Moçambique firmou um acordo estratégico de US$ 20 bi com a Al Mansour Holding do Qatar — investimento ambicioso em energia, infraestrutura e desenvolvimento social.
Em 26 agosto de 2025, Moçambique entrou para a lista dos países que atraíram a atenção das grandes potências financeiras internacionais. A assinatura de um acordo de US$ 20 bilhões com a Al Mansour Holding do Qatar não foi apenas uma formalidade diplomática, mas um gesto histórico que pode reposicionar o país na rota dos investimentos globais.
O documento foi assinado pelo coordenador executivo do Gabinete de Reformas e Projetos Estratégicos, João Osvaldo Machatine, e pelo Sheikh Mansour Bin Jabor Bin Jassim Al Thani, líder de um dos maiores conglomerados qatarianos.
A cerimônia foi marcada por declarações que exaltaram não apenas os valores envolvidos, mas a parceria estratégica entre África e Oriente Médio, em um momento de redefinição do mapa geopolítico mundial.
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Al Mansour Holding investe em setores-chave: energia, infraestrutura e agricultura em Moçambique
A Al Mansour Holding é descrita como um colosso empresarial do Qatar, com ramificações que vão da energia e petróleo ao turismo e infraestrutura. O acordo de US$ 20 bilhões assinado em Maputo prevê aportes em áreas cruciais para o desenvolvimento de Moçambique:
- Energia: construção de usinas e reforço da rede elétrica para atender às crescentes necessidades da população e das indústrias.
- Infraestrutura: modernização de estradas, portos e ferrovias, fundamentais para transformar o país em corredor logístico do sul da África.
- Agricultura: investimento em irrigação e tecnologia agrícola, com o objetivo de tornar Moçambique referência em produção alimentar.
- Saúde e Educação: construção de hospitais, clínicas e escolas, além de programas de capacitação para jovens.
- Turismo: modernização de aeroportos e incentivo ao setor hoteleiro para atrair viajantes internacionais.
Essa amplitude mostra que o investimento não é apenas um aporte financeiro, mas um plano de transformação nacional.
Qatar aposta em Moçambique após investir bilhões em Zâmbia e Botswana
O acordo com Moçambique se soma a outros dois pacotes bilionários recentemente firmados pela Al Mansour Holding do Qatar: US$ 19 bilhões na Zâmbia e US$ 12 bilhões em Botswana. Esse movimento deixa claro que o Qatar está em plena expansão no continente africano, disputando espaço com gigantes como China, Estados Unidos e União Europeia.
Enquanto Pequim já construiu portos, ferrovias e usinas em mais de 40 países africanos, o Qatar aposta em uma estratégia diferente: construir parcerias políticas de longo prazo, sustentadas por investimentos que ultrapassam a casa dos US$ 50 bilhões em poucos anos.
Para Moçambique, isso significa não apenas dinheiro novo, mas também o prestígio de se tornar prioridade em uma rota de investimentos globais.
Sheikh Mansour Bin Jabor e a visão estratégica
O influente Sheikh Mansour Bin Jabor deixou claro que o pacto não é apenas uma transação financeira. Em suas palavras, trata-se de uma visão conjunta de futuro, baseada em desenvolvimento sustentável, inovação tecnológica e inclusão social.
Ele destacou que “o futuro pertence a nações que conseguem transformar desafios em oportunidades”, e que o objetivo da parceria é permitir que Moçambique não apenas cresça, mas lidere setores estratégicos como energia limpa e agricultura tecnológica.
Essa fala reforça a diplomacia econômica do Qatar, que busca projetar influência global não por meio de poder militar, mas através do uso estratégico de seu capital.
Moçambique entra no mapa dos grandes players globais com acordo de US$ 20 bilhões
Para Moçambique, o acordo é uma virada de página histórica. O país, que enfrenta altos índices de pobreza e desafios estruturais, agora se apresenta como candidato a se tornar um hub logístico e energético da África Austral.
A chegada de US$ 20 bilhões em investimentos estrangeiros representa a possibilidade de acelerar projetos engavetados há décadas, como a expansão da ferrovia de Nacala, a modernização do Porto da Beira e a exploração sustentável das reservas de gás natural em Cabo Delgado.
Além disso, o pacto fortalece a imagem internacional de Moçambique, mostrando que o país pode ser um ponto de equilíbrio entre África, Oriente Médio e mercados globais.
Desafios para Moçambique transformar o acordo com o Qatar em legado
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para os riscos. Projetos dessa magnitude exigem:
- Governança transparente para evitar corrupção e má gestão.
- Monitoramento rigoroso dos recursos para garantir que os bilhões investidos cheguem à população.
- Gestão ambiental para que o crescimento econômico não traga degradação irreversível.
- Capacitação local, evitando que os ganhos fiquem restritos a empresas estrangeiras e não gerem impacto na economia doméstica.
O sucesso dependerá da capacidade do governo moçambicano de administrar o acordo de forma estratégica, transformando o investimento em infraestrutura real e benefícios sociais tangíveis.
O investimento qatariano também tem leitura geopolítica. A África tornou-se palco de uma verdadeira corrida por influência, onde cada país busca aliados que tragam capital, tecnologia e apoio político.
Ao atrair o Qatar, Moçambique envia uma mensagem ao mundo: não depende apenas da China, dos EUA ou da Europa. Essa diversificação fortalece sua soberania e abre espaço para uma diplomacia mais assertiva.
O acordo de US$ 20 bilhões, portanto, não é apenas sobre estradas e usinas — é sobre reposicionar Moçambique no século XXI como protagonista de uma nova ordem multipola