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Mudanças no corpo humano após longos períodos do espaço — além da radiação, astronautas sofrem alterações no coração, visão e músculos

Publicado em 24/03/2025 às 22:11
Mudanças no corpo humano, Corpo dos astronautas, Astronautas
Créditos da Imagem: Pexels

Butch Wilmore e Suni Williams podem enfrentar mudanças na saúde após 9 meses no espaço. Saiba quais são os principais impactos físicos e fisiológicos que a ausência de gravidade pode causar

Depois de nove meses na Estação Espacial Internacional, os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams finalmente retornaram à Terra. A missão, que deveria durar somente dez dias, acabou se estendendo por quase um ano.

Agora, os dois enfrentam os efeitos físicos de uma longa estadia no espaço. Ficar tanto tempo em microgravidade provoca várias mudanças no corpo humano.

Essas mudanças corpo humano vão desde o crescimento temporário em altura até problemas de visão, perda de massa óssea e muscular. A NASA já tem experiência em lidar com essas consequências, mas cada missão traz novas observações.

Aumento temporário de altura

Uma das alterações mais curiosas é o aumento da altura. Sem a gravidade da Terra comprimindo a coluna, os discos espinhais se expandem. Com isso, os astronautas crescem até cinco centímetros no espaço.

Mas esse efeito não dura muito. Assim que retornam à Terra, a coluna volta ao normal. O astronauta Scott Kelly, por exemplo, perdeu sua altura extra em somente dois dias. Wilmore e Williams devem passar pelo mesmo processo.

Ossos mais frágeis no corpo dos astronautas

A ausência de gravidade também afeta os ossos. No espaço, os ossos não precisam suportar o peso do corpo. Isso causa perda de densidade, especialmente nos quadris e pernas, provocando reações importantes no corpo dos astronautas.

Segundo a NASA, os astronautas perdem entre 1% e 1,5% da densidade óssea por mês em microgravidade. Essa perda pode levar a dores crônicas, menor mobilidade e risco de fraturas. Após o retorno, a recuperação é gradual, mas pode deixar sequelas.

Músculos enfraquecidos

O ambiente sem gravidade causa também a atrofia muscular. Sem esforço para se mover ou manter o corpo ereto, os músculos perdem força com o tempo.

Shenhav Shemer, professora de biologia do Technion, em Israel, explicou que o efeito pode ser mais acentuado em mulheres, como Suni Williams. Isso ocorre por fatores hormonais e menor massa muscular.

Por isso, a NASA exige que os astronautas se exercitem por pelo menos duas horas por dia durante as missões. Bicicletas ergométricas e esteiras são usadas para reduzir os efeitos negativos. Segundo a agência, sem isso, eles sequer conseguiriam andar ao retornar à Terra.

Problemas de visão

Outro efeito comum é a Síndrome Neuro-ocular Associada ao Voo Espacial (SANS). Essa condição afeta a visão de mais da metade dos astronautas.

Acredita-se que a mudança na distribuição de fluidos no corpo aumente a pressão no nervo óptico. Isso pode achatar o globo ocular e inchar o nervo, afetando a visão e o fluxo sanguíneo.

Apesar dos sintomas, não há registros de perda permanente de visão após missões espaciais. Ainda assim, os cientistas continuam investigando as causas e formas de prevenção.

Coração menos eficiente

Na ausência de gravidade, o coração trabalha menos. Ele não precisa bombear sangue contra a força gravitacional, o que pode fazer com que fique menor e menos eficiente.

Ao retornar, os astronautas podem ter pressão baixa e tontura. Esses efeitos, no entanto, costumam ser temporários. Estudos apontam que, com o tempo, o sistema cardiovascular se recupera bem. Alguns astronautas até apresentam melhor saúde cardíaca do que a média da população.

Equilíbrio comprometido no corpo dos astronautas

O sistema vestibular, que ajuda no equilíbrio, também sofre no espaço. Sem referência gravitacional, o corpo dos astronautas se adapta a um novo padrão de movimentos.

Na volta à Terra, essa readaptação provoca instabilidade e desorientação. Os astronautas chamam isso de “pernas espaciais”. Leva um tempo até conseguirem andar com firmeza novamente.

Radiação e risco de câncer

Fora da proteção da atmosfera terrestre, os astronautas estão mais expostos à radiação. Isso eleva o risco de câncer.

A NASA controla essa exposição com equipamentos específicos, como dosímetros, e estabelece limites. O objetivo é manter esse risco no máximo 3% acima do que enfrentaria uma pessoa comum na Terra.

Mudanças no corpo humano: as pequenas coisas

Mesmo com tantos estudos, nem tudo é previsível. Algumas mudanças no corpo humano só aparecem com o tempo, e cada astronauta reage de forma diferente.

Matthew Dominick, que também passou meses na Estação Espacial, comentou que pequenas coisas do dia a dia se tornam desafios. “As grandes coisas que você espera, certo? Ficar desorientado. Ficar tonto. Mas as pequenas coisas, como sentar em uma cadeira dura, certo? Minhas costas não sentam em uma coisa dura há 235 dias.

Jeanette Epps, colega de missão, reforçou essa ideia. “Cada um é diferente. E essa é a parte que você não pode prever. Um problema que Matt pode ter, eu posso não ter, mas eu posso ter várias coisas que ele não tem. E então, e fizemos experimentos diferentes a bordo. Então não sabemos como vamos responder quando, quando retornarmos e quão rápido. E cada dia é melhor que o dia anterior.”

Apesar das dificuldades, os astronautas voltaram e passam por uma fase intensa de readaptação. Wilmore e Williams agora enfrentam o desafio de retomar a rotina terrestre após nove meses flutuando no espaço. A experiência deles vai auxiliar a NASA a entender melhor os efeitos do espaço e mudanças no corpo humano — e a preparar futuras missões de longa duração.

Com informações de New York Post.

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