A multinacional da carne promoveu um corte de mil cargos em áreas administrativas e de apoio no Brasil, medida alinhada à fusão entre Marfrig e BRF e à busca por redução de custos administrativos e ganho de sinergia operacional.
A decisão da multinacional da carne ocorre em um momento de integração de estruturas, eliminação de sobreposições e simplificação de processos, em linha com a estratégia de concentrar gestão, acelerar decisões e capturar sinergias estimadas em até R$ 1 bilhão anuais no grupo.
O movimento foi confirmado pela companhia, que classificou as mudanças como atualizações organizacionais restritas às áreas não industriais, com foco em simplificação, agilidade e sinergias internas. A multinacional da carne já havia extinguido quatro vice-lideranças após a fusão, sinalizando uma padronização de níveis hierárquicos e uma governança mais enxuta. O corte de mil cargos, portanto, aparece como continuidade do redesenho corporativo iniciado com a integração de Marfrig e BRF.
Reorganização focada em áreas administrativas
Segundo a própria companhia, as mudanças atingem principalmente setores administrativos e de apoio, e não a linha de produção. Isso indica que o objetivo central não é reduzir capacidade industrial nem presença de mercado, mas eliminar duplicidades de funções criadas pela união de dois grandes grupos do setor de proteína animal.
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Em processos de fusão desse porte, é comum que áreas como finanças, RH, jurídico, suprimentos e comunicação passem por consolidação.
A multinacional da carne reforçou que as mudanças levam em consideração oportunidades de simplificação e agilidade. Em outras palavras, a empresa passa a trabalhar com menos camadas de reporte, menos cargos de coordenação redundantes e maior centralização de decisões, o que tende a reduzir o chamado custo administrativo por unidade de negócio.
Fusão criou sobreposição de estruturas
A fusão entre Marfrig e BRF, celebrada como uma conquista do empresário Marcos Molina, deu origem a uma das maiores companhias de alimentos do país, com atuação em 117 países e portfólio de marcas como Sadia, Perdigão e Bassi.
A integração de operações desse tamanho inevitavelmente gera sobreposição de posições, especialmente em níveis gerenciais e de backoffice.
Nesse contexto, o corte de mil cargos no Brasil é coerente com o estágio atual da integração, que passou primeiro pelo desenho da liderança e agora avança para o nivelamento das áreas de suporte.
A extinção prévia de quatro vice-lideranças já apontava que a empresa caminhava para um modelo menos fragmentado, com menos centros decisórios e maior padronização de processos internos.
Meta de sinergia e redução de custos
A companhia trabalha com estimativa de alcançar sinergias de até R$ 1 bilhão por ano com a integração das operações.
Para atingir esse patamar, a multinacional da carne precisa reduzir custos administrativos, unificar sistemas, renegociar contratos e operar com escala máxima. A redução de pessoal administrativo é uma das ferramentas mais imediatas para capturar parte dessas sinergias.
Cortes dessa natureza também têm efeito contábil e de governança. Ao mostrar que está buscando eficiência logo após a fusão, a empresa sinaliza ao mercado e a seus controladores que o movimento não foi apenas societário, mas também econômico, com entrega de resultados concretos na estrutura de custos.
Impacto para trabalhadores e ecossistema do setor
Embora direcionado às áreas administrativas, o corte de mil cargos tem impacto social relevante, principalmente porque se trata de uma companhia entre as dez maiores do Brasil e com forte presença em polos industriais de alimentos.
Mudanças de porte em uma multinacional da carne costumam irradiar efeitos sobre fornecedores, prestadores de serviço e centros administrativos regionais.
Ao mesmo tempo, o fato de a empresa manter ritmo produtivo e marcas consolidadas no varejo indica que o foco é eficiência e não retração de mercado.
A estratégia de integração, portanto, busca uma operação mais leve para sustentar um grupo que produz 8 milhões de toneladas de alimentos ao ano e atende a mais de uma centena de países.
Consolidação de liderança no mercado de alimentos
Com a fusão aprovada e a etapa de reorganização em curso, a multinacional da carne reforça sua posição de liderança no setor de proteína e alimentos processados.
Ao unificar operações de duas companhias de grande porte, o grupo passa a ter escala para competir globalmente, negociar insumos em melhores condições e distribuir produtos com marcas reconhecidas nacionalmente.
Nesse cenário, o ajuste de quadro anunciado agora é mais um passo de um processo maior de integração.
A tendência é que, após a fase de reestruturação administrativa, a empresa concentre esforços em captura de mercado, inovação de portfólio e eficiência logística, já com uma estrutura organizacional redesenhada para responder mais rápido às demandas internas e externas.
A decisão de uma multinacional da carne de cortar mil cargos após a fusão com a BRF e a Marfrig mostra o lado menos visível dos grandes movimentos de consolidação: para que a sinergia financeira apareça, a estrutura precisa ser enxugada. É uma escolha típica de grupos de atuação global que precisam mostrar disciplina de custos e velocidade de integração.
Você acha que esse tipo de ajuste depois de uma fusão é inevitável ou as empresas deveriam preservar mais os postos administrativos quando já têm lucro e escala?



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