Descoberta inédita de urânio em grande profundidade no deserto chinês revela avanços tecnológicos, amplia reservas estratégicas e promete mudar o cenário da energia nuclear global.
A China anunciou uma descoberta que surpreendeu a comunidade científica internacional: uma jazida de urânio localizada a 1.820 metros de profundidade no coração do deserto de Xinjiang, dentro da Bacia do Tarim, noroeste do país.
A informação foi confirmada por meio de comunicado oficial da China National Nuclear Corporation (CNNC), empresa estatal responsável pela operação, que classificou o feito como a “descoberta mais profunda de urânio do tipo arenito com valor industrial já registrada no mundo”.
A localização desse depósito mineral, em uma área remota e desabitada, representa um marco para a exploração global de urânio, recurso fundamental para a geração de energia nuclear.
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Segundo a CNNC, a exploração em camadas geológicas tão profundas e em ambiente desértico inóspito preenche uma lacuna histórica no setor, uma vez que os principais depósitos mundiais deste elemento costumam ser encontrados em profundidades significativamente menores e em áreas mais acessíveis.
A confirmação do urânio a essa profundidade foi possível graças ao emprego de tecnologias avançadas de mapeamento geológico.
Imagens de satélite de alta resolução, levantamentos aéreos detalhados e perfuração de precisão permitiram mapear as camadas subterrâneas do deserto, facilitando a identificação do local exato para as operações.
O uso dessas ferramentas digitais foi destacado pela própria CNNC, que afirmou ter criado um sistema “integrado, ecológico e eficiente” para a prospecção do urânio em regiões desérticas — um modelo que pode transformar os métodos tradicionais adotados em outras partes do mundo.
De acordo com o Instituto de Pesquisa em Geologia do Urânio de Pequim, que participou diretamente das análises e operações, a equipe envolvida desenvolveu um novo modelo de previsão para detectar urânio em áreas anteriormente consideradas inexploráveis.
O processo envolveu uma combinação inédita de técnicas, tanto no campo da prospecção quanto na perfuração em formações geológicas complexas.
A estatal chinesa considera a descoberta como “pioneira” não apenas pelo ineditismo da localização e profundidade, mas também pela abordagem científica utilizada.
Urânio no deserto da China: demanda energética e autossuficiência
A busca por urânio em níveis cada vez mais profundos atende à crescente demanda do país asiático por fontes seguras e abundantes de combustível nuclear.
A energia nuclear é peça-chave no plano nacional chinês para diversificação da matriz energética e redução da dependência de combustíveis fósseis.
Dados oficiais mostram que a China, atualmente terceira maior produtora de energia nuclear do mundo, tem acelerado projetos para construção de novas usinas e investido fortemente em pesquisas para garantir autossuficiência no fornecimento de matérias-primas estratégicas.
A descoberta de urânio em Xinjiang representa um passo fundamental nesse contexto, pois amplia as reservas nacionais do mineral e reduz a necessidade de importação.
O governo chinês já declarou intenção de dobrar sua capacidade instalada de energia nuclear até 2030, e a nova jazida de urânio surge como elemento central dessa estratégia.
Além do benefício energético, o avanço tecnológico chinês em exploração mineral coloca o país na vanguarda do setor, gerando expectativas em mercados internacionais sobre possíveis parcerias e transferências de tecnologia.
Tecnologias avançadas e inovação na prospecção
O projeto no deserto de Xinjiang só foi viável graças ao uso integrado de tecnologias de sensoriamento remoto, inteligência artificial aplicada à análise geológica e equipamentos de perfuração capazes de operar em condições extremas de temperatura e pressão.
O desenvolvimento dessas soluções foi liderado por equipes multidisciplinares do Instituto de Pesquisa em Geologia do Urânio de Pequim e da CNNC, que também elaboraram protocolos ambientais para minimizar impactos na região.
Especialistas destacam que a prospecção de urânio em áreas desérticas representa um desafio particular.
As camadas de arenito profundas, geralmente pobres em minerais, tornam a detecção e extração complexas e custosas.
A abordagem chinesa, que combinou análise preditiva de dados e operações mecanizadas de alta precisão, pode servir de referência para outros países com áreas de difícil acesso e demanda crescente por energia limpa.