NASA enfrenta possível corte de 20% no orçamento do Telescópio James Webb, ameaçando a continuidade de descobertas astronômicas revolucionárias apenas quatro anos após seu lançamento
O Telescópio Espacial James Webb (JWST), um dos projetos mais ambiciosos da NASA, pode sofrer cortes de até 20% em seu orçamento. A redução afetaria todos os aspectos das operações do observatório, administrado pelo Space Telescope Science Institute (STScI) em Maryland.
A decisão preocupa os cientistas, pois o telescópio ainda tem metade da missão pela frente e é mais requisitado do que nunca.
A NASA tem enfrentado restrições orçamentárias em diversas frentes. O pedido de orçamento para 2025 prevê US$ 317 milhões para o Webb, o Telescópio Espacial Hubble e o Observatório de Raios X Chandra.
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No entanto, tanto o Hubble quanto o Chandra também enfrentam cortes, sendo que este último pode encerrar suas operações em 2029. A diferença é que o Webb, lançado em 2021, está no auge de seu desempenho.
Impactos dos cortes no James Webb
Os cortes orçamentários podem afetar áreas essenciais da missão, como a revisão de propostas científicas, análise de dados e monitoramento do observatório. Tom Brown, líder do escritório da missão Webb no STScI, afirmou que a redução de recursos pode comprometer seriamente a missão.
Durante a 245ª reunião da American Astronomical Society (AAS), ele alertou que os cortes podem atingir toda a operação do telescópio.
Desde seu lançamento, o Webb tem superado as expectativas. Suas imagens infravermelhas proporcionaram descobertas importantes sobre a formação de galáxias, exoplanetas e a evolução do universo.
No entanto, os custos operacionais do telescópio foram definidos como “idealisticamente baixos” em 2011, quando o projeto escapou do cancelamento. Agora, com a inflação e a falta de flexibilidade no orçamento da NASA, as previsões da missão estão ameaçadas.
Os impactos dos cortes devem ser sentidos a partir de outubro, com o início do próximo ano fiscal. Brown explicou que a redução do orçamento afetará diretamente a quantidade de ciência que o Webb poderá produzir. “É um corte enorme. Não é como tentar mordiscar as bordas, isso impacta tudo em geral, até quantos modos estamos oferecendo aos observadores”, disse em entrevista ao Space.com.
O histórico conturbado de James Webb
O desenvolvimento do Telescópio Espacial James Webb foi marcado por dificuldades. O projeto teve atraso, estouros de orçamento e até mesmo ameaças de cancelamento.
Em 2011, o Comitê de Apropriações da Câmara dos EUA propôs interromper a missão, mas a decisão foi revertida após pressão da comunidade científica e de políticos influentes.
Apesar dos desafios, o Webb foi lançado em dezembro de 2021 e demonstrou rapidamente seu valor. Sua capacidade de observação em infravermelho permite enxergar objetos extremamente distantes, fornecendo detalhes sem precedentes sobre o universo primitivo.
Cientistas destacam que o telescópio está entregando ciência de ponta em todos os campos para os quais foi projetado.
Com sua missão principal prevista para durar dez anos, a expectativa é que a vida útil do Webb se estenda por pelo menos duas décadas.
Outros telescópios afetados
Além do James Webb, outros telescópios espaciais da NASA estão em situação delicada. O Telescópio Espacial Hubble, que completa 35 anos em 2024, pode perder 20% do seu orçamento.
Apesar da idade avançada, o Hubble continua fornecendo dados valiosos para a astronomia. Já o Observatório de Raios X Chandra enfrentou uma redução ainda mais drástica. O orçamento para 2025 prevê uma descontinuação gradual da missão, com corte progressivo de recursos até 2029.
O cenário é preocupante, pois esses observatórios fazem parte dos “Grandes Observatórios” da NASA, um grupo de missões dedicado ao estudo do cosmos em diferentes espectros eletromagnéticos. Se os cortes forem confirmados, a capacidade de pesquisa da agência será significativamente menor.
Contexto político e incertezas
A situação orçamentária da NASA está inserida em um contexto político mais amplo. Após a posse do presidente Donald Trump, foi criado o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado pelo CEO da SpaceX, Elon Musk.
A iniciativa tem como objetivo reduzir gastos federais, incluindo cortes em agências como a USAID, que fornece ajuda humanitária internacional.
As mudanças podem impactar diretamente a NASA. Estima-se que até mil empregos na agência estejam ameaçados, embora demissões em longa escala tenham sido evitadas até o momento.
Além disso, Trump nomeou Jared Isaacman, empresário bilionário e astronauta particular, para assumir a administração da NASA. No entanto, a sua nomeação ainda precisa ser confirmada.
Enquanto a NASA enfrenta incertezas sobre seu orçamento e liderança, a comunidade científica busca alternativas para minimizar os impactos. Cientistas e astrônomos defendem a importância do Telescópio Espacial James Webb e alertam para as consequências de uma redução possível de recursos.
Com informações de Live Science.