A energia nuclear é chave para a soberania do Brasil e a transição energética, segundo o Ministro de Minas e Energia
A discussão sobre energia nuclear voltou ao centro do debate energético brasileiro. O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou nesta sexta-feira (5) que a expansão do setor nuclear é essencial para garantir a soberania do Brasil e apoiar a transição energética do país rumo a fontes mais limpas e seguras.
As declarações foram feitas durante a posse dos diretores da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), Alesandro Facure, Ailton Fernando Dias e Lorena Pozzo.
Com a crescente demanda por energia e o compromisso do Brasil com metas de descarbonização, o debate sobre a energia nuclear se torna estratégico tanto do ponto de vista econômico quanto geopolítico.
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Energia nuclear como base para a segurança energética
A energia nuclear representa uma das fontes mais estáveis e confiáveis de eletricidade no mundo. No Brasil, já existem duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e Angra 2, com Angra 3 em fase de conclusão. Juntas, essas usinas fornecem aproximadamente 3% da energia elétrica do país, segundo dados do Balanço Energético Nacional (BEN) 2024.
Silveira destaca que, para fortalecer a soberania do Brasil, é fundamental expandir a capacidade nuclear nacional, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis importados e garantindo energia em momentos de crise hídrica. A energia nuclear oferece estabilidade e previsibilidade na geração elétrica, especialmente em períodos de baixa produção de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica.
Além disso, o potencial da energia nuclear permite que o país planeje sua matriz elétrica de forma estratégica, evitando riscos de apagões e flutuações nos preços da energia. O fortalecimento do setor nuclear não é apenas uma questão de tecnologia, mas também de autonomia nacional frente a desafios globais.
Papel da transição energética no Brasil
A transição energética no Brasil busca equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental. O país possui potencial elevado para energia renovável, sendo líder mundial em geração hidrelétrica e com investimentos crescentes em solar e eólica. Contudo, essas fontes apresentam variabilidade na produção, tornando a energia nuclear uma alternativa estratégica para manter a estabilidade do sistema elétrico.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil precisa diversificar a matriz elétrica para reduzir riscos de apagões e apoiar o crescimento industrial. A integração da energia nuclear nesse processo garante um mix energético mais seguro, eficiente e sustentável, apoiando metas de neutralidade de carbono previstas para 2050.
Silveira reforça que o país não pode depender exclusivamente de fontes intermitentes. A energia nuclear complementa hidrelétricas, solar e eólica, garantindo fornecimento contínuo, especialmente em regiões com alta demanda energética.
Políticas públicas e regulamentação para impulsionar a energia nuclear
O ministro destaca que a expansão da energia nuclear no Brasil depende de políticas públicas eficazes e de uma regulamentação clara. O desenvolvimento do setor requer investimentos governamentais estratégicos, aprovação rápida de projetos e incentivos para pesquisa e inovação tecnológica.
Segundo o ministro, a criação de normas de segurança modernas e eficientes é essencial para atrair investidores e garantir que os projetos nucleares sejam concluídos dentro do prazo e do orçamento previsto. Além disso, ele reforça que o fortalecimento de órgãos reguladores e a fiscalização rigorosa são fundamentais para aumentar a confiança da população e consolidar a energia nuclear como pilar da soberania do Brasil.
Essa abordagem integrada de políticas públicas, tecnologia e regulação garante que a transição energética brasileira seja planejada de forma segura e sustentável, alinhada às metas de crescimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Soberania do Brasil e geopolítica energética
A soberania do Brasil também depende da autonomia energética. Países que investem em energia nuclear conseguem reduzir vulnerabilidades em relação a crises externas, flutuações de preços de combustíveis fósseis e pressões geopolíticas.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA, 2023), nações com infraestrutura nuclear robusta apresentam maior segurança energética e menores riscos de interrupção na geração elétrica. Para o Brasil, ampliar a capacidade nuclear é essencial não apenas para o abastecimento interno, mas também para fortalecer a posição do país em acordos internacionais de energia.
Além disso, a energia nuclear posiciona o Brasil de forma estratégica na América Latina, permitindo competitividade em setores industriais intensivos em energia, como siderurgia, química e tecnologia avançada. Silveira enfatiza que esse fortalecimento energético reflete diretamente na capacidade do país de tomar decisões soberanas em nível internacional.
Investimentos e expansão do setor nuclear
O governo brasileiro planeja investimentos significativos em infraestrutura nuclear. O projeto de conclusão de Angra 3, orçado em cerca de R$ 13 bilhões, é considerado estratégico para aumentar a produção elétrica e reduzir o déficit energético nos próximos anos.
Universidades e centros de pesquisa têm desenvolvido tecnologias nucleares avançadas, como reatores de quarta geração e pequenos reatores modulares, que prometem maior segurança e menor geração de resíduos. Tais iniciativas fortalecem a inovação tecnológica e capacitam o Brasil a se posicionar como referência regional em energia nuclear.
O investimento em capacitação profissional também é um ponto central. A expansão do setor exige engenheiros, técnicos e pesquisadores qualificados, e programas de formação específicos já estão sendo implementados para suprir essa demanda.
Energia nuclear e sustentabilidade ambiental
Apesar de preocupações com resíduos radioativos, a energia nuclear possui baixo impacto ambiental comparado a combustíveis fósseis. Cada megawatt-hora (MWh) gerado por energia nuclear emite, em média, aproximadamente 12 gramas de CO₂, enquanto o carvão gera cerca de 820 gramas por MWh, segundo estudo do World Nuclear Association (2023).
Silveira enfatiza que a energia nuclear, aliada a outras fontes limpas, pode ser determinante para que o Brasil atinja suas metas climáticas, mantendo equilíbrio entre crescimento econômico e proteção ambiental. Além disso, a pesquisa em armazenamento seguro de resíduos e em reatores mais eficientes garante que a tecnologia seja cada vez mais sustentável.
A adoção da energia nuclear no país contribui para reduzir emissões de gases de efeito estufa, essencial para que o Brasil cumpra acordos internacionais, como o Acordo de Paris, sem comprometer o desenvolvimento industrial.