Após uma década de mistério, os cientistas finalmente explicaram os barulhos assustadores que vinham da Fossa das Marianas. Descubra o que está por trás desses sons enigmáticos!
Após uma década de mistério, os cientistas finalmente identificaram a origem dos sons assustadores vindos da Fossa das Marianas, o ponto mais profundo do oceano. Esses sons, descritos como “biotwang“, têm um tom estranho e futurista, reminiscentes de naves espaciais em filmes de ficção científica.
A fonte desses sons, ao que parece, são as baleias de Bryde (Balaenoptera edeni), cujos chamados enigmáticos foram confundidos com fenômenos inexplicáveis até agora.
A detecção inicial dos sons na Fossa das Marianas
Os primeiros registros desses sons incomuns datam de 2014, quando pesquisadores utilizaram planadores subaquáticos para conduzir um estudo acústico da Fossa das Marianas. Localizada a mais de 2.400 quilômetros ao sul do Japão, a fossa atinge impressionantes 10.935 metros de profundidade, um ambiente misterioso e pouco explorado.
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Os cientistas logo ficaram intrigados com os ruídos, que inicialmente pareciam incomuns até mesmo para os padrões dos oceanos.
O biotwang, como os pesquisadores o apelidaram, é composto por duas partes distintas. Primeiro, um som grave e reverberante ecoa pelas profundezas, seguido por um som agudo, quase metálico.
Para muitos, essa combinação remetia diretamente aos sons que associamos a naves espaciais em franquias como Star Trek e Star Wars.
A investigação e a suposição inicial
Em 2016, os pesquisadores suspeitaram pela primeira vez que esses ruídos poderiam estar relacionados aos chamados de grandes baleias de barbatanas, como as baleias-azuis (Balaenoptera musculus) ou as jubartes (Megaptera novaeangliae). Contudo, não conseguiram encontrar uma correspondência exata entre os sons registrados e qualquer um dos conhecidos chamados dessas espécies.
A incerteza manteve-se até 2023, quando novas ferramentas de inteligência artificial (IA) revolucionaram o estudo acústico do fundo do oceano. Com a IA, os pesquisadores conseguiram analisar mais de 200.000 horas de gravações de áudio capturadas na Fossa das Marianas. Ao final dessa análise exaustiva, a verdadeira fonte dos misteriosos sons foi revelada: as baleias de Bryde.
A revelação: Baleias de Bryde e o “Marco Polo” Submarino
O ponto de virada na pesquisa aconteceu quando cientistas avistaram dez baleias de Bryde nadando próximas às Ilhas Marianas e registraram nove delas emitindo os sons característicos do biotwang. Ann Allen, oceanógrafa e principal autora do estudo, comentou: “Uma vez é uma coincidência. Duas vezes é um acaso. Nove vezes, é definitivamente uma baleia de Bryde“.
Essa repetição não apenas eliminou as dúvidas, mas também confirmou que essa população específica de baleias era responsável pelos sons.
Os pesquisadores então compararam a ocorrência dos ruídos com os padrões migratórios da espécie, estabelecendo uma relação clara entre o biotwang e a presença das baleias na região. A tecnologia de IA permitiu acelerar o processo, transformando o biotwang em espectrogramas, imagens visuais dos sons, que podiam ser facilmente reconhecidas por algoritmos de aprendizado de máquina.
O Futuro da Pesquisa
Embora o estudo tenha solucionado o mistério de quem faz os ruídos, ainda restam perguntas a serem respondidas, especialmente no que diz respeito ao propósito do biotwang. Uma teoria sugerida pelos pesquisadores é que esses chamados funcionam como uma espécie de “jogo de Marco Polo” submarino, onde as baleias usam os sons para se localizarem em vastos espaços oceânicos.
No entanto, mais pesquisas serão necessárias para entender completamente a função exata desses ruídos no comportamento das baleias de Bryde.
O estudo também mostrou que o biotwang é um fenômeno localizado, sendo ouvido apenas no noroeste do Pacífico, embora as baleias de Bryde tenham uma distribuição muito mais ampla.
Acredita-se que apenas uma população específica dessas baleias esteja envolvida na produção desse som único, o que levanta mais perguntas sobre as variações comportamentais entre diferentes populações da mesma espécie.