Antes alvo de piadas no Brasil, a Citroën muda sua imagem com apoio da Stellantis, alcança crescimento expressivo e começa a incomodar marcas líderes com SUVs e hatches populares. O mercado acompanha, atento às estratégias e números da francesa.
Durante anos, a Citroën enfrentou resistência entre motoristas brasileiros.
A marca francesa acumulava queixas sobre manutenção complexa, revenda difícil e tecnologia considerada pouco adequada à realidade nacional.
Esse cenário começou a se alterar a partir de 2021, quando a montadora passou a integrar oficialmente o grupo Stellantis.
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Modelos como C3, C4 e Xsara Picasso ficaram conhecidos por relatos de peças caras e falta de assistência técnica qualificada.
Grupos e fóruns online reuniam diversas reclamações, reforçando a ideia de que possuir um Citroën envolvia custos inesperados e limitações no pós-venda.
Citroën e Stellantis: nova estrutura e reputação compartilhada
A mudança ganhou força após a criação da Stellantis, formada pela fusão da PSA Peugeot Citroën com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
Como parte de um dos maiores conglomerados automotivos do mundo, a Citroën passou a compartilhar plataformas, motores, fornecedores e rede de assistência com marcas como Fiat, Jeep e Peugeot.
No podcast Irmãos Dias, o jornalista automotivo Boris Feldman apontou que, com a integração ao grupo, os veículos passaram a adotar componentes e padrões de qualidade semelhantes aos de outras marcas da Stellantis.
Segundo ele, empresas como Bosch, Delco e Santa Marina fornecem peças comuns a diversas montadoras, o que contribui para padronizar a fabricação e facilitar reparos.
A infraestrutura de pós-venda também foi beneficiada.
A Citroën, antes com presença limitada, passou a utilizar as mesmas concessionárias da Fiat e da Peugeot, o que aumentou a capilaridade e reduziu o tempo de espera por serviços e peças.
Carros mais vendidos da Citroën no Brasil em 2025
Dados da Stellantis indicam que, em 2023, a Citroën teve um crescimento de quase 35% nas vendas no Brasil.
Foi a marca com o maior avanço proporcional dentro do grupo.
Em 2025, os três modelos com maior volume de vendas são o Citroën Basalt, o C3 e o C3 Aircross.
O Citroën Basalt lidera os emplacamentos da marca, com cerca de 2 mil unidades mensais.
Trata-se de um SUV compacto com motor 1.0 (aspirado ou turbo), porta-malas de grande capacidade e posição de condução elevada.
Segundo a montadora, o modelo é voltado também para o público PCD e frotistas, segmentos nos quais tem registrado desempenho relevante.
O Citroën C3, produzido em Porto Real (RJ), figura entre os hatches compactos mais vendidos da marca.
Lançado em 2022, o modelo adota motorização 1.0 Firefly ou 1.6 VTi, com versões equipadas com câmbio CVT.
Entre os destaques estão o espaço interno e o custo-benefício, aspectos valorizados no segmento de entrada.
Já o C3 Aircross, classificado como mini‑SUV, oferece opção de cinco ou sete lugares, sendo um dos poucos modelos da categoria com essa configuração.
Utiliza motor turbo também presente em veículos da Fiat, como o Pulse e o Fastback, além de câmbio CVT.
O design, segundo a Citroën, foi pensado para combinar uso urbano e familiar.
Citroën enfrenta Fiat, Jeep, Volkswagen e Toyota no Brasil
Com a expansão da linha e da assistência técnica, a Citroën passou a competir diretamente com marcas já consolidadas no país.
No segmento de hatches compactos, o C3 disputa espaço com modelos como Fiat Argo, Volkswagen Polo e Toyota Yaris.
Entre os SUVs, o Basalt e o C3 Aircross se posicionam ao lado de veículos como Jeep Renegade, Volkswagen Nivus e Toyota Corolla Cross.
A estratégia da Citroën tem se apoiado em preços competitivos, simplificação técnica dos modelos e programas de transparência no pós-venda.
Um exemplo é o “Citroën Confiance”, iniciativa que oferece preços fixos para revisões e peças, com o objetivo de aumentar a previsibilidade dos custos de manutenção.
Próximos passos da Citroën no mercado brasileiro
Segundo planejamento divulgado pela Stellantis, a Citroën deve ampliar sua atuação em segmentos estratégicos, como o de SUVs compactos e veículos elétricos.
A montadora pretende aproveitar plataformas globais do grupo e a estrutura industrial compartilhada para introduzir novos modelos com foco em eficiência, conectividade e acessibilidade.
Com redes ampliadas, portfólio atualizado e posicionamento competitivo, a Citroën vem registrando maior participação no mercado brasileiro.
A consolidação desse movimento dependerá da manutenção do ritmo de crescimento e da percepção do consumidor sobre a evolução dos produtos e serviços oferecidos.
Na sua visão, a Citroën realmente superou seu passado de piadas e pode ser considerada uma ameaça real às gigantes Fiat, Jeep, Volkswagen e Toyota — ou o mercado ainda enxerga a marca como uma aposta arriscada disfarçada de inovação?
Citroen é da Stellantis dona da Fiat, Jeep, RAM etc. Qualquer concorrência, está em casa.