Antes do pré-sal, Lobato, na Bahia, foi o primeiro campo de petróleo do Brasil, marcando o início da busca pelo “ouro negro” e a luta pela independência energética.
O Brasil se tornou referência global em produção de petróleo, mas poucos sabem onde essa história começou. Antes do pré-sal, da Petrobras e das plataformas em alto-mar, o “ouro negro” brasileiro jorrou pela primeira vez em 1939, no bairro de Lobato, em Salvador, Bahia. Foi lá que o primeiro campo de petróleo do Brasil colocou o país no mapa da energia, mostrando que havia petróleo em solo nacional e alimentando o sonho de independência energética.
A descoberta no Campo de Lobato transformou um pequeno bairro em um símbolo de esperança, motivando o movimento “O Petróleo é Nosso” e reforçando a necessidade de o Brasil controlar suas reservas. Embora a produção tenha sido modesta, Lobato marcou o início de uma trajetória que levou o país a desenvolver sua indústria de petróleo, criar a Petrobras e buscar a autossuficiência, abrindo caminho para o Brasil ocupar posição de destaque no mercado global de energia.
Primeira descoberta em solo brasileiro
O Campo de Lobato foi descoberto no dia 21 de janeiro de 1939, com a perfuração do poço DNPM-163. A produção inicial foi pequena, mas suficiente para comprovar a existência de petróleo em território brasileiro. O óleo extraído era enviado em tambores para a Refinaria de Mataripe, também na Bahia, para ser processado. Era o início da exploração de petróleo no país em uma época em que o Brasil ainda dependia quase integralmente de importações para atender seu consumo.
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A descoberta em Lobato alimentou o movimento “O Petróleo é Nosso”, que ganhou força na década de 1940. O movimento reunia sindicatos, estudantes, engenheiros e parlamentares que defendiam a exploração do petróleo sob controle nacional. O Campo de Lobato passou a ser citado em discursos como a prova de que o Brasil poderia produzir o próprio petróleo, gerando empregos, arrecadação e reduzindo a dependência externa.
Essa movimentação popular e política resultou na criação da Petrobras em 1953. A estatal nasceu com o objetivo de desenvolver a indústria petrolífera nacional e avançar na exploração de campos em todo o país.
Características do Campo de Lobato
O Campo de Lobato tinha reservas limitadas e produção modesta. O óleo era de boa qualidade, mas em volume restrito, o que não permitiu transformar o campo em um polo de grande produção. Ainda assim, foi o ponto de partida que possibilitou o Brasil avançar na pesquisa de novas áreas, no treinamento de técnicos e engenheiros e na consolidação de infraestrutura para o setor.
Na época, as operações em Lobato eram marcadas por condições simples. Os equipamentos eram importados ou adaptados, e as operações contavam com mão de obra local, que rapidamente aprendeu as atividades de extração e transporte do petróleo até a refinaria.
A Bahia teve papel estratégico na história do petróleo brasileiro. O estado recebeu os primeiros investimentos em refino e transporte, e a Refinaria de Mataripe se tornou uma das peças fundamentais do início da indústria petrolífera nacional. O Campo de Lobato, mesmo com produção pequena, abastecia parte das operações locais e servia como base para estudos técnicos.
O início do caminho até a autossuficiência
O primeiro campo de petróleo do Brasil também foi responsável por atrair atenção de técnicos e pesquisadores que passaram a buscar novas áreas para exploração em outros estados. As operações em Lobato funcionaram como um laboratório prático para o país, permitindo que erros fossem corrigidos e técnicas fossem aprimoradas antes de explorar regiões mais complexas.
Sem a descoberta em Lobato, o Brasil teria levado mais tempo para avançar em áreas como o Recôncavo Baiano, a Bacia de Campos e, posteriormente, o pré-sal.
O esquecimento com o tempo
Com a descoberta de novos campos com volumes maiores, Lobato foi perdendo importância operacional. O local, que já foi símbolo do desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil, caiu no esquecimento. Hoje, a história do Campo de Lobato é lembrada apenas em datas comemorativas por entidades ligadas ao setor de energia e sindicatos.
A área de Lobato ainda possui vestígios da antiga operação, mas está integrada ao crescimento urbano de Salvador. O bairro cresceu, e as antigas áreas de extração perderam espaço para construções e vias de transporte.
O legado de Lobato
Mesmo sendo esquecido, o Campo de Lobato mantém relevância histórica. Foi ali que o Brasil deu os primeiros passos para construir uma indústria de petróleo própria. O campo representou a esperança de independência energética e marcou o início de uma trajetória que transformaria o Brasil em um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
As lições aprendidas em Lobato influenciaram o planejamento de novos campos, ajudaram na formação de profissionais qualificados e serviram de argumento para defender a criação de uma empresa nacional capaz de desenvolver o setor. Sem Lobato, a história do petróleo no Brasil teria seguido um caminho diferente.
Um ponto de partida para o “ouro negro” brasileiro
O primeiro campo de petróleo do Brasil, em Lobato, representa a base do setor de energia nacional. Foi ali que o país começou a mapear suas possibilidades no mercado de petróleo e a construir a estrutura técnica e operacional que permitiu desenvolver campos em terra, depois no mar e, mais recentemente, no pré-sal.
Lembrar de Lobato é reconhecer que o petróleo brasileiro teve início em um bairro simples de Salvador, Bahia, e que esse começo foi essencial para o Brasil conquistar sua relevância no mercado internacional de energia.