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Mudanças no frete da Petrobras não terão grandes efeitos nos preços dos combustíveis e podem dificultar exportação de petróleo, segundo especialistas do Ineep

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 19/05/2022 às 12:41
Atualizado em 20/05/2022 às 13:18
Com uma possível alteração nas regras de frete da Petrobras, o mercado de combustíveis começa a analisar os possíveis cenários e, em todos, a alteração deverá dificultar a exportação de petróleo e não surtirá grande efeito nos preços finais dos combustíveis
Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

Com uma possível alteração nas regras de frete da Petrobras, o mercado de combustíveis começa a analisar os possíveis cenários e, em todos, a alteração deverá dificultar a exportação de petróleo e não surtirá grande efeito nos preços finais dos combustíveis

O mercado brasileiro de petróleo e gás passa a analisar os possíveis cenários caso a Petrobras realize uma alteração no cálculo do preço do frete de combustíveis. E, até essa quinta-feira, (19/05), apesar de não ser possível projetar de certeza os impactos da decisão, a alteração no cálculo poderá trazer fortes dificuldades na exportação de petróleo e não terá grande efeito na redução dos preços finais dos combustíveis. 

Petrobras analisa proposta para alteração no cálculo do frete de combustíveis, mas impacto da decisão nos preços finais dos recursos será mínimo

A Petrobras utiliza atualmente o método de cálculo de frete conhecido como CIF (cost, insurance, and freight, na sigla em inglês), no qual o vendedor paga as despesas até que o produto seja carregado no navio. Agora, a estatal está analisando a mudança nesse cálculo para o conhecido como FOB (free on board, na sigla em inglês), na qual o comprador assume as responsabilidades por todos os riscos e custos no transporte em toda a cadeia de fornecimento. 

Assim, muitos especialistas do ramo de petróleo e gás estão analisando os possíveis impactos da decisão, que visa reduzir os preços dos combustíveis no Brasil, e os cenários não são muito positivos. A ideia inicial da Petrobras com a mudança é utilizar os preços de exportação do petróleo produzido pela estatal como base para as cotações dos combustíveis vendidos às distribuidoras nas refinarias. Isso pois a política atual toma como base a importação dos combustíveis para o cálculo. 

Um dos principais especialistas que discorreram sobre o assunto foi o coordenador-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão. Ele destacou que essa medida pode sim trazer alguns resultados a curto prazo, principalmente nos preços dos combustíveis nas refinarias brasileiras, mas que a compensação internacional dos recursos tornaria a mudança mínima nos valores repassados ao consumidor. Além disso, ele ressaltou que essa alteração no frete trará um desequilíbrio à atividade e que ela ficará concentrada nas grandes empresas, que conseguem custos menores e não necessitam dessas mudanças. 

Alteração no frete de combustíveis da estatal poderá criar cenário de dificuldade na exportação de petróleo com o mercado internacional de óleo e gás

Além da mínima alteração nos preços finais dos combustíveis para o consumidor brasileiro, a mudança no cálculo do frete da Petrobras também poderá dificultar a exportação de petróleo. Isso acontece pois, com o novo cálculo no frete, as empresas precisariam arcar com muito mais custos ao longo da cadeia de transporte e, por isso, poderiam buscar novos fornecedores internacionais. Assim, a estatal poderia perder uma forte gama de clientes caso acate as mudanças analisadas atualmente. 

Dessa forma, o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, comentou que essa não é a melhor alternativa para reduzir os preços dos combustíveis atualmente e alertou para a situação da exportação de petróleo. Ele ainda relembrou que  “Não é fácil alterar condições comerciais com grandes compradores. Existe o risco de o cliente buscar a concorrente, à procura de condições melhores”.

Por fim, o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, acredita que a decisão trará vantagens e afirma que o custo do produto importado pelo CIF tende a ser maior que o do FOB, seguindo a ideia de uma compra total dos serviços. Agora, especialistas e empresas do ramo de petróleo e gás no Brasil aguardam uma possível decisão da estatal ao longo dos próximos meses.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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