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Nascidos entre 1997 e 2012 encurralados, empresas cortam vagas e recrutadores encontram novo substituto para profissionais iniciantes

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 15/10/2025 às 14:34
Nascidos entre 1997 e 2012 encurralados, empresas cortam vagas
42% dos graduados nascidos entre 1997 e 2012 acreditam que a IA já reduziu suas perspectivas de emprego.
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Enquanto jovens da Geração Z buscam suas primeiras oportunidades profissionais, as empresas voltam seus investimentos para a IA e tecnologia que prometia facilitar o trabalho pode estar eliminando as portas de entrada no mercado.

O mercado de trabalho brasileiro passa por uma transformação radical. Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company revelou que 42% dos graduados nascidos entre 1997 e 2012 acreditam que a IA já reduziu suas perspectivas de emprego. O cenário é ainda mais preocupante quando se observa a preferência das empresas.

De acordo com o estudo “Futuro do Trabalho” do Fórum Econômico Mundial, 58% das empresas esperam recrutar funcionários com novas habilidades e 48% planejam transitar funcionários de funções em declínio para funções em crescimento. A mensagem é clara: as organizações preferem treinar quem já está dentro ou investir em tecnologia do que dar chance aos jovens que estão chegando.

Os números são alarmantes. Estudos internacionais indicam que cerca de 40% das empresas acreditam que, nos próximos cinco anos, substituir cargos básicos pela inteligência artificial será uma prática comum. Aproximadamente 39% dos executivos já admitiram que reduziram ou cortaram funções de entrada para aumentar a eficiência com o uso de tecnologia.

A situação torna-se ainda mais complexa quando empresários revelam suas verdadeiras intenções. Cerca de 20% dos líderes empresariais acreditam que todas ou a maioria das tarefas realizadas por funcionários iniciantes podem ser substituídas por inteligência artificial. Para esses executivos, investir em tecnologia é uma forma de garantir produtividade sem enfrentar os altos custos de capacitação humana.

Profissões em risco: quem está na mira da automação

A substituição já começou e tem alvo certo. Entre os empregos que sofrerão declínio estão os de funcionários de serviços postais, caixas bancários, operadores de entrada de dados, assistentes administrativos e secretárias executivas, auxiliares de contabilidade e atendentes de transporte.

empresas cortam vagas devido a automação
A tecnologia avança em áreas consideradas básicas.

São justamente essas funções que tradicionalmente serviam como porta de entrada para jovens profissionais. Cargos que permitiam aprender, ganhar experiência e construir uma carreira agora estão sendo eliminados ou drasticamente reduzidos.

A tecnologia avança em áreas consideradas básicas. Tarefas repetitivas, análise de dados, atendimento ao cliente e até mesmo produção de textos simples já podem ser realizadas por sistemas automatizados. O que antes era trabalho para estagiários ou assistentes hoje é função de algoritmos que trabalham 24 horas por dia, sem pausas ou salários.

Estudos do Goldman Sachs estimam que a inteligência artificial pode substituir o equivalente a 300 milhões de empregos em tempo integral no mundo. No Brasil, 37% das habilidades dos trabalhadores deverão mudar nos próximos cinco anos, migrando para áreas como inteligência artificial, Big Data e pensamento crítico.

O mercado brasileiro acelera a adoção da IA

As empresas brasileiras não estão ficando para trás nessa corrida tecnológica. De acordo com o Barômetro Global de Empregos em IA 2025 da PwC, no Brasil, o número de vagas que exigem conhecimento em inteligência artificial saltou de 19 mil em 2021 para 73 mil em 2024.

O movimento, porém, não beneficia quem está começando. De acordo com levantamento, nove entre dez empresas no Brasil planejam aprimorar suas habilidades em tecnologia. No entanto, as companhias brasileiras preferem contratar profissionais “prontos” a formá-los.

Especialistas alertam para o problema. Segundo Hugo Tadeu, diretor da Fundação Dom Cabral, a área de gestão de pessoas no Brasil precisa fazer uma atualização urgente. As empresas preferem demitir e contratar profissionais qualificados, quando a solução deveria estar na qualificação da mão de obra existente.

Para o segundo trimestre de 2025, 48% das empresas brasileiras pretendem elevar sua força de trabalho. Entre os setores com expectativas mais altas, o de Tecnologia da Informação lidera com 39%. Mas há um problema: essas vagas exigem experiência e conhecimentos avançados que a maioria dos jovens da Geração Z ainda não possui.

A resposta silenciosa dos jovens nascidos entre 1997 e 2012, Geração Z

Diante desse cenário desafiador, os jovens da estão reagindo de forma pragmática. Uma pesquisa do Glassdoor confirma essa tendência: 70% dos jovens da geração Z relatam que a presença da IA no trabalho os fez repensar sua segurança profissional.

A reação não é de pânico, mas de adaptação estratégica. Estudantes e recém-formados estão buscando áreas onde a tecnologia ainda não pode substituir completamente o ser humano. Profissões que exigem criatividade, empatia, pensamento crítico e contato humano direto tornaram-se mais atraentes.

Alguns depoimentos ilustram essa mudança. Um estudante recém-formado declarou: “quero um emprego que um robô não consiga tirar de mim. Estou pensando em seguir para o setor industrial, principalmente construção civil.” Outro, mais receptivo à inteligência artificial, contou: “estou considerando a área da saúde. É difícil imaginar um mundo em que a medicina não precise de humanidade.”

Como nativos digitais, muitos membros da geração Z já estão a integrar ferramentas de IA no seu trabalho. Um relatório do LinkedIn e da Microsoft revelou que 85% estão a trazer ferramentas de IA como o ChatGPT para o local de trabalho. Isso mostra que, apesar dos desafios, essa geração está disposta a aprender e usar a tecnologia a seu favor.

O equilíbrio necessário entre humanos e máquinas

Especialistas defendem que a solução não está em escolher entre pessoas ou tecnologia, mas em encontrar o equilíbrio entre ambos. A diretora executiva da BSI, Susan Taylor Martin, afirmou que “a IA representa uma enorme oportunidade para empresas em todo o mundo”, mas reforçou que “são as pessoas que impulsionam o progresso”.

Martin destacou ainda que há uma necessidade urgente de pensar no longo prazo. Segundo ela, o investimento em tecnologia deve vir acompanhado de políticas voltadas à qualificação e ao bem-estar dos trabalhadores. Caso contrário, o risco é criar uma geração excluída do mercado.

As empresas precisam repensar suas estratégias. A tecnologia deve ser usada para potencializar o trabalho das pessoas, não para substituí-las completamente. Isso exige programas de capacitação, incentivo à criatividade e abertura para novas formas de trabalho.

O Fórum Econômico Mundial prevê a criação de 170 milhões de novos postos de trabalho até 2030, o que representa 14% do total de empregos atuais. Esse crescimento deve ser compensado pela substituição de 92 milhões dos empregos atuais. O resultado líquido é positivo, mas a transição será dolorosa para quem estiver desqualificado.

Habilidades que farão a diferença

Para sobreviver e prosperar neste novo mercado, a Geração Z precisa desenvolver competências específicas. As habilidades mais demandadas incluem pensamento analítico (69%), resiliência, flexibilidade e agilidade (67%), liderança e influência social (61%), pensamento criativo (57%) e alfabetização tecnológica (51%).

O conhecimento em inteligência artificial deixou de ser diferencial para se tornar essencial. Mas não basta apenas saber usar as ferramentas. É preciso entender como elas funcionam, quando aplicá-las e como combiná-las com habilidades humanas insubstituíveis.

Dois terços dos gestores dizem que não contratariam alguém sem competências em IA e 71% dizem que prefeririam um candidato menos experiente com competências em IA a um mais experiente sem essas competências. A mensagem é clara: quem não se adaptar ficará para trás.

Por outro lado, as capacidades que distinguem humanos de máquinas — como criatividade, empatia, pensamento crítico e capacidade de trabalhar em equipe — estão mais valorizadas do que nunca. A combinação dessas habilidades “humanas” com domínio tecnológico é o diferencial competitivo do futuro.

Um futuro ainda em construção

A relação entre a Geração Z e o mercado de trabalho ainda está sendo moldada. O avanço da inteligência artificial é inevitável, mas isso não significa o fim das oportunidades. Pode marcar o início de uma nova era, em que humanos e máquinas trabalham lado a lado, cada um com seu papel.

O desafio é grande, mas não intransponível. As empresas precisam assumir sua responsabilidade social e investir na formação dos jovens profissionais. Os governos devem criar políticas públicas que incentivem a qualificação e protejam trabalhadores em transição. E os jovens da Geração Z precisam se manter atualizados, flexíveis e dispostos a aprender continuamente.

A tensão entre as gerações se intensifica num cenário onde a inteligência artificial ameaça substituir justamente os empregos de entrada, os mesmos que a Geração Z já enfrenta dificuldades em conquistar. Mas a história mostra que cada revolução tecnológica, por mais disruptiva que seja, acaba criando novas oportunidades para quem souber se adaptar.

O futuro do trabalho não está escrito. Dependerá das escolhas que empresas, governos e trabalhadores fizerem hoje. A Geração Z pode ser a primeira a crescer numa economia verdadeiramente híbrida, onde a colaboração entre humanos e máquinas define o sucesso. Ou pode ser a geração mais prejudicada por uma transição mal gerida. A resposta está nas mãos de todos.

E você, o que pensa sobre essa transformação no mercado de trabalho? As empresas estão certas em priorizar a tecnologia ou deveriam investir mais nos jovens profissionais? A Geração Z conseguirá se adaptar a tempo ou enfrentará um “apocalipse do emprego”? Deixe sua opinião nos comentários.

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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