Em uma das maiores extensões territoriais do país, Corumbá, no Mato Grosso do Sul, abriga milhões de jacarés espalhados pelo Pantanal, mas a convivência com a população urbana é mínima, segundo especialistas e órgãos ambientais.
Corumbá, no Mato Grosso do Sul, concentra duas características contrastantes: cerca de 96 mil habitantes e uma população estimada de milhões de jacarés em seu território.
A localização no limite do Pantanal brasileiro, maior área úmida continental do planeta, explica o número elevado desses répteis.
Embora as estimativas indiquem que há mais jacarés do que pessoas, especialistas esclarecem que esses animais vivem majoritariamente em áreas naturais e raramente se aproximam da zona urbana.
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Extensão territorial e ambiente favorável
O município de Corumbá tem mais de 64 mil quilômetros quadrados e está entre os maiores do país em extensão.
A maior parte dessa área é formada por regiões alagáveis e vegetação nativa, habitat ideal para o desenvolvimento dos jacarés.

Segundo pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as condições ambientais do Pantanal — que incluem fartura de alimento, abundância de água e temperaturas elevadas — criam o cenário propício para a grande concentração desses animais.
Presença rara em áreas urbanas
Apesar da fama de “cidade dos jacarés”, especialistas afirmam que os répteis não fazem parte da rotina urbana.
As populações se concentram nas margens de rios, baías e lagoas interligadas, distantes das áreas habitadas.
Mesmo durante o período das cheias, quando a água se espalha e interliga corpos hídricos, os jacarés tendem a permanecer em seus habitats naturais, onde encontram alimento e abrigo.
Casos de aparição em ruas ou bairros são considerados pontuais e geralmente ocorrem em zonas de transição entre o ambiente silvestre e o perímetro urbano.
Ciclo das cheias e comportamento animal
Entre novembro e março, o Pantanal passa por seu ciclo de cheias, fenômeno que altera o comportamento da fauna.
De acordo com biólogos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a expansão das áreas alagadas facilita o deslocamento dos jacarés e aumenta a oferta de alimento, o que dispersa as populações e reduz a chance de encontros com humanos.
Esse processo natural é essencial para a reprodução e manutenção da espécie, mas não representa risco à população das cidades pantaneiras.
Função ecológica dos jacarés

Pesquisadores destacam que o jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) tem papel importante na regulação das cadeias alimentares locais.
Ao se alimentar de peixes e pequenos vertebrados, o animal ajuda a equilibrar os ecossistemas aquáticos.
Segundo o ICMBio, trata-se de uma espécie de comportamento geralmente reservado e não agressivo, que evita contato com pessoas e reage apenas quando ameaçada.
Não há registros de ataques recorrentes a humanos na região de Corumbá.
Corumbá e o convívio com o bioma
Corumbá mantém uma relação estreita com o Pantanal.
A cidade é considerada uma das principais portas de entrada do bioma, recebendo turistas interessados em pesca esportiva e observação de fauna.
Autoridades ambientais e turísticas locais explicam que o convívio ocorre de forma equilibrada, com atenção à preservação das áreas naturais.
Embora parte da economia dependa das belezas naturais e da proximidade com os rios, o ambiente urbano permanece separado das zonas onde vivem os jacarés.
Fatos e percepções sobre aparições

Relatos de jacarés “passeando” por cidades pantaneiras são frequentes em redes sociais, mas geralmente se referem a áreas próximas a rios e portos, segundo a Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul.
Em Corumbá, as aparições ocorrem principalmente em margens de córregos ou estradas vicinais, e não em bairros residenciais.
Especialistas alertam que a dimensão territorial do município — uma das maiores do país — contribui para a ideia de que os animais estão em toda parte, quando, na realidade, permanecem restritos às zonas alagadas.
Habitat e dinâmica natural
As áreas que abrigam os milhões de jacarés descritos em estudos científicos ficam nas planícies alagadas e próximas aos grandes rios pantaneiros.
A vegetação aquática e a alta produtividade de peixes garantem alimento constante, permitindo densidade elevada de indivíduos.
Conforme explicam técnicos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), essa abundância é um indicador da saúde ecológica do Pantanal, já que os jacarés são espécies de topo da cadeia alimentar e refletem o equilíbrio do ecossistema.
Educação ambiental e convivência segura
Projetos de educação ambiental realizados em escolas e comunidades ribeirinhas de Corumbá buscam orientar moradores e turistas sobre como agir ao avistar um jacaré.
As recomendações incluem manter distância, evitar alimentar os animais e não tentar capturá-los.
De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a convivência pacífica entre humanos e jacarés depende principalmente do respeito aos limites naturais de cada espécie.
Desafios de conservação no Pantanal

O Pantanal enfrenta ameaças relacionadas a mudanças climáticas, incêndios florestais e expansão agropecuária.
Pesquisadores ressaltam que alterações no regime de cheias podem afetar a disponibilidade de alimento e as áreas de reprodução dos jacarés.
Para o biólogo Luciano Queiroz, da Embrapa Pantanal, “se o ritmo das cheias mudar de forma drástica, todo o equilíbrio da fauna pantaneira será impactado”.
A conservação da espécie, segundo ele, está diretamente ligada à preservação do ciclo natural das águas.
Retrato atual de Corumbá e do Pantanal
O quadro mais recente mostra que Corumbá mantém distância segura entre a vida urbana e a fauna silvestre, conforme órgãos ambientais estaduais e federais.
A presença massiva de jacarés é característica das zonas alagáveis, não do perímetro urbano.
Assim, o fato de o município ter mais répteis do que habitantes reflete a escala territorial e o equilíbrio ecológico do Pantanal, e não um risco cotidiano para a população.



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