Espírito Santo atrai atenção de montadoras estrangeiras com liderança nacional na importação de veículos, infraestrutura alfandegária estratégica e negociações para instalar centros de montagem e customização, impulsionando a indústria automotiva local.
O Espírito Santo avançou nas tratativas para receber montadoras da China e de outros países em seu território, apoiado na infraestrutura alfandegária e no desempenho recorde da importação de veículos no primeiro semestre de 2025, quando 123.577 carros entraram no Brasil pelos portos capixabas e o estado liderou o ranking nacional com US$ 2,4 bilhões em valor importado.
O anúncio foi feito em 11 de junho, durante a inauguração do novo Centro Automotivo da Sertrading, em Cariacica, quando o governador Renato Casagrande confirmou conversas com empresas estrangeiras, sobretudo asiáticas, para agregar etapas produtivas no estado.
“Já estamos em diálogo com empresas, especialmente asiáticas, que desejam agregar valor ao produto aqui, seja com montagem de peças, customização ou adaptação final”, afirmou Casagrande.
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Segundo ele, a estratégia é aproveitar a rede logística capixaba e as áreas alfandegadas já operacionais.
“Temos uma estrutura preparada aqui no ES, com estações aduaneiras e zonas de comércio exterior que nos permitem ir além da simples importação. Queremos nacionalizar, montar, customizar, gerar emprego e tributos aqui no Espírito Santo.”
Negociações com montadoras e papel do ES nas tratativas
As conversas com fabricantes estrangeiras estão sendo articuladas com apoio do setor privado, em especial da Sertrading, que opera soluções integradas de comércio exterior.
De acordo com os executivos Alfredo de Goeye e Luciano Sapata, há interesse concreto de montadoras chinesas em ampliar presença no Brasil a partir do Espírito Santo, dada a combinação de custos logísticos, disponibilidade de áreas e agilidade operacional.
A montadoras da China no Espírito Santo enxergam a possibilidade de realizar fases de montagem, customização e nacionalização, reduzindo prazos e aumentando competitividade para abastecer o mercado brasileiro.
Infraestrutura alfandegária como diferencial competitivo
O Espírito Santo dispõe de estações aduaneiras, zonas de processamento e pátios especializados para veículos.
Esse ecossistema permite que a carga chegue, passe por processos de nacionalização e, se necessário, receba customizações antes de seguir para concessionárias no país.
Para as montadoras da China no Espírito Santo, essa combinação de infraestrutura e regulação funciona como um atrativo para centros de montagem parcial e pós-venda, o que pode destravar investimentos e gerar empregos diretos e indiretos em logística, serviços automotivos e tecnologia.
Recorde histórico de importação de veículos no semestre
Entre janeiro e junho de 2025, os portos capixabas receberam 123.577 veículos.
Somente em junho, foram 54.592 unidades, quase metade do volume do semestre.
A maior parcela desse fluxo é composta por modelos eletrificados — elétricos, híbridos e híbridos plug-in —, movimento influenciado pela reoneração gradual das alíquotas de importação.
A partir de julho de 2025, as alíquotas passaram a ser:
- De 18% para 25% para carros elétricos
- De 25% para 30% para híbridos
- De 20% para 28% para híbridos plug-in
A expectativa do setor é de que a procura por nacionalização e montagem local ganhe fôlego para compensar o custo adicional gerado pelos impostos, o que reforça a atratividade do ambiente alfandegário capixaba para operações de valor agregado.
Espírito Santo lidera importações em valor
No primeiro semestre de 2025, o estado registrou US$ 2.405.303.102 em importações de veículos (valores FOB).
O Rio Grande do Sul ficou em segundo, com US$ 362.126.530, seguido por Santa Catarina (US$ 339.585.938), Minas Gerais (US$ 286.550.675) e Paraná (US$ 240.421.682).
A distância entre o líder e o segundo colocado evidencia a dominância capixaba nessa cadeia e reforça o potencial de montadoras da China no Espírito Santo para instalar bases operacionais.
China puxa os volumes e amplia participação
A China respondeu por 105.626 veículos desembarcados no ES entre janeiro e junho de 2025, somando US$ 1.760.249.276.
Também houve importações de Alemanha (4.593 unidades), México (2.765), Coreia do Sul (2.206) e Japão (1.917), entre outros países, totalizando 16 origens no semestre.
Esse recorte reforça que a indústria automotiva chinesa no ES é hoje o principal vetor dos volumes e, por consequência, do apetite por soluções de montagem e adaptação local.
Para montadoras da China no Espírito Santo, o corredor logístico capixaba oferece capilaridade e prazos de desembaraço competitivos, com pátios que suportam grandes picos de chegada.
Aposta em cadeia de valor e empregos
A fala do governador enfatiza a intenção de ir além do desembarque e venda de veículos prontos.
A proposta é atrair fases industriais que ampliem a cadeia de valor no território capixaba.
Com nacionalização e customização, a meta é criar empregos qualificados e elevar a arrecadação.
As montadoras da China no Espírito Santo avaliam, segundo interlocutores do setor, modelos operacionais que envolvem montagem de subconjuntos, instalação de kits específicos para o mercado brasileiro e preparação de software e hardware de veículos eletrificados.
Sertrading como ponte e confiança do mercado financeiro
A Sertrading, que inaugurou um novo Centro Automotivo na Rodovia do Contorno, em Cariacica, tem operado como ponte para viabilizar as conversas.
Casagrande destacou que a empresa é “uma ponte importante nessas tratativas” e que o governo trabalha “com cautela”, evitando anúncios prematuros que possam atrapalhar negociações em curso.
Em pronunciamento durante o evento, o banqueiro André Esteves elogiou a governança local e o horizonte de longo prazo.
“Quando eu vejo a gestão aqui no Estado, com responsabilidade e visão de futuro, isso me dá confiança. O BTG acredita no Brasil que está sendo construído aqui. E nosso papel é apoiar empresas a darem o próximo passo. O que estamos vendo aqui hoje é um exemplo claro do Brasil que queremos construir: moderno, eficiente e cheio de potencial.”
Esse tipo de manifestação reforça a leitura de que o ambiente de negócios e a infraestrutura alfandegária capixaba favorecem investimentos industriais e logísticos, sobretudo quando conectados a fabricantes com forte portfólio de eletrificados.
Detalhamento dos números do semestre
Do total de 123.577 veículos importados no semestre, 54.592 chegaram apenas em junho, mostrando concentração mensal atípica para atender janelas tributárias e de demanda.
Em valor, a liderança do ES (US$ 2,4 bilhões) superou com folga a soma de estados tradicionais nessa rota, como Rio de Janeiro (US$ 191,6 milhões) e São Paulo (US$ 7,9 milhões).
No recorte por origem, além da China, destacam-se Alemanha (US$ 198,9 milhões), Eslováquia (US$ 93,7 milhões) e Estados Unidos (US$ 47,1 milhões).
Esse mosaico de países indica que o ES não concentra apenas marcas chinesas, embora a indústria automotiva chinesa no ES seja a força dominante do período.
O que muda com as novas alíquotas
A reoneração a partir de julho de 2025 tende a alterar o mix de importações.
Montadoras e importadores podem antecipar cargas para escapar de novas faixas e, em seguida, buscar alternativas que reduzam custos, como nacionalização de componentes e montagem local.
Nesse contexto, a montadoras da China no Espírito Santo ganha relevância estratégica: a proximidade do porto, os pátios preparados e as zonas alfandegadas funcionam como amortecedor de prazos e custos em um cenário tributário mais exigente.
Próximos passos e transparência nas negociações
O governo estadual informou que as tratativas ocorrem sob confidencialidade e que “qualquer anúncio precipitado pode atrapalhar as negociações”.
Até o momento, não foram divulgados nomes de fabricantes ou cronogramas de instalação.
Caso haja confirmação oficial, a expectativa é que os projetos incluam etapas de customização, montagem e adaptação final, criando sinergia entre operadores logísticos, fornecedores de autopeças e o varejo automotivo.
Diante do cenário, a pergunta que fica é: com reoneração em curso e liderança logística consolidada, quais etapas da produção automotiva as empresas vão escolher para iniciar no Espírito Santo — e em que prazo?