Novo plano nacional quer modernizar ônibus e reconquistar passageiros no Brasil, investindo em veículos elétricos, tecnologia, subsídios públicos e sistemas mais eficientes. Mudança pode transformar cidades.
A busca por soluções para revitalizar o transporte público urbano no Brasil ganhou novo fôlego em 2025, com empresas e governos empenhados em reverter a queda de passageiros registrada desde a pandemia de covid-19.
O setor aposta em uma estratégia ambiciosa que envolve a renovação da frota, aceleração dos deslocamentos, modernização dos sistemas, além de negociações por contratos mais estáveis e incremento nos investimentos públicos.
As ações visam tornar o transporte coletivo mais atraente e eficiente, disputando espaço com alternativas como aplicativos de transporte, carros particulares e motocicletas, que ganharam popularidade nos últimos anos.
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Queda de passageiros no transporte coletivo
A crise sanitária de 2020 acentuou uma tendência já percebida nas cidades brasileiras: a migração dos usuários do transporte coletivo para meios individuais.
Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostram que, cinco anos após o auge da pandemia, apenas o Distrito Federal conseguiu recuperar totalmente o fluxo de passageiros anterior à crise.
Em outros grandes centros, o cenário é de adaptação, com empresas enfrentando desafios para retomar a confiança dos usuários.
Segundo a Pesquisa Origem e Destino do Metrô de São Paulo, em 2024, as viagens motorizadas individuais — realizadas por carros e motos — já correspondiam a 51,2% dos deslocamentos na região metropolitana, superando os modais coletivos.
No ano de 2017, o panorama era inverso: os coletivos eram responsáveis por 54,1% das viagens.
O avanço do home office e o aumento dos serviços por aplicativos, além do crescimento do mototáxi, especialmente nas periferias e em cidades do interior, colaboraram para essa inversão.
Apesar da proibição do mototáxi na capital paulista, o serviço está disponível em cidades da Grande São Paulo e em capitais de outros estados.
Corridas curtas, frequentemente, possuem valores equiparados ao das tarifas de ônibus, tornando-se opção viável para muitos trabalhadores.
Mudança de comportamento dos passageiros
Especialistas apontam que a comodidade, o tempo reduzido de deslocamento e o preço competitivo influenciam diretamente na escolha pelo transporte individual.
Conforme Edmundo Carvalho Pinheiro, presidente do Conselho Diretor da NTU, há uma divisão clara de perfil: “Pessoas de renda mais alta tendem a optar pelo carro devido ao conforto, enquanto outras migraram para as motocicletas em busca de agilidade”, afirmou.
Ele destaca ainda a perda de atratividade do ônibus para deslocamentos de até 5 quilômetros, segmento no qual os aplicativos têm conquistado espaço.
O aumento do número de veículos particulares nas ruas, no entanto, traz consequências sérias para a mobilidade urbana.
O trânsito mais intenso, o crescimento da poluição e a limitação física para expansão de avenidas e estacionamentos agravam o cenário das cidades.
A experiência da Marginal Tietê, em São Paulo, serve de exemplo: mesmo com a ampliação de pistas em 2010, a via voltou a enfrentar congestionamentos poucos meses após a entrega das obras.
Segundo especialistas, soluções que priorizam o transporte individual tendem a ser paliativas e não resolvem o problema estrutural da mobilidade.
Modernização do sistema e plano de revitalização
Diante desse desafio, empresas e gestores públicos lançaram, em maio de 2025, um plano nacional para reconquistar passageiros e recuperar a eficiência do transporte coletivo.
A proposta prevê investimentos robustos na compra de veículos modernos — incluindo ônibus elétricos, que são mais silenciosos e emitem menos poluentes — e na adoção de tecnologias voltadas à agilidade operacional.
O objetivo, de acordo com Edmundo Pinheiro, é entregar ao cidadão um serviço com mais conforto, segurança e confiabilidade, capaz de competir em igualdade com as alternativas individuais.
A renovação da frota de ônibus é um dos pilares do plano, mas enfrenta obstáculos financeiros significativos.
Um ônibus novo movido a diesel custa cerca de R$ 800 mil, enquanto o modelo elétrico pode ultrapassar R$ 2,4 milhões.
Além do custo elevado, a infraestrutura para abastecimento de veículos elétricos ainda é limitada, principalmente nas grandes cidades, onde a demanda por energia é crescente.
São Paulo, que lidera o processo de eletrificação do transporte público, tem esbarrado em dificuldades para garantir fornecimento suficiente de energia nas garagens.
Investimentos públicos e subsídios
Para viabilizar a modernização, o setor pleiteia aumento de investimentos por parte dos governos municipais, estaduais e federal.
Entre as alternativas, destaca-se o modelo de remuneração dupla, já adotado em São Paulo: o passageiro paga uma tarifa acessível, enquanto o poder público complementa a receita das empresas para cobrir os custos reais do sistema.
Em 2024, a capital paulista destinou R$ 6,7 bilhões em subsídios ao transporte coletivo.
Outras cidades, no entanto, ainda dependem exclusivamente do valor arrecadado nas catracas, o que gera insegurança financeira e limita a capacidade de investir.
A instabilidade econômica dos contratos de concessão também restringe o acesso das empresas a linhas de crédito, dificultando o aproveitamento de programas federais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que disponibilizou R$ 8,4 bilhões para renovação de frota, construção de corredores exclusivos e implantação de sistemas inteligentes de gestão do tráfego.
Exemplos de sucesso: Brasília e Goiânia
Entre as cidades que conseguiram avanços notáveis, Brasília e Goiânia se sobressaem.
O Distrito Federal atingiu, em 2025, um índice de 108% no volume de passageiros em relação ao período pré-pandemia.
Mais de 1,1 milhão de pessoas utilizam diariamente uma frota cuja idade média não ultrapassa 2,1 anos, reflexo de investimentos contínuos e da política de congelamento das tarifas ao usuário, mantidas entre R$ 2,70 e R$ 5,50 desde 2020.
O governo local aportou R$ 914 milhões em subsídios no ano passado, o que correspondeu a 74% do custo operacional do sistema.
Goiânia também investiu na modernização da frota, renovando 1.200 ônibus, reformando 7.000 pontos de parada e adotando sistemas que priorizam os coletivos nos semáforos, aproximando o serviço ao conceito de “metrônização”.
O prefeito Sandro Mabel defende que intervenções rápidas, coordenadas e sustentadas por diferentes esferas do governo são essenciais para garantir eficiência e qualidade ao transporte público.
O futuro do transporte coletivo
O futuro do transporte coletivo no Brasil dependerá, em grande parte, da capacidade de governos e empresas de articular políticas integradas e investimentos contínuos, que tornem o sistema mais atraente diante das múltiplas opções de mobilidade existentes.
Diante desse novo cenário, será que o transporte público coletivo está preparado para recuperar o protagonismo nas cidades brasileiras? A volta dos ônibus pode mesmo ser a resposta para os desafios urbanos do século 21?
Their lab testing is structured to mirror anomaly detection techniques used in deep-space signal monitoring.