Historiador britânico de Harvard e Stanford aposta que as reformas de Javier Milei podem transformar a Argentina em um dos grandes milagres econômicos da década, destacando energia, geopolítica e liberalismo como motores dessa mudança.
A Argentina pode estar diante de um dos processos de transformação mais profundos de sua história recente.
Para o historiador econômico britânico Niall Ferguson, professor de Harvard e Stanford, as reformas conduzidas por Javier Milei representam a “melhor chance em nossas vidas” de romper mais de sete décadas de crises recorrentes.
Em entrevista à Bloomberg News, o acadêmico afirmou que o país vizinho pode ser lembrado como “um dos milagres econômicos da década de 2020”.
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Ferguson não apenas observa à distância. Ele mesmo decidiu investir no mercado argentino.
Comprou ativos líquidos e ilíquidos logo após a eleição de Milei, em dezembro de 2023, convencido de que aquele era “o melhor momento para montar posição”.
Segundo ele, muitos investidores internacionais perderam “um dos grandes negócios do mundo” ao não apostar no país.
Mudança de regime e inspiração liberal
O historiador vê um diferencial no atual governo em comparação com outras tentativas de estabilização econômica.
Baseado na teoria do Nobel de Economia Thomas Sargent, Ferguson ressalta que não basta alterar política monetária ou fiscal para conter a inflação crônica: é preciso “mudar quase tudo”.
Na sua visão, é exatamente isso que Milei tenta fazer ao aplicar um pacote de medidas que, em poucos meses, reduziu de forma inédita o endividamento público.
“Margaret Thatcher levou dez anos para cortar cinco pontos percentuais da dívida em relação ao PIB. Milei fez isso em menos de um ano”, comparou Ferguson. Para ele, o libertário argentino se destaca como “o governante mais radicalmente pró-mercado já visto em qualquer país”.
Embora reconheça que a transição seja dolorosa, com retração econômica e aumento da pobreza, o historiador acredita que os argentinos entenderam que “era o fim do jogo para o peronismo e o kirchnerismo” e, diante do risco de hiperinflação, optaram por sustentar o novo governo.
Energia, IA e oportunidades globais
Além da reestruturação fiscal, Ferguson vê espaço para a Argentina se reposicionar no cenário internacional.
Ele destaca as grandes reservas inexploradas de hidrocarbonetos, como a formação de Vaca Muerta, e o papel crescente da Inteligência Artificial no consumo global de energia.
“A Argentina está em uma posição muito promissora para se tornar um grande exportador de commodities além da agricultura”, afirmou à Bloomberg.
Para ele, o momento coincide com uma conjuntura favorável: relações amistosas com os Estados Unidos e a possibilidade de manter negócios com a China, evitando um alinhamento exclusivo em meio à nova disputa geopolítica entre as potências.
Milei e a política internacional
Ferguson avalia que a aproximação de Milei com Donald Trump pode ser estratégica.
Para ele, as tarifas impostas por Washington têm objetivos geopolíticos e não apenas econômicos.
Nesse contexto, a relação pessoal com o ex-presidente republicano pode garantir condições favoráveis ao comércio bilateral.
“Ficarei surpreso se a Argentina fizer um mau negócio com os EUA. Assim como a Grã-Bretanha, é um país que Trump vê de forma positiva”, afirmou.
O peso da política interna
Questionado sobre o estilo agressivo de Milei, Ferguson reconheceu diferenças em relação ao ex-presidente Mauricio Macri, mas defendeu que o atual mandatário conseguiu se conectar com a população de forma inédita.
“Há dois Mileis: o do Twitter, que muitos consideram difícil de tolerar, e o intelectual sofisticado, apaixonado por livros e ideias, que está transformando a economia política argentina”, disse.
Segundo ele, a permanência da popularidade do governo, mesmo em meio ao aperto inicial, é um fator surpreendente e aumenta as chances de sucesso a médio prazo.
Investimento pessoal e aposta no futuro
Ferguson também tem interesses diretos no setor privado argentino.
Ele integra o conselho da fintech Ualá, avaliada em mais de US$ 1 bilhão e fundada por Pierpaolo Barbieri, seu ex-aluno e sócio na consultoria Greenmantle.
Ao falar sobre o próprio portfólio, o historiador foi enfático: “Estou comprado em Argentina. Incentivo outros investidores a pararem de ficar de fora, porque já perderam a oportunidade. O dia para comprar foi o da eleição de Milei”.
Sua convicção, disse, não se limita a ativos financeiros líquidos.
Ele aposta em empresas de tecnologia e inovação no país, que considera fundamentais para a economia regional nos próximos anos.
Desafios e riscos
Apesar do otimismo, Ferguson reconhece que o futuro argentino dependerá da capacidade de Milei manter apoio político, superar divisões internas e garantir que as reformas avancem sem retrocessos.
O risco, segundo ele, é que a polarização impeça a consolidação de um novo consenso.
Ainda assim, acredita que os sinais até agora são positivos.
“A Argentina está diante de uma chance histórica. Nada muda da noite para o dia em economia, mas se Milei conseguir manter sua base e avançar nas eleições futuras, o país poderá ser lembrado como um dos grandes casos de sucesso da década”, concluiu.
Se a Argentina conseguir sustentar esse caminho liberal, poderá finalmente superar seu ciclo de crises ou corre o risco de repetir os fracassos do passado?
Você tá de brincadeira falar uma mentira dessa, a Argentina deve até o cabelo do xicote ao FMI isso não é individado
Falou a voz do mercado, o povo é que se danem.