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Mistério no Mar Vermelho: ataques forçam navios a desviar para a África, mas cargueiros chineses seguem tranquilos pela rota

Publicado em 16/08/2025 às 16:12
Navios, Mar Vermelho, Cargueiros chineses
Imagem representativa: IA
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Carros chineses cruzam o mar Vermelho sem incidentes, garantem economia milionária no transporte e reforçam a disputa contra montadoras japonesas, coreanas e europeias

Desde o fim de 2023, atravessar o mar Vermelho e o canal de Suez se tornou um risco enorme. A milícia houthi do Iêmen, apoiada pelo Irã, tem atacado e até afundado navios comerciais. O alvo principal são embarcações ligadas direta ou indiretamente a Israel. Isso obrigou milhares de navios a desviar para o cabo da Boa Esperança, rota bem mais longa e cara.

O mais importante é que esse cenário gerou custos adicionais de milhões e atrasos significativos. Porém, desde o verão no Hemisfério Norte, uma exceção chamou atenção: navios carregados apenas com carros chineses estão cruzando a área sem qualquer incidente.

Nenhum ataque, nenhum desvio, nada. A coincidência, neste caso, parece improvável.

Economia bilionária na rota curta

Cruzar pelo canal de Suez é um atalho valioso. A diferença chega a 14 ou 18 dias a menos de viagem. Além disso, o custo por carro transportado cai em várias centenas de dólares.

Em um navio com capacidade para 5.000 veículos, a economia representa milhões de dólares. O benefício também inclui menos emissões de poluentes e menor desgaste da frota.

Portanto, não surpreende que recuperar a rota seja prioridade para fabricantes como a BYD e a SAIC Motor.

Dados da Lloyd’s List Intelligence mostram que, apenas em junho e julho, pelo menos 14 navios partiram da China rumo à Europa pelo mar Vermelho.

Todos estavam carregados com automóveis chineses. Enquanto isso, companhias do Japão, Coreia e Europa continuaram evitando a região.

Sinal de acordo tácito?

Nem a China, nem o Irã, nem os houthis confirmam qualquer pacto. Porém, os fatos levantam suspeitas. O Irã depende fortemente da China como comprador de petróleo, já que quase toda a produção é destinada a Pequim.

Essa relação corresponde a cerca de 6% da economia iraniana. A influência chinesa, portanto, é significativa.

Analistas como Daniel Nash, da Veson Nautical, acreditam que os houthis podem ter recebido ordens para não atacar embarcações com carros chineses.

Até navios de bandeira estrangeira, mas com carga de automóveis fabricados na China, cruzaram a zona em segurança. Curiosamente, outras embarcações chinesas sem essa carga ainda evitam o mar Vermelho.

Disputa no mercado europeu

Na Europa, a presença dos veículos chineses cresce rápido. Em abril, eles já representavam quase 5% das vendas, o dobro de 2023. A S&P Global projeta que essa fatia pode alcançar 10% até 2034.

Como resposta, a União Europeia impôs tarifas de até 35% sobre carros com subsídios estatais chineses. Isso obriga as montadoras da China a buscar alternativas para manter preços atrativos.

Recuperar a rota do mar Vermelho é uma dessas estratégias. As economias logísticas podem suavizar o peso das tarifas.

Além disso, reforçam a posição competitiva frente a japoneses, coreanos e europeus, que continuam arcando com os altos custos do desvio africano.

Enquanto uns param, a China avança

A diferença é clara. Empresas como Tesla, Volvo, Suzuki e Michelin enfrentaram paralisações na Europa por atrasos logísticos ligados ao mar Vermelho.

Algumas fábricas precisaram interromper linhas de produção por dias ou semanas.

Enquanto isso, a indústria naval chinesa entrega novos navios Ro-Ro gigantescos para a BYD e a SAIC. Cada embarcação pode levar pelo menos 5.000 veículos, distribuídos em vários conveses.

Avaliadas em mais de 100 milhões de dólares por viagem, essas cidades flutuantes foram projetadas para cruzar exatamente por essa rota estratégica.

Com informações de Xataka.

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Romário Pereira de Carvalho

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