Morningstar aponta Brasil como potência de investimentos: retorno projetado de 12,5% em dez anos supera a América Latina e atrai capital global.
O Brasil voltou com força ao mapa global dos investidores. Segundo o relatório mais recente da Morningstar Global Outlook 2025, uma das maiores consultorias de investimentos do planeta, o país deve oferecer retornos médios de 12,5% ao ano nos próximos dez anos, superando amplamente a média da América Latina e se consolidando como um dos destinos mais rentáveis do mundo para o capital estrangeiro.
A projeção reforça a percepção de que, após anos de volatilidade e incertezas fiscais, o Brasil conseguiu reconquistar a confiança dos grandes fundos internacionais, impulsionado por uma combinação rara de estabilidade monetária, crescimento sustentável e potencial de valorização em múltiplos setores — de commodities e energia limpa à tecnologia e infraestrutura.
Brasil no radar dos grandes investidores
De acordo com a Morningstar, os fundamentos econômicos brasileiros estão mais sólidos do que há uma década. A consultoria cita o controle da inflação, o câmbio estabilizado e o aumento do investimento direto estrangeiro (IDE) como fatores que impulsionam o desempenho projetado da Bolsa e dos títulos nacionais.
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Em 2024, o Brasil recebeu mais de US$ 65 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, segundo dados da UNCTAD, colocando o país como líder na América Latina e o sétimo maior destino global. A expectativa é de que esse fluxo aumente em 2025 e 2026, especialmente com a recuperação do setor industrial e os programas de transição energética em curso.
“Os investidores estão redescobrindo o Brasil. O país combina estabilidade macroeconômica, política fiscal responsável e potencial de crescimento em setores estratégicos”, destacou o relatório da Morningstar.
Setores que impulsionam o retorno projetado
Entre os segmentos com maior potencial de valorização, a Morningstar cita energia limpa, infraestrutura, agronegócio e tecnologia financeira (fintechs) como os motores da próxima década. O avanço dos investimentos em hidrogênio verde, fertilizantes nacionais, biocombustíveis e energia solar tende a transformar o Brasil em referência global em sustentabilidade e exportação de energia limpa.
O setor financeiro também aparece como destaque. A revolução dos meios de pagamento liderada pelo Pix, o avanço dos bancos digitais e a entrada de novas corretoras internacionais estão fortalecendo o mercado de capitais e ampliando o acesso dos brasileiros ao investimento.
Segundo o relatório, o Índice Bovespa tem espaço para valorizar até 30% nos próximos dois anos, impulsionado pelo crescimento do consumo interno e pela entrada de capital estrangeiro em empresas de energia, mineração, logística e tecnologia.
O “Brasil barato” e o efeito da reprecificação global
Outro ponto mencionado pela Morningstar é o chamado efeito da reprecificação global. Em um mundo em que os Estados Unidos e a Europa enfrentam juros altos e baixo crescimento, mercados emergentes com estabilidade fiscal e abundância de recursos naturais voltam a atrair atenção.
O Brasil, segundo a consultoria, é o principal beneficiário dessa tendência. “Os ativos brasileiros estão descontados em relação aos pares internacionais. A valorização potencial é uma das maiores entre os mercados emergentes”, afirma o documento.
A combinação de valorização cambial, controle da inflação e robustez das exportações coloca o país em posição privilegiada para receber aportes de longo prazo.
O papel da credibilidade fiscal e da estabilidade política
A Morningstar também destacou o impacto positivo da política econômica brasileira. A consolidação de um arcabouço fiscal crível, o compromisso com metas de inflação e a recuperação gradual das contas públicas ajudaram a reduzir a percepção de risco e a melhorar o ambiente de negócios.
Segundo o Banco Central, a dívida pública deve cair para 75% do PIB até 2026, o menor patamar desde 2019. Essa trajetória reforça a confiança de agências de classificação de risco e facilita a entrada de capital produtivo.
Além disso, a aprovação da reforma tributária e o fortalecimento de parcerias comerciais — como o acordo Mercosul-União Europeia — ampliam o horizonte de previsibilidade para investidores de longo prazo.
Comparação global e visão otimista para 2030
A projeção de retorno médio de 12,5% ao ano coloca o Brasil acima da média dos mercados desenvolvidos e de outras grandes economias emergentes, como Índia (11%), México (9,8%) e África do Sul (8,5%). O estudo da Morningstar considera esse patamar um reflexo do “desconto excessivo” que o país acumulou entre 2015 e 2021 e que agora tende a ser corrigido.
“Os investidores globais estão enxergando o Brasil não apenas como um fornecedor de commodities, mas como um mercado integrado, diversificado e competitivo”, explicou o analista-chefe da consultoria, John Rekenthaler, ao apresentar o relatório.
A visão otimista é compartilhada por outras instituições. O Banco Mundial e o FMI projetam crescimento acima da média regional até 2026, enquanto a Moody’s destacou recentemente o potencial do país em se tornar um hub de energia renovável e tecnologia limpa.
Um novo ciclo de confiança e valorização
O Brasil, que durante anos foi visto com desconfiança pelos grandes fundos, agora é considerado um dos mercados mais promissores da década. O estudo da Morningstar resume o momento em uma frase que sintetiza o novo ciclo de otimismo:
“O Brasil entrou em rota de valorização sustentável. É um dos raros países emergentes que reúnem tamanho de mercado, estabilidade política, energia limpa e potencial de retorno acima da média global.”
Se as projeções se confirmarem, o país pode viver a maior década de crescimento e valorização desde os anos 2000, consolidando-se não apenas como potência agrícola, mas como centro financeiro e industrial de relevância mundial.