Alguns motores 3 cilindros no Brasil viraram dor de cabeça: consumo de óleo, vibrações e falhas graves aparecem antes dos 50 mil km. Veja quais modelos evitar para não ter prejuízo
Nos últimos anos, os motores 3 cilindros viraram moda no Brasil. A promessa era simples: consumo baixo, mais tecnologia e desempenho adequado para o dia a dia urbano.
Não demorou para que carros equipados com esse tipo de propulsor dominassem o mercado, principalmente entre os compactos e SUVs de entrada. Mas o que parecia uma solução perfeita para quem buscava economia acabou revelando um lado sombrio.
Muitos desses motores, mesmo com baixa quilometragem, estão apresentando falhas graves que resultam em prejuízos altos para os proprietários e lotando oficinas em todo o país.
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Relatos de consumo exagerado de óleo, vibrações fora do normal, problemas elétricos, falhas de projeto e até necessidade de retífica antes dos 50 mil km se multiplicam nas redes sociais e fóruns automotivos. A realidade é que nem todo motor 3 cilindros combina eficiência com durabilidade.
A seguir, mostramos alguns dos mais problemáticos, que já viraram pesadelo para motoristas e um verdadeiro prato cheio para mecânicos.
GM 1.0: do queridinho ao mais criticado
Equipando modelos como Onix, Prisma e Tracker, o motor 1.0 da GM, tanto aspirado quanto turbo, rapidamente se tornou um dos mais vendidos do país. Porém, junto com a popularidade veio um problema sério: a correia dentada banhada em óleo.
Na teoria, esse sistema deveria ser mais silencioso e durável. Mas na prática, a correia começa a se deteriorar precocemente, liberando resíduos que entopem o pescador da bomba de óleo.
O resultado é queda na pressão de lubrificação, que pode levar à fundição do motor sem aviso prévio. Mesmo motoristas que seguiram à risca as revisões acabaram enfrentando esse problema.
Outro ponto frágil é a bomba de vácuo, feita de baquelite. O material não suporta altas temperaturas e acaba se degradando, endurecendo o pedal do freio de forma repentina. Não à toa, o motor GM 1.0 virou sinônimo de atenção redobrada.
Ford 1.0 Ti-VCT: o “trimilique” das oficinas
Quem já dirigiu um Ford Ka com motor 1.0 Ti-VCT sabe que o carro é ágil e econômico. O problema começa quando se liga o motor: a vibração excessiva é tão grande que logo ganhou apelido nas oficinas — o famoso “trimilique”.
Essa trepidação, além de incômoda, gera uma reação em cadeia: desgasta o chicote elétrico, causa falhas nas bobinas, prejudica o corpo de borboleta e pode até deslocar o polo da bateria.
O resultado é um carro que parece se desmontar mesmo rodando pouco.
Outro detalhe crítico é a exigência de óleo específico. Usar lubrificante fora da especificação acelera o desgaste de peças internas e encurta ainda mais a vida útil do motor.
Não surpreende que muitos donos tenham desistido do Ka por não suportar os custos extras de manutenção.
Fiat Firefly 1.0: confiável só no papel
Presente em modelos como Mobi, Uno e Argo, o Firefly 1.0 chama a atenção pela corrente de comando no lugar da correia, uma solução teoricamente mais robusta. Porém, o projeto esconde armadilhas.
Se o motor for girado no sentido contrário durante a manutenção, a corrente pode pular o ponto. Nesse caso, só desmontagem pesada resolve o problema.
Além disso, falhas recorrentes na bomba d’água levam à mistura de óleo e água, confundindo até mecânicos experientes que diagnosticam, por engano, junta queimada.
Para completar, os coxins do motor quebram com facilidade e custam caro para substituir. Não é raro encontrar proprietários que desembolsaram mais de R$ 3 mil para corrigir essas falhas.
Renault SCe 1.0: barulhento e gastador de óleo
Equipa modelos como Kwid, Sandero e Logan. Apesar de usar corrente de comando, o SCe 1.0 coleciona reclamações. O desgaste precoce do eixo de comando produz um barulho metálico característico, mesmo com carros abaixo de 30 mil km.
Além disso, é comum o consumo anormal de óleo e o vazamento constante pela tampa de válvulas. Muitos motoristas carregam litros extras no porta-malas para repor com frequência.
Somam-se ainda as falhas recorrentes de bobinas, que queimam devido ao calor excessivo.
Resultado: um motor simples que se transforma em uma caixinha de surpresas nada agradáveis.
PureTech 1.2: a ideia que saiu pela culatra
Usado em modelos da Peugeot e Citroën como 208, 2008 e C3, o PureTech 1.2 surgiu como promessa de modernidade e eficiência.
Mas o projeto também sofre com a famigerada correia dentada banhada em óleo.
O material se degrada antes do esperado, liberando resíduos que entopem o sistema de lubrificação e causam desgaste acelerado do motor, podendo até fundi-lo.
O processo de substituição também é complexo: as polias variáveis precisam ser “descarregadas” manualmente, sob risco de o carro sair da oficina completamente fora de ponto.
É um motor que exige mão de obra especializada e oficinas muito bem preparadas. Caso contrário, o prejuízo é praticamente garantido.
Vale a pena arriscar?
Quem pensa em comprar um carro usado com motor 3 cilindros precisa pesquisar a fundo.
Conversar com proprietários, acompanhar relatos de mecânicos em vídeos e fóruns e, acima de tudo, não se deixar levar apenas pelo apelo da economia de combustível.
Afinal, um carro que parece barato de manter pode acabar custando muito mais em reparos do que em combustível. Economia de verdade é aquela que preserva o bolso — e a tranquilidade do dono.