Cinco altas consecutivas refletem otimismo com plano hidrelétrico de US$170 bilhões anunciado por Pequim em julho de 2025
O minério de ferro voltou ao centro das atenções com uma sequência de cinco sessões consecutivas de valorização, encerradas na terça-feira, 16 de julho de 2025, nas bolsas asiáticas. Esse movimento de alta foi diretamente impulsionado pelo anúncio de um megaprojeto hidrelétrico de US$170 bilhões revelado pelo governo chinês no início do mês, com o objetivo de reaquecer sua economia.
A proposta ambiciosa de Pequim, além de visar o crescimento econômico, fortaleceu o sentimento de recuperação no setor industrial, afetando diretamente a demanda por aço e, por consequência, o preço do minério de ferro.
Ganhos expressivos em Dalian e Cingapura reforçam otimismo
Os principais contratos futuros do minério de ferro apresentaram os seguintes resultados:
-
Setor mineral prepara ofensiva bilionária: Brasil terá R$ 350 bilhões em investimentos até 2029 em ferro, lítio e terras raras — e pode virar potência geopolítica estratégica contra China e EUA
-
Vale do Lítio promete mais de 19 mil empregos diretos e indiretos com R$ 6 bilhões em investimentos — e Brasil entra de vez no mapa global dos minerais estratégicos
-
Família Batista paga R$ 146 milhões por única mina de potássio em operação no Brasil e assume US$ 22 milhões em obrigações
-
Cidade do interior do Ceará pode esconder a maior reserva de ‘ouro azul’ do Brasil, mineral estratégico para carros elétricos, aviação moderna, drones e até celulares
- Na Bolsa de Dalian, o contrato mais negociado para setembro subiu 2,49%, encerrando o dia em 823 iuanes por tonelada, equivalentes a US$114,72.
- Na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência para agosto avançou 1,61%, sendo cotado a US$105,15 por tonelada.
Esses resultados consolidam a recuperação do minério em julho, mês marcado por forte movimentação de estímulos governamentais e reorganização estratégica no setor siderúrgico da China.
Reação do mercado global ao plano de estímulo
Segundo o banco ANZ, que divulgou relatório técnico no dia 16 de julho, o anúncio do projeto hidrelétrico de US$170 bilhões gerou um impulso significativo para o minério de ferro ao alimentar expectativas de reaceleração econômica e maior demanda por aço.
Além disso, analistas do setor apontam que a China sinaliza um retorno às estratégias tradicionais de estímulo fiscal, como grandes investimentos em infraestrutura. Esse reposicionamento fortalece a indústria e dá fôlego à retomada industrial, estimulando diretamente a cadeia do minério de ferro.
Concorrência involutiva segue como desafio interno
Ao mesmo tempo, a consultoria Mysteel, especializada na indústria do aço, apontou que a China tem intensificado esforços para conter a chamada concorrência involutiva. Esse termo descreve a prática de redução agressiva de preços entre fabricantes que competem para eliminar excedentes de produção.
Esse cenário tem levado à guerra de preços em diversos setores industriais chineses, o que compromete a estabilidade de mercado. Como resposta, o governo busca reequilibrar a estrutura produtiva do aço, limitando a capacidade ociosa e promovendo cortes coordenados na produção.
Exportações de aço semiacabado ganham protagonismo
Enquanto ajusta o mercado interno, a China tem apostado em exportações de tarugos de aço semiacabado, que não enfrentam as mesmas barreiras comerciais dos produtos finais. Essa estratégia inteligente tem permitido manter as siderúrgicas operando em ritmo acelerado, evitando acúmulo de estoque.
Segundo analistas da Mysteel, essa tática impulsionou um crescimento expressivo nas exportações chinesas de aço em julho, consolidando a posição do país como maior produtor e exportador do mundo nesse segmento.
Cenário positivo reforça projeções para o segundo semestre
Especialistas ouvidos por agências como Reuters e Bloomberg, em reportagens publicadas em 17 de julho de 2025, avaliam que a tendência de valorização deve se manter. Isso porque o conjunto de estímulos econômicos, reorganização da capacidade produtiva e crescimento das exportações reforça um ciclo virtuoso de demanda por minério de ferro.
Ainda assim, eles alertam para possíveis instabilidades globais que podem interferir nesse quadro, como flutuações na demanda internacional ou decisões de política monetária que alterem os fluxos comerciais.
Destaques do movimento recente no setor
- Minério de ferro acumula cinco sessões de alta até 16 de julho de 2025
- China anuncia projeto hidrelétrico de US$170 bilhões para impulsionar economia
- Bolsa de Dalian registra valorização de 2,49%; contrato atinge US$114,72 por tonelada
- Bolsa de Cingapura aponta avanço de 1,61%; tonelada chega a US$105,15
- Expectativas de estímulos fiscais tradicionais reacendem demanda por aço
- Exportações de aço semiacabado aumentam diante de menores restrições comerciais
Repercussão global e impacto estratégico
A China, ao apostar em infraestrutura e reorganização industrial, reacende o papel estratégico do minério de ferro no cenário global. Essa movimentação não apenas aquece o mercado, mas também gera repercussões em economias dependentes da exportação da commodity, como Austrália e Brasil.
Para analistas do setor, o comportamento da China em julho representa um divisor de águas para o segundo semestre, tanto em termos comerciais quanto geopolíticos.
O que o futuro reserva para o minério de ferro?
A valorização do minério de ferro em julho de 2025 sugere uma retomada de ciclo positivo no setor siderúrgico mundial. Contudo, o sucesso dessa trajetória dependerá da capacidade da China de equilibrar estímulo econômico com controle ambiental e estabilidade produtiva.
Enquanto isso, exportadores e investidores acompanham de perto os desdobramentos do projeto hidrelétrico chinês e as possíveis novas medidas fiscais que poderão ser anunciadas até o fim do trimestre.
Qual deve ser a prioridade da China a partir de agora: manter o ritmo acelerado de estímulo ou evitar os riscos do superaquecimento e descontrole ambiental?