Projeto de monotrilho planejado para a Copa de 2014 avança e será entregue após mais de uma década, ligando o Aeroporto de Congonhas a pontos estratégicos da zona sul de São Paulo.
Com promessa de revolucionar a mobilidade urbana na zona sul de São Paulo, a Linha 17-Ouro do Monotrilho será inaugurada após doze anos de atraso, conforme anunciou a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) em julho de 2025.
A entrega do projeto está prevista para março de 2026, quando o sistema entrará em operação assistida, com horários e intervalos ajustados para testes iniciais.
Linha 17-Ouro: atraso, investimento e impacto
Projetada originalmente para atender à demanda da Copa do Mundo de 2014, a Linha 17-Ouro era vista como uma solução para conectar rapidamente o Aeroporto de Congonhas ao Estádio do Morumbi.
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A proposta previa que a obra fosse concluída em até três anos, reduzindo o tempo de deslocamento e ampliando as opções de transporte público na capital paulista.
Ao longo do tempo, no entanto, a obra sofreu diversas paralisações e mudanças contratuais, resultando em atrasos e elevação de custos.
Segundo dados do Governo do Estado de São Paulo, as obras foram retomadas em setembro de 2023 e, até julho de 2025, atingiram 83% de execução, considerando os avanços em infraestrutura civil, sistemas e aquisição de trens.
Conexões, capacidade e tecnologia do monotrilho
Com extensão total de 6,7 quilômetros, a linha contará com oito estações distribuídas entre o aeroporto de Congonhas e as conexões com as linhas 5-Lilás (Metro) e 9-Esmeralda (CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
A expectativa é de que cerca de 100 mil passageiros utilizem o novo ramal diariamente, impactando diretamente o trânsito em uma das regiões mais movimentadas da cidade.
Diferente dos metrôs subterrâneos tradicionais, a Linha 17-Ouro utilizará trilhos elevados, característica que permite maior integração visual com a paisagem urbana e ocupa menos espaço no solo.
O modelo adotado, conhecido como monotrilho, permite que os trens operem de forma totalmente automatizada, sem necessidade de condutor.
Essa tecnologia, chamada CBTC (Communications-Based Train Control), possibilita intervalos mais curtos entre os trens e maior eficiência operacional.
Obras, orçamento e avanços recentes
Segundo o Metrô, “os testes com as primeiras composições tiveram início em março de 2025”, marcando uma nova etapa do projeto.
As duas primeiras composições importadas chegaram ao Brasil no início do ano, e, desde então, têm passado por avaliações na via elevada, que inclui um túnel submerso já finalizado, ligando o aeroporto de Congonhas à primeira estação do ramal.
Orçado atualmente em R$ 5,5 bilhões, o projeto passou por uma série de revisões para garantir adequação às normas atuais de segurança e acessibilidade, além de incorporar tecnologias mais avançadas para o controle e a manutenção dos sistemas.
O valor representa um acréscimo significativo em relação ao orçamento original, reflexo dos anos de atraso, das readequações de escopo e do cenário econômico do período.
Efeitos na mobilidade e integração urbana
Especialistas em mobilidade urbana destacam que, além de melhorar a conexão entre zonas estratégicas da cidade, a Linha 17-Ouro deve estimular o desenvolvimento imobiliário e comercial ao longo do trajeto.
A integração direta com o Aeroporto de Congonhas é vista como um diferencial, facilitando o acesso tanto para passageiros quanto para funcionários do terminal, reduzindo a dependência de carros e táxis na região.
Ainda conforme a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, a linha 17-Ouro faz parte de um projeto mais amplo de expansão e modernização do sistema metroferroviário paulistano.
Em paralelo, o governo estadual avança na ampliação das linhas 5-Lilás, 15-Prata e 6-Laranja, além de projetos de integração com ônibus e ciclovias.
Perspectivas da população e desafios enfrentados
Mesmo com o avanço das obras, a população aguarda com expectativa a entrega do monotrilho, já que a mobilidade no entorno do aeroporto é historicamente marcada por congestionamentos e dificuldade de acesso em horários de pico.
“A expectativa é que a linha traga um alívio importante para quem utiliza o aeroporto diariamente”, afirmou um representante da Associação Brasileira de Engenheiros Ferroviários (ABEF), em entrevista recente.
A construção do monotrilho da Copa ilustra os desafios enfrentados por grandes obras de infraestrutura no Brasil, incluindo questões de planejamento, licitação e execução.
Apesar das dificuldades, a retomada dos trabalhos e a proximidade da conclusão reacendem o debate sobre a importância da modernização do transporte público nas grandes cidades.
A pergunta que fica é: com a inauguração do monotrilho da Copa, será que finalmente os paulistanos terão uma solução eficiente para a mobilidade em uma das regiões mais congestionadas de São Paulo? Qual a sua expectativa para o futuro dos transportes urbanos na cidade?