Com produção piloto iniciada, a montadora japonesa visa não apenas aumentar a autonomia e reduzir drasticamente o tempo de carga, mas também diminuir custos e o tamanho das baterias, transformando o mercado de veículos elétricos.
A Honda deu um passo decisivo em direção ao futuro da mobilidade elétrica. A empresa iniciou a produção piloto de suas próprias baterias de estado sólido (SSB), uma tecnologia vista como um divisor de águas para a indústria. A promessa é acabar com os principais pesadelos dos donos de carros elétricos: a baixa autonomia e o longo tempo de recarga. Com metas ambiciosas, a Honda planeja lançar veículos com a nova tecnologia na segunda metade da década de 2020.
A resposta da Honda aos desafios dos carros elétricos
A transição para os veículos elétricos (VEs) ainda enfrenta grandes obstáculos. A “ansiedade de autonomia”, ou seja, o medo de a bateria acabar antes de chegar a um carregador, é uma preocupação real. Além disso, o tempo necessário para recarregar um VE é consideravelmente maior do que abastecer um carro a gasolina. Esses fatores, somados ao custo elevado das baterias, limitam a adoção em massa.
Diante desse cenário, as baterias de estado sólido são vistas como o “santo graal” da tecnologia. Elas prometem resolver esses problemas de uma só vez. Ao substituir o eletrólito líquido das baterias atuais por um material sólido, elas oferecem mais densidade de energia, recargas ultrarrápidas e maior segurança, pois eliminam o risco de incêndios. Para uma montadora japonesa tradicional como a Honda, dominar essa tecnologia é essencial para garantir sua liderança no futuro.
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O que esperar da bateria honda
É fundamental esclarecer os números. Embora se fale em recargas ultrarrápidas, a meta oficial da Honda para sua bateria de estado sólido é um carregamento completo em 10 minutos. Este tempo já representa um avanço gigantesco.
A autonomia também receberá um impulso impressionante. A Honda projeta que seus VEs equipados com a nova bateria alcancem até 1.000 km com uma única carga até 2030. Olhando mais para frente, a meta é ainda mais ousada: atingir 1.249 km até 2040.
Além disso, a tecnologia permite outras melhorias significativas. As novas baterias são projetadas para serem 50% menores e 35% mais leves que as de íon-lítio atuais. Isso permite otimizar o design dos veículos, melhorar a dirigibilidade e aumentar o espaço interno.
O trunfo da montadora japonesa na corrida tecnológica
A abordagem da Honda para este desafio é seu grande diferencial. Ao contrário de muitas concorrentes que dependem de parcerias com outras empresas, a Honda aposta em uma estratégia de desenvolvimento totalmente interna. Isso permite maior controle sobre o processo, desde o design até a produção, acelerando o desenvolvimento.
A prova concreta dessa estratégia é a sua linha de produção de demonstração em Sakura City, no Japão. A produção piloto começou oficialmente em janeiro de 2025. Nesta instalação, a empresa testa e valida as tecnologias necessárias para a fabricação em massa, incluindo uma técnica de laminação proprietária que melhora a eficiência e a durabilidade das baterias.
Os desafios e a produção em massa
O caminho para a comercialização de baterias de estado sólido é complexo. Um dos maiores desafios técnicos é evitar a formação de “dendrites”, filamentos que podem causar curtos-circuitos. Outro ponto crítico é garantir o contato perfeito entre os componentes sólidos da bateria.
A Honda está focada em resolver essas questões com suas inovações de fabricação. O objetivo estratégico da montadora japonesa é claro: alcançar uma redução de 25% nos custos de produção em comparação com as baterias atuais. Tornar os VEs mais baratos é fundamental para que eles se tornem competitivos e acessíveis para o grande público.
O impacto das baterias de estado sólido
A Honda tem um cronograma claro. A empresa pretende introduzir os primeiros veículos equipados com suas baterias de estado sólido no mercado na segunda metade da década de 2020.
Essa tecnologia é a peça central para as metas de eletrificação da empresa. A Honda planeja que 40% de suas vendas globais sejam de VEs e veículos a célula de combustível até 2030, subindo para 80% até 2035 e atingindo 100% até 2040. O sucesso desta bateria não apenas resolverá o “pesadelo da autonomia”, mas poderá acelerar a transição energética e remodelar completamente o mercado automotivo global.