Catas Altas (MG), com apenas 5 mil habitantes, é o município mais rico do Brasil. Com PIB per capita de R$ 920 mil graças ao minério de ferro, supera países inteiros em renda, mas ainda enfrenta desafios sociais e de infraestrutura.
Quando se fala em riqueza, muitos imaginam grandes capitais, arranha-céus iluminados ou polos industriais de São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, o município mais rico do Brasil não está em nenhuma metrópole. O título pertence a Catas Altas, em Minas Gerais, uma cidade com cerca de 5 mil habitantes, que em 2021 registrou um PIB per capita de R$ 920.833,97, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse valor astronômico coloca a pequena cidade mineira à frente de capitais brasileiras e até de países europeus em termos de renda por pessoa. Um contraste que chama atenção, principalmente porque, apesar dos números grandiosos, a vida cotidiana da população está longe de refletir uma Suíça tropical.
Onde fica Catas Altas e por que é tão rica?
Catas Altas está localizada na região central de Minas Gerais, a cerca de 120 km de Belo Horizonte, em meio às montanhas da Serra do Caraça. O município, que preserva parte de seu charme colonial, é considerado pequeno até para padrões mineiros.
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O segredo de sua fortuna não está no comércio, nem no turismo, mas sim no subsolo: Catas Altas abriga uma das maiores áreas de extração de minério de ferro do país. Empresas como a Vale operam na região, garantindo cifras bilionárias que, quando divididas pelo número reduzido de moradores, fazem disparar o PIB per capita.
PIB per capita: quando a matemática engana
À primeira vista, a riqueza de Catas Altas impressiona: R$ 920 mil por habitante em 2021, segundo o IBGE. Mas esse número precisa ser interpretado com cautela.
O PIB per capita é o resultado da divisão do Produto Interno Bruto (a soma de todas as riquezas produzidas em um território) pelo número de habitantes. No caso de Catas Altas, o PIB é inflado pela extração mineral, mas a população pequena faz a média disparar.
Ou seja: isso não significa que cada morador tenha quase R$ 1 milhão na conta, mas sim que a cidade produz, proporcionalmente, uma das maiores riquezas do planeta em relação ao seu tamanho demográfico.
Comparação com países e capitais
Para entender a dimensão, basta comparar com outros lugares:
- O PIB per capita do Brasil em 2021 foi de R$ 40.688, de acordo com o IBGE.
- Em países como Portugal, a renda per capita gira em torno de R$ 130 mil anuais.
- Nos Estados Unidos, o valor é de cerca de R$ 370 mil por pessoa.
- Catas Altas, sozinha, atinge quase R$ 1 milhão por habitante — mais que o dobro da média norte-americana e mais de 20 vezes a média brasileira.
O contraste entre os números e a realidade
Apesar do posto de “município mais rico do Brasil”, Catas Altas enfrenta problemas comuns a pequenas cidades do interior.
Nem todos os moradores desfrutam do reflexo direto dessa riqueza, já que a maior parte dela fica concentrada nas empresas de mineração e nos repasses de impostos.
Moradores locais relatam que ainda faltam investimentos em infraestrutura urbana, saneamento e áreas de lazer. O desafio da administração municipal é justamente transformar números astronômicos em qualidade de vida palpável.
Como funciona a arrecadação?
Grande parte do dinheiro que eleva o PIB vem da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), uma espécie de royalty pago pelas mineradoras ao município.
Essa arrecadação garante um caixa robusto para a prefeitura, que pode investir em saúde, educação e obras públicas. Porém, como a economia é altamente dependente da mineração, há um risco de vulnerabilidade no futuro, caso a atividade reduza ou seja interrompida.
Outras cidades com riqueza mineral no topo
Catas Altas não está sozinha no pódio. Outros municípios pequenos, mas com forte presença da mineração, também aparecem entre os mais ricos do Brasil:
- Canaã dos Carajás (PA), com PIB per capita de R$ 886 mil, também impulsionado pela extração mineral.
- São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), outro município mineiro com alta renda per capita pelo mesmo motivo.
Essa lista mostra que, no Brasil, a “riqueza per capita” não está necessariamente ligada a polos de inovação tecnológica ou centros financeiros, mas sim à abundância de recursos naturais.
O outro lado da moeda: os riscos da dependência mineral
Especialistas em economia e urbanismo alertam que a dependência quase exclusiva da mineração pode ser um problema a longo prazo. Com o esgotamento de reservas ou crises internacionais no preço do minério de ferro, a arrecadação pode despencar, deixando municípios como Catas Altas sem alternativas.
Além disso, há impactos ambientais significativos: degradação de áreas naturais, risco de acidentes como os de Mariana e Brumadinho, e pressões sobre recursos hídricos. O desafio é equilibrar a bonança financeira com a sustentabilidade ambiental e social.
O orgulho e a responsabilidade
Mesmo com os contrastes, Catas Altas virou símbolo de como o Brasil é um país de paradoxos. Uma cidade de apenas 5 mil habitantes pode superar capitais ricas e até países desenvolvidos em renda per capita, mas ainda convive com problemas típicos do interior.
Para muitos moradores, há orgulho em ver sua terra natal reconhecida nacionalmente como a “mais rica do Brasil”. Porém, isso também traz uma cobrança maior sobre os gestores públicos, que precisam provar que a riqueza do subsolo pode se transformar em qualidade de vida na superfície.
O caso de Catas Altas resume bem as contradições brasileiras: um país que produz riquezas gigantescas, mas onde os frutos nem sempre chegam igualmente a todos.
Enquanto o município bate recordes em PIB per capita, milhões de brasileiros ainda vivem em condições de pobreza. A cidade mineira se torna, assim, um símbolo não apenas de abundância, mas também dos desafios de transformar riqueza em bem-estar.