Motoneta elétrica de baixo custo será produzida no Ceará, em uma unidade próxima ao Porto do Pecém, com promessa de gerar empregos, reduzir prazos logísticos e fortalecer a micromobilidade urbana no Nordeste.
Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, deve receber uma unidade de montagem da Duact Motors, fabricante de motonetas elétricas que comercializa modelos a partir de R$ 8.900.
A companhia estuda centralizar no município toda a produção nacional, hoje pulverizada em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e promete gerar até 50 empregos diretos e 150 indiretos quando a operação estiver em curso.
Montagem em Caucaia e plano de centralização
A empresa avalia unificar o processo industrial no Ceará, segundo João Batista, diretor da Duact no Nordeste.
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A nova planta será instalada na região da Catuana, próxima ao Complexo do Pecém, e deve funcionar como base para montagem de todos os modelos vendidos no país.
Enquanto a decisão final não é anunciada, a estratégia em estudo prevê que a estrutura cearense absorva etapas hoje realizadas em outras praças, com ganho de escala e simplificação logística.
Logística via Pecém e prazos de entrega
O Porto do Pecém é um dos principais atrativos do projeto.
De acordo com a companhia, a importação de componentes pelo terminal cearense pode reduzir o tempo de entrega em até 18 dias na comparação com o trajeto via Itajaí, em Santa Catarina.
A proximidade entre porto e futura linha de montagem também é apontada como fator para diminuir custos operacionais e acelerar o abastecimento da rede.
Empregos e cronograma de obras
A Prefeitura de Caucaia informa que a expectativa é iniciar as obras da unidade até o fim de 2025.
A projeção de geração de empregos considera vagas na cadeia direta e indireta, como logística, fornecedores e serviços.
O volume de investimento ainda não foi fechado e dependerá de tratativas com o Governo do Ceará para concessão de incentivos fiscais voltados à industrialização e à instalação no município.
Negociação tributária e frete de retorno
A Duact busca um arranjo tributário competitivo para viabilizar a centralização no Estado.
“Vamos ter uma redução do ICMS e tentar equiparar ao estado de Santa Catarina, que hoje é bem reduzido.
Também vamos ter uma vantagem no que a gente chama de frete de retorno.
O frete do Ceará para o sul é mais barato do que vindo de Santa Catarina para o Ceará”, afirma João Batista.
Segundo ele, a combinação de incentivos e logística poderá tornar a operação no Nordeste mais eficiente do que a atual configuração distribuída.
O que é a motoneta elétrica e onde ela circula
As scooters elétricas, também chamadas de motonetas, se enquadram na categoria de autopropelidos.
Pela legislação de trânsito, não há exigência de CNH, nem de registro, licenciamento ou emplacamento, desde que atendam aos requisitos previstos para esse tipo de equipamento.
A velocidade é limitada a 32 km/h, e os veículos devem possuir indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna e retrovisor para circulação regular em vias autorizadas.
Autonomia, baterias e proposta de uso
A Duact informa que seus modelos alcançam até 90 km de autonomia, com três opções de bateria disponíveis.
A marca posiciona as motonetas como soluções de micromobilidade para trechos curtos e deslocamentos urbanos, a exemplo de patinetes.
João Batista ressalta que o público-alvo inclui trabalhadores que vivem a poucos quilômetros do emprego e consumidores que realizam tarefas cotidianas nas proximidades.
“É um veículo que vai atender aquele funcionário que trabalha a uns 12 quilômetros de casa, vai fazer uma compra em um mercado perto, e que geralmente vai de ônibus”, diz o executivo.
Nacionalização de componentes e próxima etapa
Um dos estudos em curso trata da nacionalização de partes do produto.
Hoje, pneus e baterias já são fornecidos por fabricantes instalados no Brasil, enquanto o restante das peças segue importado.
O plano analisado pela Duact prevê que a unidade de Caucaia, inicialmente voltada à montagem, possa evoluir para uma fábrica com maior índice de conteúdo local, reduzindo dependência externa e fortalecendo a cadeia de suprimentos regional.
Formação de mão de obra e parceria educacional
A administração municipal e a empresa firmaram entendimento para priorizar a mão de obra local na futura operação.
Segundo Deuzinho Filho, secretário de Desenvolvimento Econômico de Caucaia, há um termo de compromisso com o Instituto Federal do Ceará (IFCE) para capacitar trabalhadores em funções ligadas à montagem e à manutenção de veículos elétricos.
A medida busca adequar a qualificação às demandas industriais e ampliar as oportunidades para moradores da cidade.
Perspectiva de polo automotivo e de micromobilidade
A instalação da Duact é tratada como o primeiro passo para formar um polo de micromobilidade e automotivo no município.
A secretaria projeta atrair outras montadoras e fabricantes de motocicletas e triciclos, aproveitando o adensamento produtivo, a infraestrutura logística e a oferta de mão de obra treinada.
A ideia é que fornecedores de componentes e serviços se somem ao ecossistema, elevando a competitividade da região e consolidando o Ceará no mapa da mobilidade elétrica leve.
Impacto local e próximos anúncios
Enquanto a definição do pacote de incentivos avança, a prefeitura e a companhia tratam de questões operacionais, como licenças, layout da planta e cronograma de implementação.
A localização na Catuana facilita a integração com o Complexo do Pecém, potencializando sinergias com terminais, armazéns e operadores logísticos.
Além da geração de empregos, a cadeia deve movimentar transportadores, oficinas e comércios especializados, ampliando o efeito econômico no entorno.
Inovação gradual e possíveis novos produtos
A Duact, focada hoje em motonetas de perfil urbano, não descarta atuar no segmento de motos elétricas no futuro, mas condiciona qualquer expansão ao desempenho do mercado e ao amadurecimento da base industrial.
Por ora, a prioridade está em consolidar a montagem regional, assegurar o fornecimento de peças e ajustar a rede de vendas e assistência, pilares vistos como determinantes para manter preço de entrada em R$ 8.900 e autonomia declarada de 90 km.
O fortalecimento da micromobilidade com uma linha de montagem no Ceará, preços de entrada acessíveis e regras claras de circulação pode alterar a rotina de deslocamentos curtos nas cidades; você usaria uma motoneta elétrica limitada a 32 km/h para substituir parte do seu trajeto diário?