Lecar mira fábrica desativada em Jacareí e projeta investimento bilionário em veículos híbridos flex-elétricos com etanol como diferencial competitivo. Projeto prevê centro de inovação e retomada da produção com dois modelos inéditos no país.
A Lecar, montadora brasileira voltada a veículos de tração elétrica com gerador a combustão, anunciou interesse em assumir a fábrica de Jacareí (SP) que pertenceu à Caoa Chery e está desativada desde 2022.
Essa suposta negociação vem ventilando nas últimas semanas, mas a informação sobre o valor de investimento foi revelada pela coluna Radar Econômico, da revista Veja, nesta quinta-feira (04).
Caso o processo avance, a companhia projeta R$ 600 milhões em investimentos, em parceria com o programa InvestSP, para reativar a unidade e produzir modelos híbridos flex de longa autonomia.
-
ALERTA: A maior bolha da história está se formando? Juros longos a 5%, dívida dos EUA em 120% do PIB e concentração em big techs reacendem medo de uma bolha histórica
-
Trabalhador de R$ 5 mil será o maior beneficiado com nova regra do Imposto de Renda
-
Fim de um era: Andressa Urach encerra atividades do seu supermercado e anuncia liquidação de estoque
-
Após China reunir mais de 50 mil pessoas em desfile militar e exibir arsenal nuclear, qual o impacto para o futuro do Brasil?
Fábrica de Jacareí está parada desde 2022
A unidade de Jacareí segue parada desde a saída da Caoa Chery, há mais de três anos.
Nesse período, a prefeitura estudou alternativas para o destino do espaço e já sinalizou a possibilidade de colocá-lo em leilão, medida que pode abrir caminho para a chegada de um novo fabricante.
O local chama atenção da Lecar por já contar com infraestrutura instalada e localização estratégica no interior paulista, fatores que reduzem o tempo necessário para retomar a produção.
Apesar do interesse, o desfecho ainda depende da definição do poder público sobre a alienação do imóvel e de negociações envolvendo a propriedade atual.
Investimento e contrapartidas anunciadas
Se confirmada a operação, a Lecar promete investir R$ 600 milhões junto com o InvestSP.
Entre as contrapartidas, estão previstas a criação de um Centro de Inovação e Tecnologia e unidades de pesquisa e desenvolvimento dedicadas a engenharia automotiva, desenvolvimento de sistemas, engenharia elétrica, ensaios e testes.
O objetivo é consolidar no país uma base de validação de componentes e sistemas híbridos.
A concretização do aporte, contudo, depende da formalização de termos com a prefeitura, enquadramento de incentivos estaduais e definição de cronogramas para implantação da produção.
Modelos híbridos previstos para produção
A montadora avalia o espaço como adequado para fabricar o Lecar 459 e a picape cabine dupla Campo.
Ambos terão arquitetura híbrido flex-elétrico, na qual a tração é sempre elétrica, enquanto o motor a combustão flex atua apenas como gerador.
Segundo a empresa, a solução garante autonomia de até 1.000 km, eliminando a necessidade de carregamento em tomada.
Além da montagem dos veículos, a operação deve abranger a integração de baterias, calibração de software de gerenciamento de energia e processos de rastreabilidade de componentes, exigências comuns em linhas de híbridos.
Vantagens estratégicas da região
O complexo de Jacareí oferece proximidade com a capital paulista, acesso ao Vale do Paraíba e conexão com centros de engenharia.
A região também dispõe de mão de obra treinada, reflexo da presença anterior da indústria automotiva e de escolas técnicas que abastecem o mercado.
Para a prefeitura, a reativação da fábrica significaria geração de empregos, retomada da arrecadação e fortalecimento da atividade econômica local.
Etanol como diferencial tecnológico
A opção pelo etanol como combustível do gerador flex coloca o projeto em sintonia com a agenda de transição energética.
O recurso, abundante no Brasil, pode reduzir emissões em relação à gasolina e tornar a operação mais competitiva em custos.
A tecnologia híbrida proposta ainda permite independência em relação à rede de recarga pública, um desafio para veículos elétricos puros no país.
Esse desenho exige testes e calibrações específicas, sobretudo no funcionamento do motor em diferentes misturas de etanol e gasolina, bem como no gerenciamento térmico e de durabilidade das baterias.
Etapas necessárias para a retomada da produção
Apesar da sinalização positiva, ainda faltam definições importantes. O município deve formalizar o modelo de leilão ou outra forma de alienação do imóvel.
Em seguida, será preciso detalhar compromissos de produção e contrapartidas da empresa.
A Lecar, por sua vez, terá de validar protótipos, homologar fornecedores e preparar a linha de montagem para iniciar a fabricação seriada.
A expectativa é que, com a solução jurídica encaminhada, a montadora avance na nacionalização de peças e na capacitação de trabalhadores, buscando consolidar uma rede de pós-venda e assistência técnica para seus modelos híbridos.
Impacto para a indústria automotiva
Caso a operação seja confirmada, fornecedores de baterias, sistemas elétricos e eletrônica embarcada podem se beneficiar.
Instituições de ensino e centros de pesquisa regionais também devem ser envolvidos em programas de capacitação.
Além disso, o uso do etanol cria oportunidades de integração com o setor sucroenergético, fortalecendo a ligação entre indústria automotiva e agronegócio.
Com a proposta da Lecar em negociação e o leilão estudado pela prefeitura, o que pesará mais na decisão sobre a retomada da produção em Jacareí: a rapidez do processo administrativo ou a capacidade da montadora de estruturar a operação no curto prazo?
Essa Lecar até agora é só blá-blá-blá!