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Navio fantasma: novas polêmicas envolvendo antigo porta-aviões da Marinha impedido de atracar em Suape

Escrito por Junior Aguiar
Publicado em 08/12/2022 às 21:34
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Casco está cheio de substâncias que ameaçam o meio-ambiente e a saúde

Casco está cheio de substâncias que ameaçam o meio-ambiente e a saúde. Por isso foi barrado no porto pernambucano.

Enquanto permanece sem destino definido, o porta-aviões São Paulo, o maior navio de guerra que a Marinha brasileira já teve (266 metros e quase 6 mil compartimentos), continua causando polêmicas. A embarcação está carregada com cerca de 10 toneladas de amianto (material cancerígeno) e possivelmente contaminado com outros materiais tóxicos e radioativos. Ele partiu do Rio de Janeiro com destino à Turquia ainda em agosto, após ser arrematado por um estaleiro turco. Porém, teve que voltar ao Brasil, pois o governo de Marrocos recebeu um alerta do Greenpeace sobre o perigo sanitário e ambiental. A ordem da Marinha era para que atracasse no Porto de Suape, em Pernambuco.

O Governo de Pernambuco então acionou a Justiça Federal para que o casco não fosse atracado em Suape devido ao risco ambiental, à saúde e à própria operação portuária, pois dos cinco berços de atração comercial, dois são destinados a movimentação de contêineres, e o navio-fantasma iria ocupar mais dois por conta de seu tamanho, restando um único berço para todas as demais operações no local, o que causaria um congestionamento nas operações portuárias.

Na manhã do último sábado (03), o rebocador ALP Centre, que vagou por meses levando o casco contaminado, foi substituído pelo ALP Guard e voltou ao Rio de Janeiro, sendo que quando passava por Alagoas, teria desligado o sistema de localização. Ambos rebocadores pertencem à empresa holandesa Maritime Services & Trading (MSK). A companhia disse que o ALP Centre continua seguindo para o Rio de Janeiro e que acredita que houve alguma dificuldade de captação na resposta costeira.

A MSK disse ainda que a substituição do rebocador aconteceu porque no Porto de Suape não havia combustível para o reabastecimento. Por outro lado, o porto pernambucano informou que não recebeu pedido algum de reabastecimento. E que tem sim combustível no atracadouro. O casco permanece a cerca de 30 quilômetros de distância da costa pernambucana (17 milhas náuticas) com monitoramento por uma corveta da Marinha.

Vídeo conta história do ex-porta-aviões da Marinha, impedido de atracar em Suape

Dona dos rebocadores estuda processar Governo de Pernambuco com pedido de indenização milionária

O advogado da MSK no Brasil, Zilan Costa e Silva, afirma que está avaliando a possibilidade de entrar com ação judicial contra o Governo de Pernambuco para pedir US$ 2 milhões. A eventual indenização seria apara cobrir os gastos que a empresa está tendo para manter o casco em alto mar. “Enquanto o navio segue aguardando a decisão das autoridades, são consumidas cerca de 20 toneladas de combustível”, afirma o Costa e Silva.

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Polêmica chega às páginas políticas

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o deputado estadual Waldemar Borges (PSB), reagiu contra a empresa turca SÖK Denizcilik Ticaret Limited, proprietária do ex-porta-aviões da Marinha brasileira. Na justificativa do pedido de voto de repúdio, o parlamentar chamou a situação de “tentativa de invasão” e disse ainda que a companhia “não é bem-vinda”. Confira a nota na íntegra:

Para os que ainda defendem tal absurdo, basta afirmar que, pelas mesmas razões – sejam quais forem – que fizeram autoridades turcas e cariocas proibirem a sua entrada em seus portos, nós aqui em Pernambuco também não queremos esse navio em Suape.

“Nossas autoridades têm sido firmes ao reagirem contra essa tentativa de invasão. Ao lado delas, estão unidas e solidárias nesse repúdio, toda a comunidade portuária, ambientalistas, pescadores e várias entidades nacionais e internacionais que cuidam da questão ambiental, a exemplo do renomado Greenpeace”, disse o deputado em sua justificativa.

“Em outras palavras, para causar danos ao nosso meio ambiente e ameaçar o bom funcionamento do nosso porto, você não é bem-vinda aqui, SOK”.

“E os que defendem seus interesses em terras, ou mares pernambucanos, certamente não conhecem a nossa tradição de receber bem aos que aqui chegam para agregar, mas também de não aceitar invasores indesejados. Pernambuco também não os quer. Voltem para suas terras

Fonte: Assembleia Legislativa de Pernambuco

A SÖK Denizcilik Ticaret Limited reagiu às palavras de Waldermar Borges, o acusando de fala xenófoba. O advogado da empresa turca, Zilan Costa e Silva escreveu uma nota. Confira na íntegra:

As empresas turcas MSK Maritime Services & Trading e a SÖK Denizcilik Ticaret Limited, respectivamente transportadora e estaleiro agora proprietário do ex-portaaviões Nae São Paulo, repudiam veementemente o requerimento de Voto de Protesto do deputado estadual Waldemar Borges (PSB-PE) contra a empresa.

Em um texto xenófobo e sem nenhum conhecimento técnico, ele descreve o porta-aviões como “depósito de lixo tóxico”, e finaliza sua explanação com a expressão “voltem para suas terras”.

Em seu requerimento, afirma ainda que “para causar danos ao nosso meio ambiente e ameaçar o bom funcionamento do nosso porto, você não é bem-vinda aqui, SÖK”.

A MSK Maritime Services & Trading e a SÖK Denizcilik Ticaret Limited lamentam profundamente os comentários xenófobos proferidos pelo parlamentar pernambucano ao apresentar o requerimento de Voto de Protesto contra a empresa turca e que, consequentemente, atingem toda a população turca.

De acordo com a Constituição Brasileira de 1988 xenofobia é crime, com punição ao agressor com multa e reclusão de um a três anos”.

Nota escrita pelo advogado Zilan Costa e Silva

Ambientalistas protestam contra a chegada do porta-aviões que virou navio fantasma

Ambientalistas de várias instituições chegaram a realizar um protesto em frente à Capitania dos Portos da Marinha, no Recife, contra a possibilidade de chegada do navio fantasma, pois temem os riscos ambientais que a embarcação pode trazer.

“Sabidamente ele tem uma carga de amianto e foi pintado com elemento que pode conter radioatividade. É preciso ter muita sensatez para avaliar o potencial perigo que isso possa trazer ao nosso meio ambiente”, disse Alexandre Carvalho, presidente do Instituto de Pesquisas e Preservação Ambiental de Pernambuco.

Junior Aguiar

Jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco | Produtor de conteúdo web, analista, estrategista e entusiasta em comunicação.

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