Paraná investe em pavimento de concreto para modernizar 500 km de rodovias, reduzir custos de manutenção e aumentar a durabilidade das estradas. O projeto é o maior do tipo no Brasil e promete transformar a infraestrutura viária estadual.
O Paraná lidera um projeto inédito no país: mais de R$ 3,1 bilhões estão sendo aplicados em 500 quilômetros de rodovias estaduais em concreto.
Nesta segunda-feira (01), o Engenheiro Civil Wilson Leite Junio lembrou em seu canal do Youtube que o programa, lançado para transformar a infraestrutura viária, aposta em um pavimento mais resistente, capaz de suportar cargas pesadas e reduzir custos de manutenção ao longo das próximas décadas.
Concreto ganha espaço nas estradas brasileiras
Ao contrário do asfalto convencional, o concreto apresenta vida útil até três vezes maior.
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Enquanto o recapeamento asfáltico costuma durar de cinco a oito anos, o pavimento rígido pode resistir de 20 a 30 anos, segundo especialistas.
A escolha atende principalmente às rodovias de maior fluxo de caminhões, onde o desgaste costuma ser acelerado.
Esse tipo de solução não foi adotado antes em larga escala por conta do alto custo do cimento, que tornava a opção menos competitiva frente ao asfalto.
Com a elevação do preço dos derivados de petróleo, no entanto, o cenário se inverteu.
Hoje, o concreto se apresenta como uma alternativa mais econômica no ciclo de vida da estrada.
Técnicas aplicadas nas obras
O plano combina duas formas de execução.
A primeira é a construção completa do pavimento, que começa no preparo do solo, segue com base e subbase reforçadas e recebe as placas de concreto.
A segunda é o whitetopping, método que utiliza o asfalto existente como base estrutural e aplica sobre ele uma camada de concreto, técnica considerada mais rápida em alguns trechos.
Para garantir a durabilidade, os engenheiros instalam barras de transferência entre as placas, permitindo que o peso seja distribuído de maneira uniforme.
No eixo longitudinal, barras de ligação evitam movimentações paralelas entre as faixas.
A superfície recebe acabamento rugoso, chamado de vassourado, que melhora a aderência em dias de chuva e amplia a segurança.
Principais frentes em andamento
Diversas regiões do estado já recebem investimentos.
No Sudoeste, a PRC-280 soma 140 quilômetros de whitetopping, conectando municípios produtores de grãos ao eixo das concessões.
Nos Campos Gerais, a PR-151 passa por recuperação em concreto em um trecho de 32,7 quilômetros entre Ponta Grossa e Palmeira, com implantação de terceiras faixas e obras de arte.
Na região Central, a PRC-466 é duplicada em concreto em duas etapas. O lote Pitanga–Turvo, com 45,5 quilômetros, envolve R$ 514 milhões.
Já o trecho Palmeirinha–Turvo soma 27 quilômetros e recebe R$ 293,7 milhões. As intervenções incluem viadutos e pontes para ampliar a capacidade.
O Litoral acompanha a duplicação da PR-412, de Matinhos a Pontal do Paraná, com 14,2 quilômetros e R$ 274 milhões investidos.
A obra prevê marginais e iluminação em LED, adequando a via ao aumento de fluxo na temporada de verão.
Na Região Metropolitana de Curitiba, a Rodovia dos Minérios (PR-092) avança com pista em concreto, marginais, viaduto, ciclovia e nova sinalização.
Outro destaque é a ligação Mandirituba–São José dos Pinhais, que soma 26,6 quilômetros em pavimento rígido, facilitando o escoamento produtivo até o aeroporto.
Mais segurança e menor custo de manutenção
Além da robustez estrutural, o concreto traz benefícios diretos para motoristas.
O acabamento texturizado melhora a frenagem em pista molhada, enquanto a cor clara aumenta a refletividade da estrada durante a noite.
Na perspectiva econômica, a principal vantagem está na redução de manutenções recorrentes.
Como o pavimento resiste mais tempo sem necessidade de recapeamento, o custo ao longo dos anos cai de forma significativa. Isso também significa menos interrupções no tráfego para obras emergenciais.
Detalhes técnicos que fazem a diferença
No whitetopping, a aplicação depende da condição térmica da superfície asfáltica.
Caso o pavimento esteja muito aquecido, é necessário resfriamento ou tratamento prévio antes da concretagem, de modo a evitar fissuras por perda rápida de água na cura.
Já nas obras de nova construção, o preparo do subleito e o alinhamento das barras são fundamentais para evitar falhas estruturais.
Outro ponto de atenção está na cura do concreto. Manter a umidade adequada evita trincas e garante resistência.
Se cada etapa é cumprida corretamente, o pavimento ganha longevidade e suporta tráfego intenso sem perda de qualidade.
Impactos ambientais e logísticos
Ao substituir camadas asfálticas por concreto, o estado reduz a dependência de derivados de petróleo.
O menor número de reparos também diminui emissões associadas a obras frequentes e melhora a eficiência logística, já que os caminhões enfrentam menos paradas em trechos em manutenção.
O programa ainda gera efeitos indiretos: empregos no setor da construção civil, maior competitividade para a produção agrícola e industrial e encurtamento dos tempos de deslocamento.
Um modelo para outros estados
Com 18 trechos em execução ou já concluídos, o Paraná consolida uma estratégia inédita no país.
Ao adotar o concreto em larga escala, o estado testa um modelo que pode ser replicado em corredores logísticos de alto tráfego em outras regiões brasileiras.
Agora, a questão que fica é: será que a pavimentação em concreto pode se tornar uma nova tendência nas principais rodovias do Brasil?