Fábrica da HPE em Goiás negocia com montadoras chinesas para iniciar produção local via SKD e CKD, com anúncio oficial previsto até dezembro e possibilidade de ampliar nacionalização em até um ano.
A HPE confirma negociações para que a fábrica da HPE em Goiás, em Catalão, abrigue a nacionalização de veículos de uma marca chinesa por meio de SKD e CKD, e o nome da parceira deverá ser anunciado até o fim do ano, segundo o CEO Mauro Correia.
Segundo o site Notícias Automotivas, o plano prevê integração inicial dos processos entre sete e oito meses para kits parcialmente ou totalmente desmontados, com possibilidade de avançar para produção com maior nacionalização em até um ano.
A fábrica da HPE em Goiás é hoje responsável pela produção local de Mitsubishi e Suzuki.
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Com a chegada de várias montadoras chinesas ao país, a planta da HPE em Catalão tornou-se uma alternativa para quem busca produzir no Brasil e evitar a alíquota de 35% de imposto de importação sobre veículos prontos.
Segundo a companhia, as tratativas incluem mais de um grupo estrangeiro.
O site AutoData cita a GAC como uma das interessadas, porém o grupo brasileiro não confirma nomes no momento.
De acordo com Mauro Correia, “o nome será revelado até o fim do ano”.
O que está em negociação
O acordo em discussão permitiria que a planta da HPE em Catalão fosse utilizada por uma ou mais montadoras simultaneamente, com compartilhamento de estruturas produtivas.
Esse desenho é possível porque o complexo industrial dispõe de etapas completas de pintura, estamparia, armação de carroceria, soldagem e montagem final.
A fábrica da HPE em Goiás já opera com equipe de engenharia e design, o que encurta prazos de adaptação e acelera a curva de aprendizado de um novo parceiro. Correia descreve o caminho de industrialização por etapas.
“Existe toda uma etapa de integração e desenvolvimento da operação. Depende da decisão do parceiro: ele pode trazer kits desmontados para finalizar a montagem e a pintura por aqui e depois evoluir para uma produção totalmente local, com nacionalização de parte dos componentes”, afirmou.
O executivo acrescenta que a integração em SKD ou CKD leva “sete a oito meses”, enquanto a expansão para um nível maior de produção local pode exigir “até um ano”, conforme o ritmo de nacionalização.
Como funcionam SKD e CKD
SKD (semi knocked down) e CKD (completely knocked down) são modelos de industrialização nos quais o veículo chega em kits.
No SKD, o carro vem parcialmente desmontado, e a fábrica realiza etapas finais como pintura, soldagem complementar e montagem.
Já no CKD, o desmonte é completo, exigindo maior número de operações locais e, em geral, maior integração com fornecedores no Brasil.
Essas modalidades ajudam montadoras a iniciar a produção mais rápido e, gradualmente, ampliar o conteúdo nacional, o que pode reduzir custos logísticos e tributários e facilitar a homologação de componentes.
Por que Catalão desponta como alternativa
A planta da HPE em Catalão acumula anos de operação com as marcas Mitsubishi e Suzuki, o que lhe confere um histórico de qualidade e processos certificados.
Além da infraestrutura instalada, a localização em Goiás favorece a logística para diversos mercados do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste.
Outro atrativo é a possibilidade de compartilhar linhas e ganhar escala com mais de uma marca, diluindo custos fixos.
Esse conjunto de fatores explica por que a fábrica da HPE em Goiás surge como um dos endereços preferidos por marcas chinesas interessadas em nacionalização.
Prazos e etapas de integração
De acordo com a empresa, a fase inicial envolve:
- Adaptação de ferramental
- Treinamento de equipes
- Validação de processos de qualidade
Nessa etapa, o parceiro pode optar por SKD para acelerar a entrada em produção.
Superada a integração, a operação pode evoluir para CKD e, mais adiante, para um modelo com conteúdo local crescente, conforme a instalação de fornecedores e acordos com a cadeia.
Correia resume que o intervalo de “sete a oito meses” cobre a maturação de SKD ou CKD, enquanto a transição para um patamar “mais completo”, com maior nacionalização, tende a demandar até doze meses.
Capacidade instalada e possibilidade de abrigar mais de uma marca
A fábrica da HPE em Goiás foi concebida para fluxos produtivos diversificados.
A existência de linha de pintura completa, estamparia, armação, soldagem e montagem final permite absorver diferentes projetos automotivos com ajustes incrementais.
Para potenciais parceiros, isso reduz a necessidade de investimentos iniciais robustos.
Para a HPE, abre-se a chance de otimizar a utilização do parque e manter alto o índice de ocupação da planta da HPE em Catalão.
O próprio executivo destaca: “Temos uma operação bem estruturada e consolidada. Em Catalão temos equipe de engenharia, design, todo um sistema de produção já instalado, o que gera o interesse nos possíveis parceiros.”
O que se sabe e o que ainda não se sabe
A HPE confirma as negociações e o cronograma estimado de integração produtiva. Também confirma que o anúncio do parceiro está previsto para ocorrer até o fim do ano.
Sobre quem será a montadora, a empresa não revela nomes neste momento. Há menções no mercado à GAC como uma das interessadas, mas não é possível confirmar oficialmente a escolha.
Assim, a fábrica da HPE em Goiás permanece como um hub potencial, enquanto os detalhes comerciais e de portfólio seguem sob confidencialidade.
Impactos esperados para o mercado
Se confirmada, a instalação de uma marca chinesa na planta da HPE em Catalão tende a ampliar a concorrência entre SUVs, sedãs e utilitários leves.
A produção local pode encurtar prazos de entrega, aumentar a oferta de versões e incentivar conteúdo nacional, com benefícios para a cadeia de autopeças.
Do ponto de vista do consumidor, a nacionalização costuma favorecer serviços pós-venda e disponibilidade de peças.
Para o estado de Goiás, a movimentação sustenta empregos diretos e indiretos e pode atrair novos investimentos de fornecedores automotivos.
Calendário e etapas até o anúncio da parceira
O calendário interno da empresa aponta para a conclusão das negociações e a divulgação do nome da parceira até dezembro.
Até lá, seguem os estudos técnicos, os planos de qualificação de mão de obra e o mapeamento da rede de fornecedores necessária à transição de SKD para CKD e, futuramente, para níveis mais altos de nacionalização.
A fábrica da HPE em Goiás tem espaço e processos para acomodar esse avanço. Resta saber: qual marca será anunciada e quais modelos ganharão a linha de Catalão.
Qual impacto você espera ver primeiro se a parceria sair do papel: preços mais competitivos, prazos de entrega menores ou ampliação da oferta de versões produzidas no Brasil?