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Motor supercondutor 10x mais leve promete aviões a hidrogênio até 2050 — Airbus e Toshiba testam sistema de 2 MW com resfriamento criogênico integrado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 11/10/2025 às 17:59
Airbus e Toshiba testam motor supercondutor 10x mais leve, com 2 MW e resfriamento a hidrogênio, prometendo voos sem emissões e alcance intercontinental até 2050.
Airbus e Toshiba testam motor supercondutor 10x mais leve, com 2 MW e resfriamento a hidrogênio, prometendo voos sem emissões e alcance intercontinental até 2050.
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A parceria entre Airbus e Toshiba pode redefinir o futuro da aviação com um motor supercondutor dez vezes mais leve, que utiliza hidrogênio a -253 °C e entrega 2 MW de potência, aproximando o setor da meta de emissões zero até 2050.

À medida que a indústria da aviação busca reduzir drasticamente suas emissões e atingir a meta de emissões líquidas zero de CO₂ até 2050, novas soluções tecnológicas surgem como alternativas promissoras.

Nesse cenário, Airbus e Toshiba decidiram unir forças para testar um motor supercondutor que promete revolucionar a propulsão aérea: compacto, extremamente leve e com potência de 2 megawatts, ele representa um salto tecnológico para aeronaves movidas a hidrogênio.

O protótipo desenvolvido pela Toshiba pesa dez vezes menos que motores convencionais com a mesma potência, uma característica fundamental para o setor aeronáutico, onde cada quilo economizado impacta diretamente no desempenho e na eficiência.

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A combinação de leveza, alta potência e eficiência energética coloca essa inovação como peça central no esforço global para descarbonizar a aviação.

Uma parceria estratégica rumo a 2050

A Airbus, maior fabricante de aeronaves do mundo, identificou cedo o potencial dessa tecnologia e passou a investir em soluções baseadas em hidrogênio.

Após a apresentação do primeiro protótipo do motor supercondutor em 2022, a empresa firmou em 2024 uma colaboração estratégica com a Toshiba para aprofundar a pesquisa e viabilizar sua aplicação em aeronaves comerciais.

Essa aliança visa acelerar a transição para uma nova era de voos limpos, em que motores elétricos alimentados por células de combustível de hidrogênio substituam progressivamente as turbinas tradicionais. A parceria também reforça a importância do desenvolvimento conjunto de tecnologias disruptivas como elemento-chave para alcançar metas climáticas ambiciosas.

Motores supercondutores: projetados para o hidrogênio

O anúncio oficial da parceria ocorreu na Exposição Aeroespacial Internacional do Japão de 2024 e marcou um avanço concreto na integração de tecnologias que, até pouco tempo atrás, pareciam distantes do setor aeronáutico.

A chave está na compatibilidade entre as condições criogênicas necessárias para a supercondutividade e os requisitos do armazenamento de hidrogênio.

Segundo Fumitoshi Mizutani, líder do projeto na Toshiba, o motor desenvolvido oferece um desempenho sem precedentes, reduzindo o peso em até 90% em comparação com equipamentos tradicionais.

Além da eficiência energética, outro diferencial crucial está no uso do próprio hidrogênio como parte do sistema de resfriamento.

Para permanecer em estado líquido, o hidrogênio precisa ser armazenado a -253 °C — temperatura ideal para manter o motor em regime supercondutor, eliminando a resistência elétrica e maximizando o desempenho.

Essa sinergia cria uma dupla vantagem: o combustível atua também como refrigerante, simplificando a arquitetura da aeronave e reduzindo custos operacionais.

Uma solução para voar mais longe e com menos impacto

A aplicação de motores supercondutores representa uma mudança significativa no alcance e na eficiência dos voos. Até agora, aeronaves elétricas enfrentavam limitações de autonomia devido à baixa densidade energética das baterias.

O uso de hidrogênio, combinado à alta densidade de potência do motor supercondutor, pode ampliar o alcance para rotas regionais e até intercontinentais — tudo isso com zero emissões diretas.

Os desafios ainda existem, especialmente na criação da infraestrutura necessária para produção, transporte e armazenamento de hidrogênio verde, gerado a partir de fontes renováveis. No entanto, políticas públicas e iniciativas estratégicas já estão em andamento.

O Plano REPowerEU, por exemplo, prevê a produção de 10 milhões de toneladas de hidrogênio renovável até 2030, enquanto normas como a Fit for 55 estimulam o avanço de projetos de aviação sustentável.

Muito além da aviação: transporte marítimo, ferroviário e espacial

A tecnologia desenvolvida pela Toshiba vai além da aviação. Segundo Kyohei Shibata, do Departamento de Novos Negócios da empresa, o projeto é resultado de mais de cinquenta anos de pesquisa em supercondutividade e está pronto para escalar em diferentes setores.

Navios mercantes, responsáveis por cerca de 3% das emissões globais de CO₂, poderiam ser equipados com motores supercondutores alimentados por hidrogênio ou amônia verde, reduzindo drasticamente sua pegada de carbono.

No transporte ferroviário, a tecnologia também abre novas possibilidades: trens movidos a hidrogênio já estão em operação em países como Alemanha e Japão, e a adoção de motores supercondutores pode ampliar o alcance dessas composições sem necessidade de eletrificar grandes extensões de trilhos.

Até mesmo veículos espaciais poderiam se beneficiar da combinação de alta potência e baixo peso, abrindo caminhos para missões mais eficientes e sustentáveis.

Potencial transformador e combate às mudanças climáticas

A adoção em larga escala de motores supercondutores movidos a hidrogênio representa mais do que um avanço tecnológico — é uma ferramenta concreta no combate às mudanças climáticas globais. A tecnologia oferece múltiplos benefícios:

  • Reduz drasticamente as emissões de CO₂ do setor aéreo, um dos mais difíceis de descarbonizar.
  • Otimiza o uso do hidrogênio ao integrar combustão, resfriamento e propulsão em um único sistema.
  • Acelera a transição energética em setores estratégicos, como transporte marítimo e ferroviário.
  • Promove cadeias de suprimentos mais sustentáveis, baseadas em materiais avançados e processos de baixo impacto ambiental.
  • Estimula o desenvolvimento da infraestrutura necessária para o uso do hidrogênio em escala global.

Um novo capítulo na história do transporte

O projeto conjunto da Airbus e da Toshiba simboliza um novo capítulo na busca por mobilidade sustentável. Ao combinar ciência aplicada, inovação industrial e compromisso ambiental, a indústria aeronáutica se aproxima de um futuro em que voar não significará poluir.

A meta de emissões zero até 2050 parece mais alcançável quando soluções concretas, como os motores supercondutores, saem do laboratório e se aproximam do uso comercial. Sem promessas milagrosas, mas com tecnologia real e comprovada, essa revolução silenciosa nos motores pode ser o impulso necessário para transformar a forma como nos movemos pelo planeta — e, quem sabe, além dele.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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