uma inclinação perigosa ou até ao capotamento do navio.

Problema dos grandes navios não é exclusivo do arroz; ele se aplica a todos os tipos de grãos e mesmo ao minério de ferro, que tem seu próprio ângulo de segurança

Este problema não é exclusivo do arroz; ele se aplica a todos os tipos de grãos e mesmo ao minério de ferro, que tem seu próprio ângulo de segurança. O deslocamento de qualquer carga sólida que se comporte de forma semelhante pode provocar alterações no equilíbrio do navio, que se torna suscetível a afundamentos ou tombamentos.

Para mitigar esses riscos, medidas rigorosas são adotadas no carregamento dos navios. A carga precisa ser distribuída de forma a maximizar a estabilidade, e é crucial não deixar espaços vazios que permitam o deslocamento dos grãos. Apesar dessas precauções, a natureza dos grãos faz com que eles se assentem e compactem durante a viagem, criando vazios no topo da carga que podem levar a deslocamentos perigosos sob condições adversas.

Navios que transportam grãos são obrigados a ter um coeficiente de estabilidade maior do que outras embarcações

Navios que transportam grãos são obrigados a ter um coeficiente de estabilidade maior do que outras embarcações. Por exemplo, enquanto a maioria dos navios deve manter um GM (métrica que indica a estabilidade) mínimo de 15 cm, navios graneleiros precisam de pelo menos 30 cm. Esse requisito visa proporcionar uma margem de segurança adicional, pois um GM maior diminui a probabilidade de capotamento em caso de deslocamento da carga.

Entrada em porões que contêm grãos também pode ser fatal para a tripulação

O deslocamento da carga não é o único perigo em navios graneleiros. A entrada em porões que contêm grãos também pode ser fatal para a tripulação, devido à possível presença de gases tóxicos ou falta de oxigênio, um risco que é frequentemente subestimado.

O transporte de arroz e outros grãos em larga escala por navios é uma operação que requer planejamento cuidadoso e medidas de segurança rigorosas. Esses procedimentos são essenciais para garantir que tanto a carga quanto a tripulação cheguem a seu destino de forma segura. Este fenômeno ilustra a complexidade das operações marítimas e a importância de respeitar as leis da física e da natureza no transporte marítimo.

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Rafaela Fabris

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