Lojas automatizadas se multiplicam na Coreia do Sul com funcionamento 24 horas e sem funcionários, impulsionadas por crise demográfica, alta de salários e avanço tecnológico
Na periferia de Seul, capital da Coreia do Sul, não é difícil encontrar lojas funcionando durante toda a madrugada. Sorveterias, papelarias, bares e até lojas de sushi operam sem a presença de um único funcionário. Os consumidores apenas escolhem o que desejam e pagam em um quiosque automático.
Esses estabelecimentos funcionam 24 horas por dia e estão se tornando comuns. Bares no centro da cidade também adotaram esse modelo.
Um exemplo é o Sool 24, criado por Kim Sung-rae. O nome significa “álcool 24 horas” e o bar opera com apenas duas pessoas, mesmo sendo necessário até 15 para uma operação convencional.
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Mudança forçada pelo mercado
Kim explica que antes tinha um bar tradicional, mas as receitas eram baixas. Com a adoção do sistema automatizado, os lucros aumentaram. Ele atribui essa mudança à combinação de dois fatores: aumento do salário mínimo e queda na taxa de natalidade.
Desde o ano 2000, o salário mínimo vem crescendo de forma constante. Atualmente, ele é de cerca de US$ 7 por hora, o equivalente a aproximadamente R$ 39. Para Kim, isso tornou inviável manter uma equipe numerosa. A alternativa foi adotar a automatização.
O país enfrenta ainda uma grave crise demográfica. Em 2023, a taxa de fertilidade foi de 0,72 filho por mulher, uma das mais baixas do mundo. Em 2024, subiu levemente para 0,75, mas ainda está longe do necessário para manter a população estável, que seria 2,1 filhos por mulher.
Pandemia acelerou mudanças
Durante a covid-19, o modelo de loja sem funcionário ganhou força. Com as medidas de distanciamento social, tornou-se uma opção viável para continuar vendendo sem aglomeração. Além disso, a geração mais jovem evita os chamados “empregos 3D” – difíceis, perigosos ou considerados humilhantes.
Muitos jovens sul-coreanos preferem atuar em áreas de alta tecnologia ou abrir o próprio negócio, segundo o deputado Cho Jung-hun, que integra o Comitê Permanente de Educação. Para ele, a tendência é inevitável e o país precisa investir onde o valor do trabalho é maior.
Setor cresce com apoio de empresas
Kwon Min-jae é um dos empreendedores que aproveitaram o cenário. Ele criou a empresa Brownie, especializada na gestão de lojas sem funcionários. Começou com duas unidades e hoje cuida de mais de 100. Sua equipe faz a limpeza, manutenção e abastecimento dos estabelecimentos.
Segundo Kwon, os donos preferem pagar entre US$ 100 e US$ 200 por mês para deixar o serviço com sua empresa. Isso reduz o esforço de gestão e aumenta a eficiência.
Segurança ajuda na expansão
A taxa de criminalidade também contribui para o sucesso desse modelo. Kim Sung-rae relata que já teve clientes que esqueceram de pagar e voltaram depois para quitar a compra. Para ele, o custo de manter seguranças é maior que eventuais perdas por furtos.
Com o avanço da tecnologia, outras profissões também podem desaparecer. A previsão é que até 2032 o país precise de quase 900 mil novos trabalhadores para manter sua meta de crescimento anual de 2%.
Mesmo com as preocupações dos sindicatos, muitos empreendedores seguem otimistas com o futuro das lojas automatizadas.
Com informações de BBC.