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Mistério resolvido após 500 milhões de anos: cientistas explicam a anomalia magnética que fez a Terra parecer girar fora de controle no período Ediacarano

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 03/11/2025 às 13:48
Cientistas da Universidade de Yale explicam anomalia magnética de 500 milhões de anos e revelam que o campo da Terra era extremamente instável
Cientistas da Universidade de Yale explicam anomalia magnética de 500 milhões de anos e revelam que o campo da Terra era extremamente instável
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Rochas vulcânicas do Anti-Atlas, no Marrocos, ajudaram cientistas da Universidade de Yale a resolver um mistério geológico de meio bilhão de anos, mostrando que o caos vinha do campo magnético da Terra, e não dos continentes

Durante mais de meio bilhão de anos, um dos maiores enigmas da geologia intrigou os cientistas: registros magnéticos nas rochas que pareciam contrariar todas as leis conhecidas da tectônica de placas. Agora, uma equipe internacional liderada pela Universidade de Yale afirma ter decifrado o mistério.

A resposta, ao que tudo indica, está no comportamento do próprio campo magnético da Terra, e não nos movimentos dos continentes.

Mistério do período Ediacarano

As assinaturas magnéticas preservadas nas rochas revelam como o campo magnético terrestre mudou e como os continentes se deslocaram ao longo do tempo.

No entanto, o registro geológico do período Ediacarano — entre 630 e 540 milhões de anos atrás — sempre mostrou variações extremas e aparentemente caóticas, como se os continentes estivessem se movendo em velocidade anormal pela superfície do planeta.

Para esclarecer essas anomalias, os pesquisadores analisaram detalhadamente rochas vulcânicas da região montanhosa do Anti-Atlas, no Marrocos.

Essa análise, feita camada por camada, permitiu determinar com maior precisão as posições e as datas das variações do campo magnético. O resultado surpreendeu: as mudanças ocorreram em poucos milhares de anos — um intervalo muito menor do que o estimado anteriormente.

Um campo magnético errático

Os dados indicam que o fenômeno não decorreu de movimentos incomuns das placas tectônicas, mas de um campo magnético extremamente instável. “Estamos propondo um novo modelo para o campo magnético da Terra que encontra estrutura em sua variabilidade, em vez de simplesmente descartá-lo como um caos aleatório”, explicou o geólogo David Evans, da Universidade de Yale.

A equipe desenvolveu um novo método estatístico de análise paleomagnética, que pode ser essencial para produzir mapas mais precisos dos continentes e oceanos do período Ediacarano.

Com isso, teorias anteriores — como a hipótese de uma “verdadeira deriva polar”, na qual toda a crosta e o manto da Terra se moveriam enquanto os polos permaneceriam fixos — foram descartadas.

Formação do núcleo e instabilidade magnética

Comparando as amostras vulcânicas com rochas sedimentares formadas ao longo de períodos mais longos, os pesquisadores constataram que as posições médias dos polos magnéticos permaneceram relativamente estáveis.

Essa constatação reforça a hipótese de que o campo magnético da Terra, e não os continentes, era o elemento em constante mudança.

A origem dessa instabilidade pode estar na formação contínua do núcleo terrestre, que ainda estava em evolução durante o Ediacarano.

O processo teria causado flutuações intensas no campo magnético, resultando no comportamento errático registrado nas rochas.

Um novo olhar sobre a história da Terra

Os resultados obtidos representam o modelo mais preciso já proposto para o comportamento do campo magnético durante o Ediacarano.

Além de solucionar um mistério geológico de longa data, a pesquisa abre caminho para novas interpretações sobre a história do planeta.

Segundo Evans, se o novo método estatístico se mostrar consistente, ele poderá preencher lacunas entre diferentes eras geológicas, oferecendo uma visão contínua da tectônica de placas ao longo de bilhões de anos.

O estudo também reforça o papel crucial do registro geológico na compreensão da evolução terrestre. As rochas não apenas registram os movimentos das placas, mas também revelam quando o planeta foi atingido por asteroides e como surgiram as primeiras formas de vida complexas.

Durante o Ediacarano, essas formas de vida começaram a aparecer, e agora, graças às novas evidências, sabemos que o que parecia um comportamento “estranho” dos continentes era, na verdade, uma fase caótica do campo magnético da Terra.

A pesquisa completa foi publicada na revista Science Advances.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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